Capítulo Quinze

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Os dedos de Micael estavam fazendo força em minha pele, alastrando um avermelhado em volta. Meu olhar pousou em Tina, que sorria maleficentemente e com vitória, por ter estragado todo o jantar.

— Quem é Victor? — Micael repetiu a pergunta, bastante bravo.

— Fala Sophia. — Tina cutucou. — Quem é Victor? — Cruzou os braços, ainda sorrindo.

— Você vai me contar ou eu vou ter que descobrir sozinho? — Micael apertou mais, me fazendo reclamar de dor.

— AU! — Tentei tirar os seus dedos do meu braço. — Pode me soltar, por favor?

— Não!

— Eu conto se você me soltar. — Estávamos parecendo crianças.

Micael soltou o meu braço de uma vez, que ficou bastante avermelhado. Passei minha mão por cima e pensei rápido, achando uma forma de contar à ele sobre Victor.

— Ele tirou a minha virgindade. — Engoli seco.  — E depois disso nós transamos, umas duas vezes. — Dei de ombros, não sabia ao certo quantas vezes.

— Então ele foi o cara que não ensinou você transar direito? — Micael ficou sério, me observando.

— E tem mais! — Tina se intrometeu. — Ele não para de encher o saco da Sophia.

— Qual foi, Tina? — Fiquei brava, batendo de frente. — Era para você está me ajudando e não falando asneira.

— Você ainda sai com esse cara? — Micael arqueou uma sobrancelha, analisando minhas feições e preparando para a resposta.

— Não.

— Não? — Tocou o meu rosto, levantando. — Ou você só está blefando?

— Eu não gosto do Victor. — Me soltei da sua mão. — A Tina se encrencou com ele na escola mas eu não tenho mais nada para conversar com ele. — Encarei o chão.

— Hum. — Micael mexeu os lábios. — Se eu souber que você está mentindo para mim, considere-se uma garota desaparecida e morta! — Ameaçou. — Você sabe do que eu sou capaz. — Saiu andando, me deixando sozinha com Tina, que arregalou os olhos.

Segui Micael que estava rondando pela sala enorme de Tina, verificando os quadros e fotografias na estante. Ela veio atrás, querendo saber se eu e Micael estava brigando.

— Então, Tina. — Micael deu ênfase. — Eu aceito a sua oferta maluca de fazer um trisal! — Teve um urso polar de vidro em mãos, uma decoração da senhora Jonhson.

Não gostava daquela ideia! Nunca gostei daquela ideia!

— Só basta a Sophia aceitar. — Tina me encarou, segurando o riso.

— Não posso pensar mais? — Observei os dois.

— Bom... Pensar você até pode. — Tina vasculhou o bolso do shorts, retirando um pacotinho. — Mas está perdendo tempo! — Balançou rápido, soltando um riso sapeca.

Micael também sorriu, se encontrando com Tina.

— Até que você presta às vezes. — Pegou o pacotinho das mãos de Tina. — Vamos! Você já deve ter experimentado isso. — Sorriu para mim, abrindo o pacotinho com ervas trituradas.

Nunca havia fumado maconha na vida mas sabia que Tina e Amélie gostavam de dar um tapa, depois das aulas, sem mim. Não poderia chegar com o cheiro impregnado na roupa, mamãe morreria se soubesse que estou usando isso, ou então, andando com pessoas que usam isso.

— Anda, sente aqui com a gente. — Micael me chamou enquanto tinha uma seda branca nas mãos, enrolando a erva extremamente verde ao meio. Tina estava quase em cima dele, vidrada no que estava fazendo.

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