Capítulo Vinte e Sete

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— Seu pai está repousando. O médico ainda não deu nenhuma notícia.

Mamãe esfregou as mãos, nervosa. Estávamos no corredor do hospital, esperando pela reposta do médico que tinha alguns exames do papai. E graças à Micael, estávamos tendo um suporte excelente pois não tínhamos convênio médico.

— Micael. — Mamãe o chamou, chegando perto dele. — Obrigada por estar nos ajudando, depois de tudo. — Segurou em suas mãos.

— Estou aflito para saber se ele irá morrer! — Soltou um risinho meia-boca. Mamãe arregalou os olhos. — É brincadeira, eu preciso acabar com o meu humor negro. — Coçou o maxilar.

— Bom, eu vou tomar um café na recepção. — Mamãe segurou na alça da bolsa e saiu andando pelo corredor, indo até à recepção. Micael deu dois passos em minha direção, chegando perto.

— Você está bem? — Alisou o meu ombro.

— Mais ou menos. — Fiquei em transe, lembrando de tudo. — Se acontecer algo com ele eu jamais vou me perdoar.

— Se acontecer algo com ele eu sou uma pessoa totalmente fodida. — Rolou os olhos. — Fui eu quem armei o circo todo!

— Mas eu não sabia que o papai iria passar mal com um empurrãozinho.

— O seu pai já é velho, velhos passam mal até com um vento. — Deu de ombros.

Fuzilei o olhar para ele, que não entendeu.

— É sério? — Fiquei brava.

— O que é sério?

— Você vai ficar debochando da saúde do meu pai até quando? — Cruzei os meus braços.

— Não estou debochando. — Micael levantou o indicador, tentando se explicar. — Só estou dizendo que ele não aguentou o calor do momento. Foi demais para ele. — Voltou a não se ligar naquele assunto.

Tentei espairecer todo o deboche de Micael mas fui surpreendida pelo homem da mesma altura que ele, de jaleco, com uma prancheta em mãos.
Veio de encontro até nós, onde consegui me preparar para alguma notícia.

— Parentes do senhor. — Franziu o cenho para ler a ficha. — Joseph Abrahão? — Voltou a me olhar, esperando uma resposta.

— Ele está bem, doutor? — Tive alguma esperança.

— Sim, aparentemente sim. — Assentiu. — Nós fizemos todos os exames e encontramos um Bloqueio Atrioventricular, por isso o desmaio. — Eu não havia entendido nada.

— O que isso quer dizer? — Fiquei bem confusa.

— Isso quer dizer que ele precisa de um marca-passo no coração, urgente! — O médico em nossa frente nos observou, em silêncio.

— Marca-passo? — Eu não estava entendendo mas ainda sim fiquei apavorada. — O senhor pode me explicar, por favor?

— O marca-passo é um dispositivo que monitora os batimentos cardíacos do paciente, geralmente é para quem sofre de insuficiência cardíaca. — Explicou. — Joseph é o seu pai?

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