O dia seguinte me veio, o dia da minha alta. Passei a manhã inteira fazendo longos exames, conversando com médicos diferentes e chegando a conclusão que: perdi dois anos da minha vida, entregada à uma cama de hospital, sem saber o que havia acontecido.Meu delírio de coma? Nada aconteceu! Não existia Borges, Marjorie, Alexander, Francis e tudo o que ocorreu. Nada aconteceu! Foi apenas um delírio da minha cabeça, que fiz questão de contar ao médico, onde ele me explicou o que havia acontecido.
O cavalheirismo de Micael me fez gosta-lo ainda mais dele, se doando para mim, que ficou dois anos me visitando no hospital. Não nos conhecíamos muito, mas agora, tudo na minha vida iria mudar, de novo.
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Fui ovacionada quando saí do hospital, recebendo flores, chocolates e balões. A equipe médica fez questão de tirar uma foto comigo, dizendo que mandariam para o centro de comunicações dos jornais, para a minha foto ser estampada. Micael estava lá para me receber, se oferecendo para nos levar até em casa. De lá, iríamos para Elba, na nossa casa de praia.
Ainda estava com dificuldade de andar sozinha, por ficar tanto tempo em cima de uma cama. E convenhamos que, andar de muleta era terrível!
— Você está bem? — Micael foi cauteloso enquanto me levava para casa, ainda dirigindo.
Fui encarando a vista da janela, imaginando os dois anos perdidos...
— Mais ou menos. É estranho estar de volta, de novo! — Remexi meus ombros.
— Você vai se acostumar, fique tranquila. — Segurou na minha mão.
Chegamos em casa, todos juntos. Mamãe já estava arrumando a bagagem para irmos à Elba, Micael ficou meio perdido com a empolgação da minha família, tentando se familiarizar.
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Era tarde quando chegamos em Elba. Mamãe tirou as malas do carro, com a ajuda do papai. Anthony estava enchendo o saco e Micael, me ajudou a maior parte do tempo. Tentei não ter a ajuda das muletas, estava estragando o pouco clima que havia entre nós.
— Por que não caminham um pouco? O por do sol deve estar lindo na praia! — Mamãe deu iniciativa, me matando de vergonha.
— Você vai beijar ele, Soph? — Anthony se intrometeu.
— Ninguém vai beijar ninguém. — Revirei os meus olhos. — Vamos indo? Você vai gostar da praia! — Disse à Micael que assentiu.
Disse o caminho à ele, que sempre me ajudava quando tinha pedras ou galhos no caminho, no meu pequeno atalho que dava para à praia. Mamãe estava certa quando conseguimos pegar o por do sol, incrivelmente lindo na praia. Agradeci mentalmente por estar viva, de novo, depois do mar de emoções que havia ocorrido.
— Você estava me dizendo que sonhou, não foi?
Micael me perguntou, enquanto caminhávamos na areia.
— É. Eu sonhei muita coisa! — Estava com vergonha de contar o sonho. — Tivemos uma filha, ela se chamaria Charlotte.
— E o que aconteceu comigo?
— Você morreu.
Ele se chocou, dando um risinho em seguida.
— Transamos bastante no sonho?
Foi minha vez de ficar corada, abaixando a cabeça. Micael me parou, segurando minhas mãos.
— Desculpa, eu...
— Tudo bem, é normal mas... — Cerrei meus olhos. — É estranho ter vivido tudo isso e não ter vivido ao mesmo tempo.
— Parece que você vivenciou os sete pecados da vida.
— Sete pecados? — Franzi meu cenho.
— É! Isso é uma coisa que a minha mãe sempre me dizia, enfim, coisa de velho. — Sorriu para mim. — Estou feliz que você esteja aqui, eu não via a hora de fazer isso.
Micael me segurou pela cintura, beijando os meus lábios. Me senti em casa de novo, depois de tudo. Me lembrava de algumas coisas mas, seu beijo, foi surreal! Pela primeira vez, de verdade, estávamos nos beijando. Que louco!
Mas, era como se eu já tivesse experimentado o seu beijo. Em outras vidas...
— Foi como no sonho? — Colou sua testa na minha. Sorrimos.
— Foi melhor ainda. — Roubei outro beijo seu.
— Eu quero que esse sonho vire realidade! Menos a parte que eu bato em você, essa você pode excluir. — Ri leve.
— Vamos excluir essa parte. — Demos um selinho. — Ah, tem uma coisa!
— O que?
— Nossa filha pode se chamar Charlotte? — Continuamos caminhando.
— Meu Deus! Você já quer ter uma filha? — Achou graça. — A gente mal transou, ainda.
— Ainda? — Achei graça. Micael mordiscou a minha bochecha.
— É, ainda. — Sussurrou no meu ouvido. — Mas se você quiser, podemos praticar hoje mesmo!
Fiquei corada, batendo de leve em seu braço.
— Bobo.
— Vamos fazer a Charlotte. Eu gosto desse nome, de verdade! — Enlaçou o seu braço no meu.
— Eu também gosto, é lindo!
— Então é isso. — Sorrimos. — Você não vai se livrar de mim, pois vamos fazer a Charlotte.
— É, vamos fazer! — Nos beijamos, de novo.
Ali se iniciaria um novo capítulo da minha vida. Uma nova história! Tina e Amélie iriam odiar a ideia, mas, eu estava apaixonada por Micael, pronta para viver ao lado dele.
Era isso que eu queria, sem precisar viver pecado algum, inclusive os sete que passei durante os meus sonhos de coma.
Eu queria aquela vida, e estava tendo ela!
— Amo você, querida. — Micael me beijou.
— Também amo você! — Sorrimos.
Abracei Micael, porém no fundo, pude ver os três. Sophia, Micael e Charlotte, do meu sonho.
Parecia tão real que fiquei assustada quando os vi, acenando para mim, como se estivessem se despedindo de algo. Balancei minha cabeça e logo depois, não vi mais ninguém.Continuei andando com Micael, sem olhar para trás. Fui acolhida por seus braços, enquanto recebia mais beijos.
Era ali que eu queria ficar. Era ali que minha vida iria começar! Tudo de novo.
FIM.
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Sete Pecados
RomanceSophia é uma jovem que convive com pais extremamente conservadores. Vivendo sua vida às escondidas, ela acaba conhecendo Micael, onde irá descobrir o que é viver às escondidas de verdade! Com ele, Sophia irá saber o que é sedução, pecado, sexo e ou...