Capítulo Noventa e Três

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— Um milhão?

Alexander se surpreendeu com a quantia. Coçou a barba mal feita, pensando.

— Sim, um milhão. — Fui bem clara.

— Certo. Negócio feito! — Assentiu. — Você já sabe como irá contar ao seu maridinho?

— Contando. Ele precisa saber!

— É claro que ele precisa saber, ele vai participar.

Escutamos barulhos de passos, Micael chegou na sala rasgando, Francis vinha atrás.

— O que você quer com a minha mulher, hein? — Empurrou Alexander, que segurou seus braços.

— Opa, opa, opa! — O parou. — Sophia precisa conversar com você. A minha proposta deu certo!

— Proposta? — Micael franziu o cenho, me encarando. — O que esse merda disse para você?

— Diz para ele, Sophia. — Alexander cutucou. — Estou atrasado para uma reunião, não posso ficar para contar sobre o assunto. — Saiu andando. — Me ligue quando essa noite acontecer! — Piscou para mim, saindo às pressas.

Francis trancou a porta e nos deixou à sós.

— Anda! — Micael estava bravo. — O que ele disse para você?

— Fizemos uma proposta. — Não sabia como contar aquilo. — Alexander queria transar comigo, mas eu neguei.

Vi Micael ficar pálido, assim como eu.

— Eu aceitei se fizéssemos um ménage. — Contei de vez.

Micael ficou sem entender, rolando os olhos e fazendo expressões de desentendimento. Balbuciou duas vezes antes de me responder, atordoado.

— Um ménage?

— Sim.

— E quanto essa brincadeira vai custar?

— Um milhão.

Micael ficou surpreso com a resposta, rindo nervoso. Andou de um lado para o outro, bagunçando os cabelos.

— Porra, um milhão Sophia! — Mordeu a ponta dos dedos. — Maravilhoso! — Segurou o meu rosto. — Maravilhoso!

— Você não está bravo comigo por que...

— Não, pelo contrário! Eu estaria bravo se você transasse com ele, sem eu saber. Tecnicamente isso seria traição. — Explicou. — Podemos sair do país e viver tranquilamente, eu ainda posso continuar a pintar e receber o dinheiro do longa. — Micael já estava vendo o futuro, como seria.

— Micael...

— Maravilhoso, querida!

— MICAEL! — Dei um grito, o fazendo acordar da realidade.

Ele não entendeu, soltando suas mãos do meu rosto.

— É sério que você está feliz enquanto eu vou transar com outra pessoa?

— Será um ménage, querida. Eu também vou participar!

— Que seja! — Fiquei brava. — Eu sou a sua mulher, você deveria ficar pelo menos bravo comigo por ter aceitado essa proposta maluca.

— Você quer morrer nas mãos do meu pai? Como você vai viver? Você tem estudo para trabalhar em algo que estabilize a nossa vida?

— Isso mostra que mais uma vez, você precisa acordar e parar de ficar pintando essa bosta! — Apontei para os quadros, ambos pintados. — Micael, você não vai viver disso à vida toda.

Foi como jogar uma pedra no espelho! Micael tinha a respiração pesada enquanto me encarava, não tive medo e dó nas palavras, ele precisava escutar aquilo.

— Vamos ter um bebê, precisamos nos estabilizar! — Soltei. — Como você quer receber o seu filho, sendo um artista que não é reconhecido? Pintar para milionários não irá fazer você mostrar a sua arte, de fato.

— CALA A BOCA! CALA A BOCA! — Gritou repetidamente, tapando os ouvidos e saindo de perto.

Foi até a parede mais próxima, socando como se fosse um saco de boxe. Arregalei meus olhos e gritei por socorro, vendo Tina e Francis aparecer no local.

— MICAEL, QUE ISSO! — Francis o segurou. Suas mãos sangravam, avermelhadas.

— EU PRECISO SOCAR ALGUMA COISA! EU PRECISO SOCAR ALGUMA COISA! — Tentou sair dos braços do amigo.

— MICAEL, PARA COM ISSO!

Francis deu um soco em seu rosto, fazendo Micael dar um passo para trás. Tina gemeu em silêncio quando viu Micael se reerguer, passando a mão por cima.

— Eu precisava fazer isso. — Francis estava ofegante.

— É. — Micael me encarou com desprezo. — Precisava fazer isso. — Ficou cabisbaixo, saindo de perto.

— Micael, espera! — Tentei ir atrás mas Tina me parou.

— Agora não é uma boa hora! — Segurou meu braço. — Ele precisa ficar calmo.

— Meu Deus, que pesadelo. — Andei de um lado para o outro.

— Eu é quem digo. — Tina estava em transe, pensando no que havia acabado de acontecer.

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Micael não trocou palavras comigo durante á tarde, fiquei por conta de ajudar Francis e Tina, em alguns cupcakes que estavam fazendo, pela primeira vez, em forminhas coloridas que ambos haviam comprado. Fiquei um pouco calada pelo ocorrido, deixando eles fazerem o resto.

— Vou subir um pouco. — Tina e Francis me observaram.

— Tem certeza? — Tina arqueou uma sobrancelha.

— Absoluta. — Assenti e os deixei.

Subi às escadas em silêncio, entrando no quarto onde estávamos ficando. Micael deitou-se na cama, as mãos atrás da cabeça enquanto encarava o teto, pensando no que havia acontecido em geral. Me aproximei, fechando á porta.

— Micael? — Me sentei no cantinho da cama. — Você está bem?

— Irei ficar. — Suspirou.

— Eu...

— Tive que socar a parede para não perder o controle. — Explicou. — Eu não gostei dessa história!

— Ninguém gostou mas foi necessário. — Pausei. — Vai ser tão rápido que...

— Ele gosta de você, Sophia.

Micael se levantou para me encarar.

— Alexander está jogando com a gente!

— Mas eu não vou deixar isso acontecer. Está entendendo? — Pausou. — Se eu souber que você está me traindo com ele, irei cometer atrocidades!

Uma ameaça incrível! Micael engoliu seco antes de me deixar sozinha, pensando em como aceitar a loucura do ménage de uma vez.

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