Capítulo Vinte e Cinco

248 13 4
                                    


Aquilo se repetiu, de novo! Ele tinha colocado algo na bebida mas eu não sabia o que era. Meu corpo estava lento. Meu corpo não era assim.

— Você acordou. — Micael estava no pé da cama, lendo um livro. Tinha um par de óculos de grau no rosto, pela primeira vez eu estava o vendo desse jeito.

— Eu dormi de novo, não foi? — Passei a mão no rosto, tentando me lembrar.

— Queda de pressão. Acho que bebemos demais! — Folheou a página. — Está com fome? Eu estava esperando você acordar para pedirmos o serviço de quarto. — Fechou o livro em segundos.

— Acho que pode ser. — Dei de ombros, a leseira do pouco sono que tive estava me matando. — Escolha qualquer coisa, eu já volto. — Me levantei da cama com o mesmo cardigã de ceda, agora, bem fechado em meu corpo. Dei a volta no móvel, sentindo o olhar de Micael me assistir, estudando os meus passos.

Mas antes que pudesse ir à varanda, busquei o meu celular, fazendo um telefonema rápido à Tina. Micael prestou a atenção quando me tranquei para o lado de fora, colocando o celular em meu ouvido.

— Vamos, atenda! — Torci para que Tina atendesse logo. O sinal estava ruim.

E Micael não podia saber que eu estava ligando para ela. Seria morte na certa!

— Oi. É a Sophia!

— Eu sei que é você. — Seu jeito delicado de me responder não me afetava mais. — Como estão as coisas por aí?

— Eu não sei. — Avistei a paisagem bonita em minha frente. — Micael está me apagando!

— Apagando? Como assim apagando?

— Me fazendo dormir, eu acho. — Olhei discretamente para o quarto, vendo que ele não estava mais lá. — Preciso voltar, rápido.

— Nossa, só agora que você percebeu? — Tina debochou. — Certo, você consegue me mandar a sua localização?

— Posso compartilhar com você. — Assenti rápido.

— Eu vou acionar uma viatura, caso você não me ligue em dentro de quatro horas.

— Viatura? Ficou maluca? — Sussurrei, arregalando os meus olhos. — Você não pode ligar para a polícia!

— Sophia, você sabe que o seu pai já deve ter acionado a polícia à uma hora dessas. — Me esqueci desse detalhe. Já estava tarde! Mamãe e papai deveriam estar loucos com o meu sumiço. — Você está morta com farofa quando voltar.

— Ai meu Deus. — Andei de um lado para o outro. — Não posso sair daqui e muito menos citar o seu nome.

— E como você conseguiu me ligar?

— Vim até à varanda, tomar um ar. — Balancei as mãos, um pouco nervosa. — E se eu dormir de novo? O que eu faço?

— Eu já disse que vou acionar a polícia, final resolvido. — Estava super ciente disso. — Ande com algum objeto que faça ele dormir também.

— Eu vou ver o que vou fazer. — Tive que ser rápida! — Me deseje boa sorte!

— Você é maluca, porra.

Suspirei baixo e desliguei a ligação. Quando voltei, Micael estava ao lado do pequeno interfone que havia no quarto, colocando de volta à base.

— Pedi sushi. Você gosta? — Soou leve, não estava agindo como antes.

— Ah, eu... — Procurei palavras para distraí-lo. — Provei uma vez mas há muito tempo. Você gosta?

— Um pouco. — Deu de ombros. — Sushi me lembra o meu pai e eu não gosto nem um pouco de lembrar do meu pai. — Micael torceu o nariz.

Sete Pecados Onde histórias criam vida. Descubra agora