Capítulo Dois

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Estávamos na enorme casa da Tina. Sua mãe era arquiteta e seu pai havia falecido há três anos atrás. Desde então, a mãe da Tina não se ocupava muito com ela. O trabalho exaustivo e homens milionários eram mais importantes.

— Tem vinho rosé, você quer? — Tina abriu a geladeira com duas portas, em inox. Mamãe era doida por uma dessa.

— Valeu. — Torci o meu nariz. — O que você vai usar amanhã? — Me escorei no balcão de mármore da cozinha.

— Eu pensei em usar uma jardineira curta com os meus peitos para fora. — Bebeu o vinho no gargalo. — Preciso tampar os meus bicos!

— É sério? — Dei uma risada leve. — Não vamos entrar com essa roupa na escola.

— Nós vamos nos trocar no vestiário público do centro, idiota. — Rolou os olhos, sendo bastante óbvia para a sua ideia de jerico. — Amélie com certeza vai usar aquele vestido que deve estar fedendo a boceta podre. — Andou até à escada de madeira.

— Ela poderia usar um shorts. — Segui Tina que já estava no meio da escada.

— Vou vasculhar o closet da minha mãe mais tarde. — Soltou. — Você podia dormir aqui, que tal? — Me encarou quando parou lá em cima, me esperando.

— Não sei. — Pensei rápido. — Meu pai não gosta que eu durma na sua casa em dia de semana.

— O seu pai é chato para caralho. — Gostava da sinceridade de Tina. — Ainda bem que o meu morreu. — Andamos pelo corredor.

— Que horror, Tina! — Me horrorizei. — Ele é o seu pai.

— Ele foi um bosta enquanto estava vivo. Por que eu preciso sentir pena dele? — Abriu a porta do seu quarto.

Tina se jogou na sua cama confortável de casal, abraçando um travesseiro com uma fronha cheia de babados.

— Sei lá. — Me sentei na beirada da cama. — É uma consideração, não sei. — Fiquei aflita com aquela conversa.

— Você sabe que a minha mãe é uma filha da puta amante do sexo e dinheiro. — Cruzou as pernas, se sentando. — Ela não liga para sentimento!

— Ela está namorando? — Fiquei curiosa.

— Ela sai com tantos homens que não sei qual é o status de relacionamento dela. — Isso me fez rir. — Mas acho que ela está namorando sim, ou talvez não. — Tina mexeu a cabeça, jogando os cabelos pretos para o lado direito.

— Entendi. — Fiquei pensativa.

— Você está assim por que deu um pé na bunda do Victor?

O famoso assunto havia retornado, pela décima vez naquele dia.

— Eu fiquei chateada porque ele te xingou.

— Não, você não ficou chateada por isso. — Tina negou com a cabeça. — Você queria conversar com ele à sós, mas ele não ia deixar isso barato!

— É difícil terminar... Desse jeito. — A encarei. — Entende?

— Sophia, você não estava namorando ele. Foi só sexo sem compromisso, e ainda foi ruim. — Cerrou os dentes. — Por que você está com tanto medo assim?

Fiquei em silêncio. Tina arqueou uma sobrancelha, um pouco apreensiva.

— Ai meu Deus! — Me observou. — Você transou com ele sem camisinha?

— NÃO. — Arregalei meus olhos. — Claro que não! Eu tenho cérebro.

— Ata. — Senti sua áurea ficar mais leve. — Pensei que você estivesse grávida, sei lá. — Soltou um risinho.

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