Capítulo Quarenta e Seis

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Estava voltando para a casa da mamãe quando avistei o carro de Marjorie estacionado em frente. Franzi meu cenho e corri até o veículo, vendo que não era ela que estava lá. Cinthia saiu do carro, sorriu leve para mim.

— Sophia, que bom te ver. — Me abraçou. — Estava anunciando para tocar a campainha, espero que eu não tenha te atrapalhado.

— Como você está? — Senti o quão ela estava tensa. — Aconteceu algo com o Micael? — Fiquei preocupada.

— Na verdade eu queria conversar com você. — Colocou as mãos no bolso da calça. — Podemos ir em algum restaurante? — Optou.

— Claro. Eu vou avisar a minha mãe! — Cinthia assentiu, me esperando voltar.

Cinthia me levou em um restaurante mexicano não muito falado, o ambiente era rústico e a comida maravilhosa. Trocamos algumas conversas aleatórias antes dela me dizer o por quê de estar me procurando.

— Marjorie me contou que você a enfrentou no dia do hospital. — Pausou. — Parece que Micael não te contou algo.

— Eu gostaria de saber desse segredo, Cinthia. Você sabe de alguma coisa? — Me aproximei mais ainda, esperando alguma notícia desse caso.

— Eu vou te contar o que eu sei, entendeu? Mas por favor, deixe essa história no lugar em que ela está!

— Ok. — Estava preparada para saber.

— Quando o Micael estava morando com a gente, Marjorie contratou um advogado da família e eu não sabia o por quê. — Cinthia se lembrou. — Na época ele estava tomando todos os remédios, fazendo acompanhamento médico e trabalhando bastante para pagar o advogado, justamente por esse assunto.

— E você não sabe o por quê do advogado? — Franzi o cenho.

— Parece que o Micael está pagando uma fiança, como se fosse uma pensão. — Fiquei gelada. — Eu não sei muito bem porque Marjorie me escondeu tudo o que eu tentei saber, não tenho o que dizer sobre isso.

— Pensão? — Toquei meu peito. — Você acha que o Micael...

Cinthia ficou em silêncio, em dúvida.

— Eu realmente não sei, Sophia. — Cinthia cruzou as mãos. — Eles ficam restritos quando o assunto é esse. Eu não sei se o Micael ainda está pagando.

— Você acha que pode ser um filho? — Minha garganta deu outro nó tremendo, me fazendo queimar por dentro.

— Pode ser todas as coisas que pensamos mas não temos coragem de perguntar. — Cinthia levantou os ombros. — Quem sabe você possa tocar nesse assunto, quando ele voltar da recuperação.

— Ele não vai me contar. — Me escorei na cadeira. — O Micael é muito frio! Estranho! Muda de personalidade muito rápido.

— É por conta da falta dos remédios. Eu gostaria de saber o por quê dele não estar tomando.

— Marjorie disse que foi por mim. — Puxei a atenção de Cinthia. — Quando ele me conheceu, ele disse alguma coisa? — Fiquei interessada em saber.

— Ele só água diferente, principalmente com Marjorie. Ficou mais dócil, cavalheiro, gentil. — Cinthia se lembrou. — O que ele não estava sendo durante uns meses atrás.

— Era por conta do remédio?

— Sim. O Micael tinha surtos constantes, ainda mais quando faltava a medicação. — Contou. — Por isso eu fiquei com receio quando Marjorie me disse que vocês iriam se casar. Foi rápido demais!

— Eu não sabia da metade desses problemas. — Umedeci meus lábios. — Ele me escondeu, assim como eu escondi coisas dele. — Abaixei a cabeça. — Mas isso não vem ao caso.

— Eu como sua... Sogra. — Cinthia ficou um pouco sem graça. — Aconselho você à se prevenir!

— Por causa dele?

— Exatamente. — Assentiu. — Afinal de contas ele é homem e pode surtar à qualquer momento. Nunca se sabe!

Me aproximei novamente da mesa, sussurrando.

— Eu preciso me proteger, Cinthia. Não posso viver com um homem que me... Bate. — Senti vergonha de dizer aquilo.

— Você precisa tomar vergonha na cara e tomar coragem para dizer que ele não precisa te bater! — Um tapa na cara de respeito. — Mas, se eu fosse você...

— O que você faria?

— Vou te encontrar de novo na semana que vem. E vou trazer para você uma arma! — Falou um pouco mais baixo. — Irei te ensinar como se mexe em uma arma.

— Arma? — Balbuciei. — Você tem porte para armas?

— Sou casada com uma Borges. Você não imagina o quanto de poder aquela família tem. — Cinthia deu uma risadinha.

— Conseguiria arrumar uma arma para mim?

— Fique tranquila, Sophia! Você vai ter a proteção que merece. — Cinthia sorriu, segurando em minhas mãos.

Eu não sabia mexer em uma arma, tanto que, nunca havia visto uma arma na vida, ao vivo e em cores. Mas foi bem receber essa proposta, eu não sabia quando Micael sairia do ar novamente, me propondo novos perigos que eu não gostaria de passar.

E agora, eu tinha mais um assunto para me preocupar: saber o por quê dele estar pagando uma pensão.

Cinthia me deixou na porta da casa da mamãe, era tarde quando me despedi dela e procurei as chaves que estavam guardadas em minha bolsa. Me assustei ao ver alguém se aproximando, naquela escuridão.

— Oi. — Conhecia aquela voz.

— Que susto! — Coloquei a mão no peito. — O que você está fazendo por aqui?

— Fui caminhar. — Victor sorriu. — Eu perguntei de você para Tina. Ela te contou?

— Sim, ela me contou. — Abaixei as armas. Eu estava casada, Victor tinha sido algo do passado. — Você está bem?

— Estou indo. Me matriculei na faculdade. — Contou. — Achei legal você ter se casado com um cara mais...

— Ele é super legal, Victor. — O cortei. — Antes que você fale mais alguma coisa.

— Ele tem grana, você deve estar se dando super bem.

— Eu casei com ele por amor! Não pelo dinheiro.

— Não foi isso o que me disseram. — Seu riso morreu. — Mas foi bom ter te reencontrado.

— Isso não foi um reencontro. Você tecnicamente veio na porta da minha casa! — Achei engraçado, me corando um pouco.

— Adoro quando você cora desse jeito, sabia? — Tocou o meu rosto.

— Victor... — Tentei afastá-lo.

— Só estou dizendo. — Se aproximou mais. — Eu sinto tanta falta do seu corpo. Você peladinha em cima de mim, gemendo, ansiosa, com medo. — Sussurrou em meu ouvido.

O filme da primeira vez passou na minha cabeça, mas com Victor falando, a coisa mudou de figura. Senti algo amolecer no meio das minhas pernas, como se eu tivesse subindo pelas paredes.

— Eu estou louco para meter em você, Sophia.

Essa foi a frase de Victor, antes de me puxar pela cintura e trazer meu rosto colado com o seu. Conseguia sentir sua respiração mas não me mantive firme em parar o que estava acontecendo. Meu corpo pediu! Meu corpo implorou para que alguém fizesse sexo comigo, e mesmo naquelas condições de meu marido estar longe, eu subi pela parede e desejei o primeiro que me encontrasse.

E esse alguém foi Victor.

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