Quatro dias depois.— A polícia de Bordéus finalmente conseguiu resgatar a adolescente perdida Amélie Rousseau. Ainda não temos atualizações sobre o sequestrador e o por quê da garota de dezessete anos ser sequestrada brutalmente.
Quatro dias! A polícia foi acionada e Amélie quase morreu nessa brincadeira. Estávamos em casa, assistindo o jornal que passava essa notícia por pelo menos três vezes ao dia, assustando a mamãe, que mandava forças para a família de Amélie. Papai estava se recuperando bem mas ainda sim triste por Amélie, por tudo o que aconteceu durante esses quatro dias.
Eu conversava muito com Tina por mensagens mas ainda não conseguíamos nos ver por conta do papai estar em casa, se recuperando. Eu ajudava a mamãe com os curativos e até mesmo quando o papai precisava ir ao banheiro, levando ele até à porta, Anthony o ajudava lá dentro e assim virávamos o dia, lhe ajudando.
Enquanto ao Micael? Eu também não tinha notícias pois ele havia sumido! Sabíamos que Amélie havia aparecido mas desde então, não recebi mais ligações, e-mails, qualquer tipo de comunicação vindo dele. Papai até perguntou pois quer fazer um almoço especial à ele, de agradecimento pela cirurgia, mas, eu não tinha notícias. O que me deixava um pouco preocupada.
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Estava de manhãzinha quando acordei antes do despertador, chovia fraco lá fora, fazendo um pouco de frio suportável. Me levantei e procurei a roupa para ir à escola, agora faltava pouco! Três semanas e eu estaria formada, aleluia! Fiz minha higiene matinal, voltando ao quarto vestida e me preparando para sair. A casa estava em silêncio ainda.
Preparei o meu café e sai. Mamãe não havia acordado pois papai não estava trabalhando, então, optavam por dormir um pouco mais tarde. Anthony sempre acordava logo após mas hoje se atrasou e eu não tive dó de chamá-lo.
Bocejei quando passei pela porta, trancando e esquentando as minhas mãos. A chuva estava fraca, não era preciso ir de guarda-chuva até o ponto de ônibus. Passei pelo portãozinho de madeira mas não esperava encontrar Micael, parado em frente, com as mãos no bolso da calça, me esperando.
Corri até ele, lhe abraçando com saudade. Dei um beijo demorado em seus lábios, dizendo a minha mente que ele estava ali, que tudo era real.
— Graças a Deus! — Toquei minha testa com a dele. — Onde você estava? Por que você sumiu? — Segurei em seu rosto, chorando.
— Precisamos conversar. — Disse sério, me tirando do abraço enquanto segurava o meu pulso.
Fiquei ríspida na hora, ficando séria como ele e querendo saber o que havia acontecido em Aspen. Micael me induziu até o seu carro, onde entramos, ficando trancados enquanto a chuva fraca caía lá fora.
— Não podemos ficar aqui, Sophia. — Soltou.
— Como assim? — Franzi meu cenho. — Como assim não podemos ficar aqui?
— A filha da puta da Cinthia chamou a polícia, o que não era para acontecer porque a minha mãe já tinha resolvido a metade do problema. Agora o meu pai está atrás dela de novo! — Micael não me encarou, estava em transe olhando para frente, bem sério. — E está atrás da gente também. — Havia me encarado dessa vez.
— Ele sabe de mim?
— Sabe. Infelizmente sabe!
Engoli seco, com medo.
— Não posso deixar você estudando na escola ou até mesmo deixar você sozinha. Eu não sei o que pode acontecer, Sophia! Eu realmente estou com medo, eu nunca me senti assim.
— Vamos ter que fugir?
— Vamos! Hoje eu vou conversar com o seu pai e vamos fugir, juntos. Eu não sei qual é o meu plano inicial mas não podemos ficar aqui em Bordéus.
— E a gente vai para onde? — Me desesperei. — Eu preciso terminar a escola! Eu não posso deixar...
— SOPHIA, QUAL FOI A PARTE QUE VOCÊ NÃO ENTENDEU? — Micael bateu diversas vezes no volante, nervoso. — A gente não pode ficar aqui, se a gente ficar, você vai ter o mesmo fim que a Amélie, ainda pior! O meu pai é sádico, doente, estuprador e sei lá quantas coisas de ruim possa existir. — Micael segurou em meu rosto. — Se ele fizer algo com você eu juro que esquartejo ele e como os restos, como se fosse alguma carne de segunda mão! — Cerrou os dentes enquanto eu arregalava os meus olhos, assustada.
— Eu não quero sair daqui. — Comecei a chorar. — E os meus amigos?
— Que amigos? Você não tem amigos! Você só tem à mim!
— Não. — Neguei. — Por que você é assim? Por que a sua família é assim? – Comecei a chorar descontroladamente, com medo.
— Foi a Cinthia, não foi? Foi ela que colocou merda na sua cabeça, não foi? — Micael estava irritado.
— Você toma tarja preta?
Micael franziu o cenho.
— O que?
— O comprimido na sua gaveta do closet, naquele quarto da sua mãe. — Contei, como se estivesse dopada. — Eu achei! É tarja preta! Por que você toma tarja preta?
— Então você andou mexendo nas minhas coisas?
— Por que você toma tarja preta?
— Por que você mexeu nas minhas coisas?
— Você é doente, Micael? O que você tem? POR QUE VOCÊ É ASSIM? — Gritei, desesperada.
— A Cinthia colocou coisa na sua cabeça! — Ficou desapontado. — Mas eu só quero mostrar à você que quero o seu bem! Entendeu? Eu quero te proteger, Sophia! Você não consegue ver isso?
— Eu sei. — Cerrei os olhos. — Eu sei, eu sei, eu sei. — Repeti para mim, diversas vezes. — Eu só quero entender porquê todo mundo fala isso de você! É só isso que eu quero entender!
— Porque ninguém me conhece de verdade. — Pausou. — Eles só julgam mas não querem me conhecer de verdade. Esse sou eu, de verdade! — Sorriu acolhedor para mim, me dando um beijo calmo.
Senti sono, náuseas, vontade de chorar e até mesmo de gritar. Eu não queria ir embora de Bordéus e viver uma vida escondida, longe dos meus pais. Seria bom criar um novo caminho mas, eu não me imaginaria vivendo longe de todos. E Tina? Amélie? Como eu iria ter contato com Micael, vinte e quatro horas no meu pé? Eu não queria deixar tudo por estar correndo perigo, mas seria necessário.
— Meu pai... — Parei o beijo, lhe encarando. — Quer fazer um jantar especial para você.
— Jantar especial?
— Em agradecimento. — Micael se lembrou.
— Não quero agradecimentos do seu pai, querida. Fiz o que tinha que ser feito!
— Só deixe ele fazer isso, por favor! — Segurei em suas mãos. — É mais um contato que vamos ter, um contato em família.
— Tudo bem. Se for assim, eu aceito qualquer coisa que ele fizer. Vai ser bom! — Micael me deu um selinho. — Eu te amo.
— Eu também te amo.
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Sete Pecados
RomanceSophia é uma jovem que convive com pais extremamente conservadores. Vivendo sua vida às escondidas, ela acaba conhecendo Micael, onde irá descobrir o que é viver às escondidas de verdade! Com ele, Sophia irá saber o que é sedução, pecado, sexo e ou...