Fui caminhar de manhã, enquanto Micael estava sedado por conta de seus remédios. Preparei o café da manhã e o acordei para a outra dose de remédio, o mesmo chiou mas a dor havia melhorado uns cinquenta porcento, ele mesmo dizia. Tanto que conseguiu terminar o seu quadro, para a vernissage da semana que vem.— Está lindo! — Coloquei as mãos no bolso da minha jardineira e observei o quadro, agora pronto.
Algumas flores e linhas expressivas percorriam a tela, com cores quentes e... Tristes? Não conseguia me expressar muito bem nas obras de Micael. Eu não conseguia entender!
— Obrigado. — Ele também observou o que havia feito. — Você acha que alguém pode comprar? — Pediu uma opinião sincera.
— Eu não sei mas acredito que sim. — Mexi os ombros. — Você vai vender por quanto?
— Depende do valor. — Micael coçou a nuca. — Mas venderia por oitocentos mil dólares.
— Oitocentos mil dólares? — Arregalei os meus olhos. — Alguém compraria isso por oitocentos mil dólares? — Apontei para o quadro.
Micael me fuzilou com o olhar, havia extrapolado no comentário.
— Querido, é uma obra marcante mas acho que ninguém compraria isso por oitocentos mil dólares. — Refiz o meu comentário. — É muito dinheiro!
— Você realmente não sabe o que é muito dinheiro. — Micael riu consigo. — Mas eu entendo o seu ponto de vista. Oitocentos mil dólares para você é muito dinheiro, para mim não é nada. — Soou irônico, respondendo o meu comentário sobre sua obra de arte.
— Certo. — Juntei minhas mãos e suspirei. — Eu vou fazer alguma coisa da minha vida.
— Folhear jornais de empregos? Hum. — Micael estava olhando a porta de vidro, parado.
— Você se incomoda com isso?
— Você se incomoda de não trabalhar? — Virou para me encarar.
— Micael, eu quero fazer alguma coisa. — Fui sincera. — Eu não aguento ficar trancada aqui com você, aturando a sua grosseria. Essa é a verdade!
— Ah, então eu sou grosso? — Riu incrédulo. — Você diz como se passasse fome ou algo do tipo.
— Eu só estou tentando dizer que não quero passar todo o tempo olhando para esses quadros, enquanto você é grosso ou falta com educação.
— E você quer fazer o que? — Cruzou os braços. — Quer estudar? Quer um emprego meia-boca em Bordéus? Limpar pratos ou banheiros sujos de vômito? É isso que você quer?
— Eu quero me ocupar com alguma coisa, Micael. Só isso! — Rolei os meus olhos. — Eu sinto que ficarei trancada aqui.
— Adote um gato. — Micael andou até à mesinha de centro, buscou o maço aberto de cigarro. — Está sozinha? Adote um gato.
— Essa casa precisa de mais esperança! Cor! — Enfatizei as palavras.
— Podemos pintar ela depois da vernissage, simples. — Acendeu um cigarro.
— Não é disso que eu estou falando, Micael. — Cerrei meus olhos, cansada de explicar.
Ele tragou o cigarro enquanto observava as minhas feições, como se estivesse analisando as mensagens subliminares que eu queria lhe dizer.
— Não vou te dar um filho. — Soltou a fumaça.
Concordei plenamente, sentindo raiva.
— Alguém aqui falou em filho? — Tentei disfarçar.
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Sete Pecados
RomanceSophia é uma jovem que convive com pais extremamente conservadores. Vivendo sua vida às escondidas, ela acaba conhecendo Micael, onde irá descobrir o que é viver às escondidas de verdade! Com ele, Sophia irá saber o que é sedução, pecado, sexo e ou...