Capítulo Vinte e Dois

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Amélie me encarou com desprezo antes de dar dois passos até mim, ficando em minha frente. Senti sua mão leve, que agora, havia ficado pesada. O barulho fez Tina sair de onde estava, segurando os cabelos de Amélie e chutando a mesma sem parar. Mexi o maxilar antes de separar as duas, que estavam brigando.

— Parem já com isso! — Desgrudei Tina de cima. — Podem parar com isso, por favor?

— Foi essa puta com bicheira que começou. — Tina fuzilou Amélie com o olhar. — Sabemos que a Sophia errou mas você está se achando demais!

— Só você pode falar algo nessa relação? Me poupe, Tina. — Amélie resmungou. — Fiquem as duas trouxas para longe de mim. Eu sou melhor do que vocês! Lésbicas ridículas!

— VÁ SE FODER, AMÉLIE! VÁ SE FODER! — Segurei Tina novamente. — Melhor você ir quicar em um pau morto de velho, é o melhor que você sabe fazer. — Tina continuou resmungando enquanto víamos Amélie sair, sem falar mais nada.

— Ei, ei. — Segurei em seus braços. — Já chega! Você não pode ficar nesse estado.

— A Amélie é uma prostituta, Sophia! Eu só estava esperando o dia que ela iria falar isso, essa doente sem noção. — Tina sentou em uma cadeira mais próxima, mexeu em seus cabelos. — Caralho, preciso beber! — Levantou novamente.

— Deixa que eu pego uma bebida para você. — Sorri de agrado, indo até à adega da senhora Jonhson. Li alguns rótulos mas sabia qual uísque Tina se adaptava mais.

Duas pedras de gelo e um gole certeiro até o meio do pequeno copo encurtado. Entreguei à Tina que bebeu, um pouco trêmula.

— Sua mãe não está aqui? — Perguntei.

— Você sabe que não. — Tina mordeu um gelo, com raiva. — Será que Amélie está no caminho? Eu posso socar a cara dela até sair sangue daquele nariz de tucano horroroso. — Resmungou.

— Tina, não! — Puxei uma cadeira, me sentando em sua frente. — Esquece ela! Amélie não quer mais a nossa amizade.

— A Amélie nunca vai perdoar o que você fez no dia daquela porra de vernissage. — Me contou.

— Não foi por mal.

— É, a gente sabe que não foi mas você mudou muito, Sophia. — Senti tristeza em sua voz. — Pessoas mudam.

— Eu não mudei tanto assim. — Segurei em sua mão, fazendo Tina deixar o copo com uísque.

— Eu gosto de você, Sophia. — Nos encaramos. — De verdade!

Umedeci os lábios e fiquei corada, passando meu dedão levemente sobre a mão de Tina, que sorriu com o carinho que estava recebendo. Nos aproximamos devagar, cerrando os olhos.
Meu celular havia tocado, me assustando um pouco e fazendo com que Tina recuasse o que estava acontecendo.

— Só um segundo! — Avisei, me levantando. — Alô? — Coloquei minha mão dentro do bolso da calça, andando pela casa da senhora Jonhson.

— Onde você está? — A voz mácula de Micael me fez virar uma pedra de gelo em segundos.

— Em casa. — Levantei os ombros, tentando cair na minha mentira. Eu me sentia mal por isso... — Sua mãe me trouxe! — O relembrei.

— Seu pai não desconfiou de nada?

— Não. Ele estava dormindo. — Engoli seco. — Podemos nos falar amanhã? Estou com medo de escutarem e acontecer alguma coisa.

— Irei buscar você amanhã de manhã, entendeu?

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