Capítulo Noventa e Sete

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Alguns meses depois.

Paris. — França.

Estava me adaptando na caótica e linda cidade que era Paris. Ruas movimentadas, carros buzinando, lambretas, música clássica e muita arte! O que Micael, de fato, amou.

Faziam três meses que compramos o novo apartamento, em um bairro com nome esquisito, já que, toda vez eu me embolava no nome. Era nobre, cheio de frescuras com vizinhos mais frescurentos ainda. A vista da varanda era incrível e o cheiro de pão... Maravilhoso! A padaria ficava do outro lado da rua, meus desejos por pães aumentaram cem porcento.

Precisava manter a minha menininha forte!

— Querida? — Micael passou pela porta. Tinha duas sacolas firmes em mãos, com algo pesado dentro.

— Sim? — O encarei.

— O sol está rachando lá fora! E. — Levantou os indicadores, após colocar as sacolas no chão. — Preciso voltar a pintar os meus quadros.

— Outra vernissage?

— Exposição de rua. Já ouviu falar? — Retirou a sacola dos objetos, revelando dois galões de tinta.

— Onde você estava? — Franzi meu cenho. — Tintas? Tintas de parede?

— Vou pintar o quarto vago. Precisamos arrumar as coisas da bebê, esqueceu?

Micael estava bem mais participativo, o que me impressionava. Não teve mais surtos e quando discutíamos, sempre sobrava para pratos de vidro ou seus cavaletes. Ele não havia tocado um dedo se quer em mim.

— Eu acabei esquecendo nessa correria. — Cocei de leve minha testa. Vi Micael passar para o quarto, todo elétrico. — Me conte mais sobre a exposição de rua. — O segui.

— Eu me inscrevi junto com quarenta pintores que também querem expor. — Abriu uma lata de tinta. — O evento é gratuito, mas você pode comprar várias obras, se quiser. — Saiu do quarto às pressas, demorando um pouco para voltar.

— Enquanto ao filme com Alexander? — Me escorei no batente da porta.

Micael voltou com um rolo de parede, jornais e um suporte para tinta.

— Estão gravando mas fui proibido de entrar nas gravações. — Deu de ombros. — Só quero os meus direitos!

— Você precisa dos seus direitos, querido. — Rolei meus olhos. — Alexander não pode fazer isso com você!

— E como sei. — Micael se lamentou, despejando um pouco de tinta no suporte. Preparou os jornais no chão de madeira. — Eu comprei lilás. Você gosta?

— É uma cor linda! — Sorri leve. — Você gosta de lilás?

— Gosto. — Molhou o rolo na tinta, pintando a parede. — É uma cor leve, fantástica. Ela se liga!

— Liga?

— Sim, com as outras cores. Ela também se destaca, mesmo sendo leve. — Começou a dizer. — É uma cor que me dá paz, como a nossa filha.

— Micael? — Tentei o tirar dos seus pensamentos insanos.

— Você também não sente paz, querida? — Passava o rolo de tinta na parede, ainda elétrico.

— Você ainda está tomando os comprimidos? — Levantei uma sobrancelha.

— Por que está perguntando isso agora?

— Porque sim.

— Gosto de todas as cores!

— Micael. — O chamei mais uma vez. — Eu sei que você está bem feliz com a nossa filha, também está bem feliz com a nossa nova vida...

— Charlotte!

Disse isso, jogando o rolo com tinta no chão de madeira. O jornal foi pouco para a sujeira que havia feito. Ele me encarou, soltando um suspiro pesado enquanto colocava as mãos na cintura.

— O que? Quem é Charlotte? — Fiquei confusa.

— Nossa filha. — Passou por mim. — O nome dela será Charlotte!

Fiquei boquiaberta com sua atitute, gostando de vê-lo criar iniciativa para escolher o nome. Segui ele, que estava na cozinha, ainda pensando.

— Charlotte. — Sorriu.

— É um nome lindo!

— Tem um significado muito especial. — Cruzou os braços.

— É um nome forte, lindo. Irá combinar totalmente com a nossa menina! — Alisei minha barriga redonda, sorrindo, enquanto Micael fazia o mesmo, me observando.

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Horas foram passadas, Micael ficou por conta de terminar o quarto entre um dia, em sua mente, ele terminaria no final do dia. Eu sabia da resposta, e ri quando vi ele resmungar porque não conseguiu terminar.

Tomei um banho, lavei os meus cabelos e tive uma missão especial: dobrar as roupas da bebê, que eu havia ganhado de Francis e Tina, pelo correio. Charlotte já tinha algumas mobílias, mas precisávamos do quarto pronto para seguir na decoração.

— Você está bravo?

Perguntei à Micael, que tinha a atenção na TV. Coloquei minhas pernas em cima da sua, sentada no sofá junto com ele. Sua mão fazia carinho em Charlotte, que ainda não havia se mexido naquela hora. Se cansou de fazer isso pela manhã.

— Por que não terminei o quarto? — Assenti e soltei um riso. — Eu calculei os horários errados.

— Sei. — Segurei o riso. — Mas está ótimo! Já estamos quase finalizando. — Sorri.

— Ainda falta o rodapé e alguns ajustes. — Pensou.

Me aninhei em seus braços, beijando os seus lábios. Micael sorriu durante, passando sua mão por meu corpo, ainda com pijama.

— O que você quer, hein? — Mordiscou os meus lábios, brincando comigo.

— Você sabe o que eu quero! — Fiz uma careta, logo após, o beijando de novo.

O que restou foi a luz da TV, que funcionava sozinha sem a atenção de ninguém, já que, estávamos ocupados fazendo outra coisa.

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