Capitulo 1: A vida na nobreza

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Região rural de Cambridge, relativamente próxima a capital Londres. Ano de 1810.

Juliette estava de frente a sua penteadeira e sua criada de quarto lhe ajudava a vestir seu vestido. A cor escolhida era um lindo vestido verde lodo, com um caimento leve mas que ornava totalmente com seu tom de pele.

Seus cabelos estavam dispostos num penteado semi preso e sua criada lhe dava os últimos retoques. Ela se olhava no espelho e se achava linda, porém seu coração estava triste. Era hoje que ela receberia seu noivo e seu futuro sogro, eles vinham de uma longa viagem e jantaram com ela e seu pai. A casa estava muito movimentada com a criadagem toda empenhada em oferta o melhor para as nobres visitas.

Ela terminou de se aprontar e desceu ao encontro do pai que lhe aguardava na sala de estar da enorme mansão.

- Minha filha... Estás linda. Fabulosa. - disse seu pai se levantando.

- Achas mesmo papai?

- Não acho, tenho plena certeza. Seu futuro marido ficará encantado com sua beleza.

- não sei papai... Tenho dúvidas. Não o conheço. O senhor não me deu a melhor das referências.

- ele só gosta de jogar cartas Juliette e beber.

- ele deve ser bastante acabado então... Papai, tenha piedade de mim. Não quero casar com esse homem. - segurou firme na mão do pai.

- eu sou um homem de palavra Juliette, só posso desmanchar isso se o rapaz não te quiser de nenhuma forma.

- ainda preciso ser humilhada? É isso?

- ele vai te querer. O pai o está obrigando e por que não iria te querer? Só se ele for doido.

- obrigada por me animar papai.

Juliette sentou-se na enorme cadeira que estava compondo a sala e só tinha de alternativa esperar o Visconde Stuart e seu filho.

...

Ao cair da noite o senhor Lourival começou a ficar extremamente preocupado.

- algo aconteceu. O Juarez nunca se atrasa.

- papai enxergue o óbvio. Esse rapaz não vai querer casar comigo. Temos um título menor, por que não procurou um filho de um barão?

- calada! Pare já de falar essas coisas. Esse casamento é a nossa chance de não cairmos na ruína total. Não precisa se apaixonar por ele, precisa apenas casar e já é o bastante.

Juliette sentiu os olhos ficarem turbos de lágrimas. Mas ela sabia que era o princípio da dor que seria sua vida.

Mais algum tempo passou e por fim o Visconde Stuart foi anunciado.

Um senhor esquio e já idoso adentrou na sala, mas ele estava sozinho. E
Juliette soube que seu filho não havia aceitado a proposta. Ela tinha sido rejeitada, apesar daquilo ser um livramento, era impossível não se sentir menor, o homem não se deu ao trabalho de vir ao menos conhecê-la.

- desculpe-me o atraso. Infelizmente, peguei uma tempestade no caminho, foi difícil chegar.

- e teu filho, onde se encontra? Vem em outra carruagem?

Juarez ficou pensativo e terminou por inventar uma desculpa.

- ele não conseguiu vir, estava em uma viagem a trabalho. Mas eu não poderia deixar de vir aqui visitar vocês e conhecer minha futura nora. - ele olhou para Juliette.

- não é uma beldade? Eu te falei que ela era.

- Rodolffo ficará encantado, não tenho dúvidas.

Juliette pensou que agora sabia o nome do noivo, ele se chamava Rodolffo.

- eu não tenho dúvidas que seu Rodolffo gostará de minha doce Juliette.

- ela também gostará dele e é por esse motivo que minha missão aqui hoje é convidá-los para ir a minha propriedade. Assim a apresentação será feita adequadamente.

- mas seria mais adequado que ele vinhesse aqui primeiro...

- ele anda muito ocupado. Não será possível. Juliette se não for incomodo gostaria que a senhorita se retirasse, preciso conversar a sós com seu pai.

- pois não. - disse ela educadamente e rumou para a biblioteca.

Juliette parou no meio do caminho e ficou escondida em um lugar que eles não a veriam, ela precisava ouvir a verdade.

- cadê teu filho? Por que ele não veio? - perguntou a Juarez.

- ele não quer casar. Deixei ele em casa bêbado como um porco.

- mas ele nem conheceu a minha filha.

- ele a odeia sem nem conhecê-la. Não sei como será isso, mas convença tua filha a ir para a minha propriedade amanhã.

- eu vou junto.

- claro que vai. Tenho que usar um plano enérgico para ver se ele aceita. Vou ameaçar tocar fogo nele vivo, será o único meio que ainda não utilizei.

- por Deus. Que problemas tem teu filho?

- todos os do mundo. Nunca imaginei um homem mais rebelde, mas ele vai mudar.

- estou seriamente preocupado de entregar minha filha a esse patife do seu filho.

- nem ouse desfazer isso Lourival, se não te arruino em toda a Inglaterra.

Juliette ouvia tudo aquilo e se sentiu tão mal que parecia que era uma mercadoria de valor nenhum. E ouvir que seu futuro marido é um patife era ainda muito pior.

...

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