Capítulo Setenta e Seis

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Estar grávida é... O cartaz indicativo na minha frente me fez pensar por dez minutos, no mesmo lugar. Estava sem chão, nervosa, mãos suando como da primeira vez em que descobri.

Na consulta, a ginecologista me explicou que o processo de aborto falhou em cinquenta por cento, me deixando, ainda, com um feto. Eu não estava ligando para o que havia acontecido, só estava feliz e processando que ainda estava grávida! Mas dessa vez, eu não iria esconder para ninguém.

Saí do consultório em busca de um táxi, que me deixou em frente à casa da mamãe. Passei pelo portãozinho e vi Anthony no gramado, em frente à um coelho. Parei totalmente o que estava fazendo, me assustando.

— Oi, Soph. — Anthony não me deu muita atenção, mas estava animado com o bichinho. — Como você está?

— Bem, é... — Apontei para o coelho. — De quem é isso? Você virou babá de coelhos? — Brinquei com o mesmo, que ainda deu de ombros.

— Papai trouxe ontem, era do amigo do escritório. — Explicou. — O nome dele é Stuart!

— Clássico. — Rolei os olhos. — Mamãe está aí? Preciso que entre comigo. — Pedi à Anthony, que largou o coelho imediatamente.

Observou minha mão que segurava uma pasta de papel grande. Vi Anthony ter a expressão preocupante em segundos.

— Você está doente? — Disse por conta dos papéis.

— Não, não estou doente.

— Micael está doente?

Sim!

— Também não. Quer fazer o favor de entrar comigo? Hein? — Bati com a pasta no corpo de Anthony, que entrou primeiro.

Vi mamãe limpando uma prateleira quando passei da porta, ela sorriu ao me ver e Anthony distorceu a história, dizendo que eu estava doente mas não queria contar para eles.

— Sophia, o que aconteceu? — Mamãe desceu da pequena escada de onde estava.

— Eu não estou doente, mamãe! — Rendi minhas mãos. — Anthony, por que você só conta mentiras?

— Porque você chegou com uma pasta do médico em dia de semana. — Usou uma péssima explicação. — Você não visita a gente em dia de semana! — Isso era verdade.

— Ok, eu não estou doente. — Me preparei para dizer. — Estou grávida! Esses papéis são os meus exames e o primeiro ultrassom. — Deixei em cima da mesa.

Levantei um ombro quando mamãe colocou as mãos no rosto, chorando como uma criança perdida. Anthony tinha os lábios abertos, incrédulo, como se estivesse vendo algo fantástico pela primeira vez. Recebi um abraço apertado dos dois, em seguida, um versículo da Bíblia que mamãe sabia de cabeça.

— Ai meu Deus, que milagre! Sophia, isso é um milagre divino de Deus, meu amor. — Segurou as minhas mãos. — Deus está operando em você, querida! Deus está jogando dádivas e dádivas! — Me poupei do que mamãe estava falando, eu sabia que isso iria acontecer. — Meus parabéns, filha! Precisamos ligar para o seu pai.

— Oh, o papai? — Me gelei.

Eu não havia pensado em contar para o papai. Mesmo estando casada e longe dali, eu estava grávida! Era estranho contar ao papai que eu estava grávida.

— Algum problema?

— Não, claro que não. — Sorri rápido. — É que eu não estava pensando em contar, assim, para ele. — Gesticulei minhas mãos.

— Você não ia contar para o papai? — Anthony se intrometeu.

— Eu precisava ensaiar primeiro o que eu contaria para o papai, é isso que eu quis dizer. — Me expressei melhor. — Podemos esperar ele chegar do escritório, que tal?

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