O carro balançava sem parar, me dando enjoos por estar com a barriga, meramente vazia. Não conseguia saber do caminho pois não conhecia nada fora de Bordéus, a única coisa que estava sabendo no momento era a lonjura do caminho.Mais um pouco de estrada e paramos em uma cidade totalmente esquisita. Da janela, me lembrava Tokio mas não estávamos em Tokio, não sabia o por quê daquela impressão. Fui tentar verificar mais de perto mas levei uma coronhada na cabeça, do capanga que me segurava pelo braço, forçando minha pele.
— Pare aqui. — O pai de Micael ordenou, estava no passageiro agora. — Como você está, meu bibelô? — Virou para me encarar, mexendo em meu rosto. — Aposto que está com fome!
— Onde estamos? — Perguntei baixo, com medo de apanhar novamente.
— No país das maravilhas. — Soltou um riso de vilão. Consegui ver o seu dente de ouro. — E você é a minha Alice! — Abriu a porta do carro.
Fui retirada brutalmente tocando um pouco do chão úmido e sujo do lugar em que estávamos. Uma rua sem saída e um galpão, mais parecido com uma casa noturna de segundas intenções, como diria Tina.
Eu precisava que Tina me ajudasse.
— Anda logo, vadia. — O capanga me empurrou para que eu andasse mais rápido. Estava com as mãos para trás, conhecendo o ambiente que era mais um prostíbulo de luxo.
Luzes em neon, cartazes com nudez, drogas, barman e até pole dance's com palcos improvisados. Ricos, milionários e até os que juntam moedas no final do mês apreciavam as meninas, que desfilavam com seus corpos exuberantes. Visualizei uma garota fazendo sexo em uma poltrona, quando passamos para um corredor estreito.
O pai de Micael estava na frente da fila, nos levando até uma sub-sala, no fundo do local estranho.
— Não fique com medo, meu tesouro. — Abriu a porta e jogou um beijo para mim, seguido de risadinhas.
O capanga me deixou sentada em uma cadeira velha, em nossa frente uma mesa de pôquer e uma luz enorme, quase batendo em nossa cabeça. Parecia um cenário de filme.
— Você é perfeita mesmo! — Meu sogro me observou, como se fosse me comer com os olhos. — Micael não conseguiu esconder tanto. — Semicerrou os olhos.
— O que você quer de mim? — Tomei coragem, sabendo que morreria com qualquer palavra dita à mais.
— De você? — Me rodeou. — Tudo! — Ficou perto do meu ouvido. — O que você tem à me oferecer?
— Nada. — Cerrei os dentes com ódio.
— Nada? — Ele tocou o meu cabelo, sentindo mecha por mecha, encantado. — Eu gostaria de saber o por quê do meu filho ter se apaixonado por você.
— Me diga o que o senhor quer e me deixe ser livre. Por favor! — Chorei em silêncio, eu queria a minha casa.
— Ah não, não chore. — Secou as minhas lágrimas. — Eu vou ficar triste se você chorar.
— Eu nem sei o seu nome. — As palavras estavam saindo automaticamente da minha boca, como se eu estivesse em transe, dormindo.
— E nem deve saber. — Ele saiu de perto, dando a volta na mesa e parando em minha frente. — Já te disseram que nunca pode falar o nome verdadeiro de um mafioso? — Encostou as mãos na mesa, flexionando seu corpo mais perto.
Fiquei parada olhando suas feições, que ainda me estudavam.
— Me chame de Borges. É o único nome que você irá saber de mim! — Sorriu e gesticulou para os capangas, que saíram em seguida.
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Sete Pecados
RomanceSophia é uma jovem que convive com pais extremamente conservadores. Vivendo sua vida às escondidas, ela acaba conhecendo Micael, onde irá descobrir o que é viver às escondidas de verdade! Com ele, Sophia irá saber o que é sedução, pecado, sexo e ou...