Naquela noite, dormi na sala, em meio à lençóis antigos e nada confortáveis, que me deixaram com frio por conta da porta ser totalmente de vidro. Encolhida, com dores de cabeça e chorando em silêncio, eu mal consegui dormir na realidade.Micael se trancou lá em cima, não consegui subir e não tive coragem de subir para dormir ao lado dele, depois do ocorrido. Quando amanheceu, me levantei com dores no corpo e alguns hematomas que começavam a esverdear, para ficar roxo alguns dias depois. A marca dos dedos dele estavam em meu braço, bastante visível. Precisaria de muita maquiagem para esconder no dia da vernissage.
Me enrolei no próprio lençol quando subi as escadas devagar, tentando entrar no quarto novamente. Dessa vez a porta estava destrancada, o que me deu um acesso facilitado. O quarto estava revirado, como se algum ladrão tivesse feito a limpa naquele lugar. Fui aproximando e observei a porta da suíte entreaberta, a cabeça de Micael deitada no vaso sanitário e seu corpo no chão. Abri rapidamente, me desesperando.
— Micael! Micael! — Me acheguei até ele, que estava desacordado. Haviam resquícios de vômito em seu queixo e na blusa em que usava. — Micael, acorda! — Dei batidinhas em seu rosto, mas nada.
Corri para o telefone que ficava em seu criado mudo. Não sabia algum telefone exato mas lembrei o de Marjorie mais rápido do que o de Tina.
— Alô? Marjorie, você precisa vir aqui em casa, agora! — Não fiz delongas. Micael precisava de ajuda!
— Sophia, o que aconteceu? — Sua voz mudou rapidamente.
— O Micael está desmaiado, no banheiro. — Fiquei de pé, analisando a cena como um perito criminal. — Tem, tem... Vômito na boca dele e... Na blusa. — Balancei as minhas mãos, nervosa. Comecei a chorar no mesmo instante. — Eu não sei o que aconteceu, Marjorie. — Passei a mão no rosto.
— Querida, fique calma! Eu estou indo para aí, não mexa nele até eu chegar. Chame uma ambulância! — Disse suavemente, me passando paz. Assenti e não respondi, pois não sabia mais o que fazer.
Os comandos que Marjorie me passou foram um café com adrenalina para que eu acordasse, me tirando daquele transe. Coloquei uma roupa e chamei a ambulância, Micael ainda estava deitado no banheiro, estirado.
Marjorie chegou alguns minutos depois, subiu a escada correndo com a companhia de Cinthia.
— Querida, como você está? — Tocou rápido em meu ombro, vendo Micael naquele estado. — Amor, o que houve com você? — Sentou-se no chão, tendo a cabeça do Micael em seu colo.
— Sophia, a ambulância já está chegando? — Cinthia me perguntou, aflita.
— Disseram que estão vindo. — Estava muito nervosa com a situação.
— O que aconteceu? — Cinthia me puxou no canto, longe de Marjorie.
— Ele se trancou aqui dentro e quando acordei estava desse jeito. — Não contei da noite anterior. — Não sei o que aconteceu!
— Ele deve ter tomado algum remédio. Você olhou nas coisas dele?
— Remédio? — Me lembrei daquele dia. — Os comprimidos! — Fiquei em transe.
— Ele não parou de tomar os comprimidos. — Cinthia me analisou. — Vou dar uma força à Marjorie, a ambulância está demorando. — Saiu de perto, caminhando até à suíte.
A ambulância chegou logo depois. Micael foi colocado em uma maca de transferência, onde levaram ele junto com Marjorie. Cinthia me ajudou a limpar o quarto, mas não trocamos nenhuma palavra sobre o que estava acontecendo naquela manhã.
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Sete Pecados
RomanceSophia é uma jovem que convive com pais extremamente conservadores. Vivendo sua vida às escondidas, ela acaba conhecendo Micael, onde irá descobrir o que é viver às escondidas de verdade! Com ele, Sophia irá saber o que é sedução, pecado, sexo e ou...