Capítulo Quarenta e Sete

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— Ficou maluco?

Acordei do meu transe infernal, deixando meu sangue esfriar e me dando conta da cagada que eu estava fazendo.

— Você também queria. Eu sei que você ainda quer! — Victor se aproximou de novo, eu o empurrei.

— Eu sou casada! — Alertei. — Você nem deveria estar aqui.

— E onde está o seu marido? Que tipo de mulher é essa que sai sem o marido?

— Não devo satisfações para você, Victor. — Dei às costas. — Não quero você aqui! — Tranquei o portãozinho de madeira, Victor se aproximou mais ainda.

— Avise ao retardado do seu marido que irei começar a sua boceta na cama dele. Vagabunda! — Soltou. Bati a porta da casa, com raiva.

Grunhi e me joguei no sofá, apertando a almofada e chorando. Estava passando por um inferno que nem o capeta gostaria de experimentar.

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Uma semana depois.

Voltei para a casa, depois de uma semana. Não aguentei as regras da mamãe e do papai, que estavam do mesmo jeito. Anthony mais bocudo do que nunca e mamãe me enchendo o saco para eu engravidar, daqui há três meses, quando Micael voltasse. Limpei minha casa quando voltei, que por sinal, estava com um cheiro terrível de vômito e roupas espalhadas que Micael fez questão de bagunçar, depois da briga. Quando acabava, tomava um banho de banheira, no andar debaixo, e me masturbava com um consolo de borracha que Tina havia me dado, ainda na caixa. Eu estava fértil demais aquela semana, com saudade de transar e com saudade do Micael. Me masturbar foi a única solução, já que não tinha o pau dele para me satisfazer.

Eu estava sentindo falta do maluco do meu marido.

No dia seguinte acordei um pouco mais cedo, tomei café e fui correr pelas redondezas do condomínio, tentando desfrutar os meus vizinhos e o que havia ao redor. Árvores cheias, silêncio e... Mais nada! Era bizarro não ter ninguém aquela hora da manhã, ainda mais se exercitando. Deveria voltar para a casa e me esconder, podia acontecer qualquer coisa comigo, pensei.

Quando voltei, não esperava encontrar um homem alto com cabelos até o ombro, parecendo Jesus. Tinha um cigarro entre os lábios e um aspecto de quem não tomava banho há sete dias. Estava batendo diversas vezes na porta de vidro, com uma caixa em mãos.

— Olá. — Tive receio de falar com ele. — Tudo bem?

— Ah, oi! Você deve Sophia. — Tirou o cigarro dos lábios. — Prazer, senhorita Borges. — Pegou na minha mão, dando um beijo longo. Me assustei.

— Quem é... — Encarei os lados enquanto franzia o cenho. — Encomenda?

— O Micael não deve ter falado de mim para você, não é mesmo? — Soltou um riso. — Meu nome é Françóis, mas pode me chamar de Francis.

— Ah, Francis. — Ainda estava raciocinando o que ele queria. — Ele não me contou sobre você.

— Imagino. Posso entrar?

Francis se convidou como se Micael estivesse em casa, e eu por fim fiquei com medo. Francis era medonho, não podia deixar ele entrar assim, tão descarado.

— Então Francis. — Fiz uma careta. — Micael está viajando.

— Viajando? — Francis jogou o cigarro no chão. — Eu esperei pela vernissage mas não aconteceu. Ele estava bem quando nos falamos pelo telefone!

— Então você é o homem da cocaína? — Mudei de expressão.

— É assim que ele se refere à mim para você? — Francis achou graça. — Eu não uso mais cocaína, mas fiquei esperando pela vernissage.

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