Capítulo Dezoito

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— Tina e Amélie?

Engoli seco, tentando digerir o que Micael havia me pedido. Sua cabeça assentiu lentamente, como se eu fosse concordar de primeira. Sabia que nossa briga teria salvação mas não depois desse pedido.

— Algum problema? — Micael arqueou uma sobrancelha.

— São minhas amigas.

— Não são suas amigas! Amigas não fazem isso. — Virou o rosto, olhando o retrovisor do carro. — Tina é um exemplo mero de estraga prazeres. E Amélie, eu nem preciso comentar. Não é mesmo?

Fiquei em silêncio, dedilhando minhas unhas antes de começar à arrancar a cutícula morta ao lado, com raiva pelo o seu pedido abusivo de não falar com Tina e Amélie. Micael tocou o meu rosto, beijando meus lábios e sorrindo em seguida.

— Não fique assim! Eu te amo. — Sorrimos. Ninguém nunca havia me dito essa palavra.

Só a mamãe. Mas receber um eu te amo de outra pessoa era uma sensação estranha.

— Eu também te amo. — Segurei em sua mão.

— Vamos fazer um programa diferente e divertido hoje! — Me animou.

— Museu? — Fiz uma careta e arranquei gargalhadas dele.

— Não. Nada de museus. — Micael riu baixinho. — Vamos fazer um programa de amigas. — Achei engraçado.

— Amigas? — Segurei o meu riso. — Vamos fazer compras?

— E depois tomar um sorvete de cookie com chocolate, naquele café perto da estação. — Sorri, agora, bastante animada. — O que você acha?

— Vai ser divertido! — Meu sorriso foi bem contagiante, Micael adorou.

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Ele estacionou o carro em uma vaga exclusiva na galeria, me fazendo sair de lá com um sorriso imenso no rosto. As lojas com nomes diferenciados me fizeram ter um ataque de menina-mimada por dentro. A senhora Jonhson frequentava aquelas lojas, pois o dinheiro era alto por ali. Eu não tinha nem o começo para dar naquelas roupas de grife.

— Você primeiro. — Micael segurou a porta de vidro para que eu entrasse. Uma mulher alta e loira, com terninho, nos abordou.

— Olá! Em que posso ser útil? — Ajuntou as mãos e massageou. Ela sorriu quando encarou Micael, até os pés. Safada!

— Preciso de uma poltrona confortável e café. Para ela, os melhores dos melhores tecidos que você tem à oferecer. — Micael soltou, em alto e bom som.

— C-claro. — A loira ficou sem graça. — Sua namorada? — Me encarou de volta, não muito contente.

— Sim. Algum problema? — Observou o fundo da loja, que estava altamente vazio. — O café tem acompanhamento com biscoitos de nata? — Eu amava o seu jeito irônico de irritar as pessoas.

— Vou trazer uma poltrona, senhor. E você pode me seguir, por favor? — A loira me pediu como se aquilo fosse um sacrifício. Segui o caminho que ela fez pela loja, me levando em uma outra parte altamente estruturada, com araras de bambu e cabides em dourado.

Meus olhos nunca viram tanta roupa e cabides diferentes. Sentir o tecido impecável nas mãos foi até que divertido, mas, nenhuma das peças fazia o meu estilo esparramado de ser. Eu gostava das minhas jaquetas confeitáveis e meus moletons que deveriam estar em casa. Eu me sentia bem!

— Temos uma seleção especial para você. — A loira começou a me comprar com suas palavras de rico. — Gosta de pêssego? — Arrancou um vestido laranja da arara. Mamãe usaria aquilo, em ocasiões bem especiais. Lindo, mas não fazia o meu estilo.

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