Capítulo Onze

394 20 10
                                    


— Meu Deus, o Anthony!

Empurrei Micael que ficou sem entender nada. Quando alcancei a janela, ele não estava mais lá. Grunhi e xinguei mentalmente, saindo do quarto como um furacão, nem me dando conta que meus pais poderiam estar escutando.

Quando vi, Micael estava atrás de mim, no corredor. Fiquei desesperada automaticamente.

— O que você está fazendo aqui? Já para o quarto! — Empurrei seu corpo forte que não se moveu.

— Onde está o veadinho do seu irmão? — Ficou bravo, procurando Anthony com o seu olhar castanho, porém, irritado.

— Micael, não! — Segurei sua blusa. — Se o papai levantar e ver você aqui...

— Eu estou cagando para o seu pai. — Largou-se das minhas mãos, indo atrás de Anthony.

E eu também fui atrás, correndo em passos leves para saber aonde aquele pestinha havia se enfiado. Por minhas contas, ele deveria estar no quintal, escondido em algum lugar.

Andei pelo gramado mas parei quando Micael segurou o corpo de Anthony, que estava fugindo. O mesmo puxou sua orelha fortemente, quase lhe fazendo chorar.

— Escuta aqui, seu veadinho de merda. — Micael cerrou os dentes e puxou sua orelha mais ainda. Anthony chorou, em silêncio. — O que você viu lá dentro?

Anthony apenas chorava. Negou com a cabeça para Micael, que ainda tinha os dedos presos em sua orelha.

— O que você viu lá? — Micael repetiu a pergunta.

— N-nada. — Anthony respondeu, amedrontado.

— Mesmo?

— Eu não vi nada. — Rendeu as mãos. Micael o deixou, vendo Anthony se deitar no gramado, rolando o corpo pela dor.

Micael se agachou até ele, dando um ultimato.

— Se você abrir essa sua boca com bafo de esperma, eu corto o seu bilau que só serve para fazer xixi. Entendeu? — O ameaçou. — Me diz se entendeu!

— Sim. — Anthony assentiu, o rosto inundado pelas lágrimas.

Sabia que Anthony passava dos limites mas não gostei de vê-lo tratar desse jeito. Era o meu irmão! E Micael, em hipótese, não era nada dele ainda.

— Eu vou indo. — Micael me avisou, passando por Anthony e seguindo até o portãozinho de madeira.

Fui atrás, querendo explicações para o que havia acontecido.

— Espera aí! — O parei. — Você machuca o meu irmão e acha que pode sair assim?

— Você queria que eu entregasse à ele um tapete vermelho com flores? — Arqueou uma sobrancelha.

— Você o machucou!

— Deveria ter feito mais. — Foi rude.

— Micael, ele é o meu irmão.

— Foda-se. — Foi rude, de novo. — Você queria que ele caguetasse para o seu querido papai?

Fiquei em silêncio. O puxão de orelha foi extremamente bom.

— Você sabe que não. — Abaixei a minha cabeça. — Mas podia ter pegado um pouco mais leve.

— Sophia, não existe leve com a sua família. Entenda! — Se aproximou. — O seu pai é um bosta, a sua mãe é uma coitada e o seu irmão só veio ao mundo para irritar a paciência dos outros. — Soltou as palavras, não ligando para o que eu iria sentir.

Sete Pecados Onde histórias criam vida. Descubra agora