Capítulo Cinquenta e Sete

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Senti náuseas, dor no corpo, vontade de chorar e sumir. O velho me encarava como se quisesse uma resposta rápida, sem pensamentos duradouros. O que eu iria dizer? Precisava ir para à casa mas não queria fazer sexo à força.

— E então? — Ele rotulou a pergunta.

— Ela não está disponível, James.

Borges apareceu aonde estávamos, me salvando do perigo mas me colocando em outro. Tinha um charuto entre os dedos, com o semblante de um mafioso poderoso. O que ele era, de verdade.

— Para estar aqui é porque está disponível. — Rodeou a ponta dos dedos, como se fosse uma mania ridícula de rico.

— Mas ela não. — Borges ofereceu um braço para mim. — Vamos, minha princesa! Temos muito o que conversar. — Segurei em sua mão, com medo que ele fizesse alguma coisa.

Fomos andando de volta para o corredor estreito. Ele levava minha mão como se fôssemos namorados apaixonados, mas estava fora de cogitação. Quando entrei no pequeno camarim que estava desde que cheguei, meu coração palpitou. Não havia ninguém, as chances de acontecer algo eram imensas.

— Está gostando da sua nova casa? — Trancou a porta.

— Vai tentar me estuprar de novo? — Enfrentei.

— Claro que não. Eu jamais faria algo tão cruel com uma boneca como você! — Tocou o meu rosto. — Esse biquíni ficou lindo. Eu gostaria que você tirasse para eu conseguir ver melhor. — Alisou o meu corpo mas eu o parei.

— Tire suas mãos nojentas de mim! — O afastei, pela segunda vez. — Por que você é assim? Por que o Micael é assim?

— O Micael é um doente de merda. — Fumou o charuto, deixando suas mãos longe do meu corpo. — Ele sempre foi um doente de merda! Psicopata, inútil e sem talento nenhum.

— Você também batia em Marjorie. — Meu coração iria sair pela boca. O que estava dando em mim?

— Marjorie. — Soltou um riso para dentro, desacreditado. — Eu fiz tudo o que aquela cretina queria. Quando o Micael nasceu, eu fui obrigado a colocar ela no eixo!

— Bater é colocar as coisas no eixo?

— Você não sabe o que é isso, princesa. — Borges tinha um olhar de deboche sob mim. — Você ainda não está preparada para a metade de benefícios que eu posso lhe oferecer.

— Benefícios? — Fiquei incrédula. — Desde quando essas meninas estão sequestradas? Elas também tem família! Precisam voltar para a casa!

— Entende uma coisa, garota. — Borges pegou em meu braço, com força. — Puta não tem família. Entendeu? Coloque isso na sua cabeça quando for fugir de casa, como uma garotinha mimada.

— Micael me bateu, por isso eu fugi. — Tive ódio.

— Você irá fugir todas as vezes que ele levantar a mão para você? — Borges gargalhou alto.

— Ele deveria me respeitar.

— O Micael nunca vai te respeitar! Ele só vai fazer isso quando estiver na beira da morte. Conheço o filho que eu tenho. — Deixou o meu braço, que estava avermelhado.

Três batidas na porta que me fizeram ter um respiro de alívio. Borges atendeu com desprezo o capanga que estava para o lado de fora, xingando algo e fechando a porta novamente.

— Vou deixar você descansar. Deve estar... Se sentindo mal por hoje. — Mudou de feição rapidamente. — Amanhã você não escapa!

— Eu não vou trabalhar. — Cerrei os meus dentes.

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