Capítulo Oitenta e Seis

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Alexander pareceu morar em meu sofá, contando sobre a vida e os desejos que Micael não podia ter, criando uma certa inveja no amigo. Aquela conversa estava sendo admissível pois Micael queria o longa e Alexander queria outra coisa.

— Bom, já está ficando tarde. Obrigado pelo drinque! — Deixou o copo na mesinha de centro, se levantando e despedindo de nós.

— Apareça mais vezes, quando eu estiver aqui. — Micael soltou uma risadinha, fazendo Alexander soltar outra. Ambos se despediram, logo após, Alexander veio se despedir de mim.

— Pode deixar, grande amigo. Obrigado e até mais! — Saiu pela porta, andando até o portão e entrando em seu carro de luxo, onde eu já havia entrado nele.

Micael trancou a porta da frente, ficando em silêncio.

— Sophia, precisamos conversar. — Me observou.

— Sim? — Fiquei séria.

— Acho que esse momento na nossa vida está sendo um momento de muita reflexão. — Micael foi até o quadro onde estava pintando, se escorou no cavalete. — Eu fiquei pensando depois que Francis me contou sobre a vernissage, presenciei tudo o que está acontecendo...

— Micael? — Fiquei confusa, o interrompendo. — O que você quer dizer com isso?

— Eu quero dizer que eu estou prendendo você! — Foi certeiro e rápido. — Não é justo você ficar sem mim durante quarenta e cinco dias, com um homem desse vindo até a nossa casa!

— Você está dizendo que hipoteticamente eu possa te trair? — Desconjurei. — Você não confia em mim?

— Sophia, você jantou com ele! Você saiu com ele!

— NA SUA VERNISSAGE! — Me defendi.

— Exatamente, no dia da minha vernissage, enquanto eu estava internado numa clínica de recuperação. — Ficou bravo. — Eu vi o jeito que você olha ele, assim como ele olha você. — Andou de um lado para o outro. — Você está estranha! Diferente! Não é a mesma Sophia que eu deixei quando fui para a clínica.

— Micael, eu estou grávida! É lógico que eu estou diferente. — Fiquei nervosa. — Estou longe de você, eu não sabia que você viria para a casa, sua mãe não me disse nada.

— Eu tentei fazer uma surpresa mas acho que não fui bem recebido, não é mesmo? — Colocou as mãos na cintura, me encarando. — Eu pensei bem antes de fazer essa decisão. — Passou as mãos no rosto.

— Micael, o que você vai fazer? — Minhas lágrimas caíram, eu estava desesperada.

— Eu quero o divórcio! — Foi certeiro, de novo. — Eu vou deixar você viver como deve viver. Como uma adolescente normal, conhecendo pessoas normais.

— EU ESTOU GRÁVIDA! — Me desesperei, chorando mais ainda. — VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO!

— Mas eu já fiz, infelizmente eu já fiz. — Bagunçou os cabelos. — Não posso deixar você aqui enquanto Alexander te visita, eu não tenho capacidade para isso.

— Você dizendo isso, quer dizer que não confia em mim. — Me alterei. — Eu sou fiel, sou sua mulher! Eu jamais teria a capacidade de trair você.

— Tudo bem, Sophia. Esse assunto se encerrou! Eu vou ligar para a minha mãe amanhã e vamos ao juiz, resolver toda a papelada do divórcio. Você não ficará sozinha, uma quantia de dinheiro...

— Eu não quero dinheiro, eu não quero porra nenhuma de você. Eu quero VOCÊ! — Agarrei em seus braços, o beijando à força.

Mas Micael desgrudou de mim, se afastando.

— Mas eu não quero mais você! — Suas palavras machucaram. — Eu quero que você seja feliz com outra pessoa, não vou mais te prender, Sophia.

Tomei uma carga de sentimentos ao ver Micael me deixar na sala, subindo as escadas em silêncio. Iria me divorciar! Coisas que metade dos casais passavam quando o casamento não ia bem. Eu não estava pronta para viver uma vida sozinha, eu não queria viver uma vida sozinha. Eu queria Micael, eu queria viver ao lado dele, queria criar a nossa família.

Mas tudo isso foi em vão. Micael se foi, para longe de mim. E eu não sabia o por quê! Sua história foi bem esfarrapada, ainda mais ele sendo desse jeito.

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O terrível dia seguinte chegou para nós! Micael ficou em um silêncio endurecedor, trocando palavras necessárias comigo, mas não sentindo raiva, o oposto de mim, que estava sentindo.

Marjorie chegou um pouco mais cedo, conversando com Micael sobre o que havia acontecido e por quê o juiz teria que ser acionado para o divórcio. Ela não quis falar comigo sobre, mas me contou alguns detalhes sobre as leis que aconteceria e o quanto da pensão eu teria na minha conta para sobreviver.

Mas eu não queria dinheiro nenhum, eu não queria o divórcio, eu não queria ficar longe de Micael.

— Ai caramba! Divórcio? — Tina fez uma careta enquanto levava sua xícara de café até à boca.

Estava em sua casa, já que Francis havia viajado para uma cidadezinha perto de Bordéus, resolvendo questões sobre o longa de Alexander e Micael.

— Ele acha que eu estou o traindo com Alexander. — Fiquei pensando.

— Todos acham isso, Sophia. Até Francis acha isso!

— Por que?

— A troca de olhares. — Levantou os ombros. — O jeito que você fica fissurada quando ele abre à boca. Você quer dar para o Alexander ou está realmente apaixonada?

— Acho que foi só uma carga emocional de tesão, eu não sei. — Fiz Tina rir pelo nariz. — Mas eu não queria que a minha vida tomasse esse rumo. Eu estou grávida! Não estou falando com os meus pais e agora ganhei um divórcio.

— Hum. — Tina pensou, esfregando as mãos. — Você pode morar aqui enquanto não aluga uma casa. Ou então, pode ver outro lugar para se adaptar.

— Outra casa? — Franzi meu cenho.

— Você está achando que vai continuar morando naquela casa? — Tina gargalhou. — Aquilo é do Micael! É óbvio que ele vai despejar você. — Deixou a xícara em cima da pia.

— Eu sei. — Fiquei cabisbaixa.

— Não, você não sabia. — Tina cruzou os braços. — Como eu disse, minha casa está às ordens se você quiser morar aqui por um tempo! Até se estabilizar melhor.

— Ele não podia ter feito isso comigo, Tina.

— Mas fez! Você o irritou e ele fez. — Foi sincera. — Agora você precisa seguir em frente, não ficar se lamentando por um homem que não te quer.

Essa frase doeu por alguns segundos, mas foi o jeito mais fácil de conseguir me distrair. Precisava procurar uma nova casa para seguir em frente, sem o Micael por perto.

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