Capítulo Noventa e Dois

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Deitamos na cama de casal, que estava em um quarto de hóspedes, onde Francis nos deixou à vontade. Micael soltou um suspiro pesado quando escutou Tina soltar alguns gritinhos, vindo do quarto ao lado. As risadas vieram em seguida.

— Prometo que esse pesadelo irá acabar! — Segurou na minha mão. Estávamos deitados de barriga para cima, encarando o teto.

— Eu entendo que você odeia a Tina. — Pausei. — Mas ela está ajudando muito a gente.

— Francis está ajudando muito a gente. Ele é dono da casa!

— Mas é casado com a Tina.

— Noivo. — Me corrigiu.

— Que seja. — Revirei meus olhos. — Só quero que tudo fique bem! Não quero que meu bebê nasça nessa guerra. — Toquei minha barriga por cima do pijama.

Micael colocou sua mão, também por cima, alisando com cuidado.

— Prometo que vamos ser ótimos pais. — Sorriu leve. — Irei me esforçar ao máximo para ser uma ótima pessoa à ele!

— E você vai. — Sorrimos.

— Papaizinhoooooooooo! O bebê está com fome e quer mamar. — Escutamos a voz de Tina.

Micael fechou os olhos, morrendo por dentro. Achei graça mas não decidi rir em alto, ele ficaria mais bravo ainda.

— Ainda bem que está acabando esse inferno. — Fechou os olhos, onde tentamos dormir. O que foi um pouco impossível.

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Fiz minhas higienes matinais no dia seguinte, vesti uma roupa leve e desci para tomar café. Tina e Micael já estavam discutindo, enquanto Francis escutava um podcast em seu fone sem fio. Pegou o jornal e saiu de perto, deixando os dois se matarem.

— Bom dia! — Fiquei no balcão que havia, já que Tina não tinha mesa.

— Para quem? Seu marido não para de me xingar desde a hora que lavou essa cara de cavalo mal comido. — Tina disse alto, provocando outra discussão.

— Eu mal consegui dormir! Já você, vi que a festa foi extremamente boa no seu quartinho. — Debochou.

— Deveria ter te convidado, você está precisando transar para afastar esse seu mau humor.

— Chega, pode ser? — Apartei. — É começo do dia e vocês ainda estão brigando.

— Você não e depois sobra para mim. É por isso que o seu marido vive brigando com as pessoas! — Tina fez uma careta para Micael. — Graças a Deus o tal de Alexander vem comprar essa merda de quadro, não aguento você mais na minha casa.

— A casa não é sua, é do Francis.

— Foda-se! — Tina soltou gases enquanto saía andando. Fiz uma careta, assim como Micael. Porém, achei graça depois.

Escutamos a campainha tocar. Francis correu para atender, vendo Alexander o abraçar. Micael foi atrás, se preparando para fazer sala.

— Bom te ver, Micael! — Alexander retirou o óculos escuro que estava usando. — Olá à todos.

— Precisamos conversar. — Micael estava sério. — Francis, podemos usar o seu escritório?

— Eu não preciso que você esconde toda a situação, Micael. Todos já sabem! — Alexander foi direto. — Você precisa de dinheiro antes que morra de fome.

Micael ficou em silêncio, assim como todos que estavam no ambiente. Tina ficou surpresa com a fala de Alexander, engolindo seco.

— Marjorie bloqueou as nossas contas do banco. — Sai em defesa de Micael, andando até Alexander. — Queríamos fugir do país, antes que ela se junte com Borges e mate a gente.

— Foi você que incendiou o puteiro dele, não foi? — Alexander observou Micael, que assentiu.

— Sim, fui eu.

— Isso vai dar problema quando ele te achar.

— É por isso que eu preciso sair do país. Fugir! — Micael deixou bem específico. — Eu pintei alguns quadros ontem, você...

Alexander mostrou a mão, parando Micael. Abriram caminho quando ele observou os quadros, como se estivesse em uma vernissage particular.

— Certo. — Mordeu a ponta do óculos, observando com atenção. — Eu não quero isso.

— Alexander... — Micael se desesperou, indo até ele.

— Ao invés de você me vender quadros, você pode me ajudar a se ajudar. Entendeu? — Os dois se encaravam. — Já estou providenciando o seu longa, não deve demorar para...

— Não temos tempo, Alexander! Eu preciso do dinheiro, agora. — Deu ênfase.

— Seria mais difícil do que eu pensei. — Alexander colocou as mãos na cintura. — Eu quero falar com ela! — Apontou para mim.

Francis e Tina tiveram o olhar sob mim, quando passei por eles, indo de encontro com Alexander. Micael fechou o rosto, não gostando da cena.

— A sós. — Alexander silabou. Micael balbuciou mas teve a mão de Francis o puxando, tirando ele dali à força.

Engoli seco quando Alexander viu o ambiente em silêncio, segurando em minhas mãos para dizer o que queria.

— Senti sua falta!

— Precisamos de ajuda e não isso! — Puxei minha mão, ficando brava. — Vamos morrer se o Borges achar a gente.

— Ninguém mandou o seu marido fazer tanta merda. — Pigarreou. — Agora ele precisa de dinheiro e está desesperado. Adiantou alguma coisa?

— Você pode ajudar a gente, Alexander!

Ele soltou um risinho, andando de um lado para o outro.

— É, você tem razão. Eu posso ajudar vocês mas eu não quero ajudar vocês. — Me cercou. — Micael precisa disso para aprender a não ser tão arrogante.

— Não temos tempos para o passado, Alexander. — Cerrei meus olhos. — Precisamos sair daqui!

Ele parou em minha frente, segurando delicadamente em meu rosto, como fazia.

— Eu tenho uma proposta à você. — Dedilhou o meu maxilar, atento nas expressões. — Eu ajudo vocês à saírem do país.

— Quanto isso irá valer? — Fiquei imóvel quando vi ele se aproximar, cheirando o meu pescoço.

— A sua boceta.

Sorriu com malícia quando seu olhar voltou ao meu. Fiquei pálida, perdida nas palavras.

— Não posso fazer isso. — Neguei.

— Então, sinto muito! Irá morrer pelas mãos do sogro. — Alexander juntou as mãos, dando uma palma drástica.

Engoli seco e tomei coragem.

— Eu aceito a proposta com uma condição! — Bati de frente.

Vi uma luz se acender em Alexander, que sorria de orelha à orelha, como um maníaco pervertido.

— O que?

— Eu transo com você se Micael estiver junto!

Alexander riu gostosamente, negando com a cabeça e sorrindo no final. Me encarou, umedecendo os lábios.

— Um ménage?

— E um milhão na minha conta. Agora! — Cerrei os dentes, com ódio por dentro.

A primeira e última proposta que eu faria em toda à minha vida.

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