Sofrimento de Liam

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Liam Payne

Quando acordo, logo me deparo com meu despertador indicando a hora e o dia. Domingo, uma semana de folga antes de voltar para o inferno que eu chamo de escola. Sinceramente, não sei por que ainda não larguei.

Ainda é noite, ou seja, meu intuito de dormir o dia todo não deu certo.

Nem Zayn está me fazendo ter gosto de viver... Na verdade, já não vejo nenhum sentimento de Zayn por mim. E isso está me matando aos poucos, por que não sei o que fazer. Se eu for até a casa dele, sei que ele vai estar ríspido e frio comigo, também sei que se eu não for, vai ficar parecendo que estou pouco me importando.

Mas até quando vou me humilhar por migalhas de sua atenção? Desde que ele começou a trabalhar, sua mente parece distante, indiferente a minha presença. Eu não pareço nada quando estou diante de seus olhos desinteressados por mim. É isso o que mais dói. O desinteresse.

Eu era a coisa mais interessante para ele e do nada tudo mudou.

Mas tenho de fazer alguma coisa, não é mesmo? Ficar parado esperando o tempo passar não é o certo, por mais tentador que seja. Abraçar o Zayn é a minha maior necessidade agora, essa situação com meu pai está acabando comigo. Só Zayn pode me acalentar.

Me arrumo da melhor forma possível depois de tomar um bom banho. Dou um jeito em meu cabelo e coloco meu óculos. Estou um gato! Uma coisa diferente é a minha autoestima, ela mudou. Não me sinto mal com meu corpo. Eu sou perfeito do jeito que eu sou, desde meus olhos até às cicatrizes.

Quando saio do quarto, um arrepio percorreu meu corpo. Enfim não importa! Vou em direção a sala e encontro minha mãe, sóbria por incrível que pareça e com uma carta em mãos. Parecendo ver alguma coisa e não estar gostando:

— Tudo bem com a senhora? — Pergunto por preocupação, ela pode estar se sentindo mal com alguma coisa, esse é meu medo.

Ela me lança uma olhadela rápida qual me deixa assustado. Identifiquei ódio neles e agora sei o que vem. Apenas quero saber o motivo para o que vai acontecer dessa vez.

Ela abaixa a carta lentamente e vejo se tratar de uma foto, só não consigo ver ela por inteiro:

— Ontem eu recebi essa... Carta — engoliu em seco e pude ver ela tremendo de raiva. — Não acreditei no que vi ontem e deixei para analisar hoje pela manhã... Então, quando pego esse maldito pedaço de papel, vejo essa foto:

Ela lança o papel sobre a mesa de centro e não tem a imagem clara de mim e Zayn, nos beijando. Estávamos tão entretidos que não vimos a pessoa ali tão perto, nos fotografando.

— Agora é a parte em que você me diz ser uma montagem e isso vai ser jogado no lixo. — Ela disse usando a típica agressividade na voz, abracei meu corpo e ela logo identificou esse sinal.

Ela identifica esse sinal como se eu estivesse me entregando pela merda que eu fiz na concepção dela, mas eu apenas faço isso em uma tentativa de me proteger.

Não quero apanhar de novo, não quero!

— Mãe, eu... — As palavras morrem em meus lábios, não sou capaz de mentir sobre o que eu sinto por Zayn apenas para me safar.

Eu o amo e não vou esconder isso de ninguém.

— Vamos, Liam, me diga que você não é um veado igual o miserável do seu pai! — Bradou batendo no braço da poltrona em que está sentada com força.

— Isso é verdade, mãe. Estou namorando o garoto da foto, o nome dele é... Aaah! — Sinto meu cabelo ser puxado.

Minha mãe me arrasta em direção a cozinha pelo meu cabelo. Sou derrubado no processo, sinto minhas costas rasparem no piso frios até que eu paro. Algo de metal atinge minha cabeça e identifico ser uma panela:

— Eu sabia que tinha uma coisa de errada com você desde que olhei para essa sua cara nojenta no hospital! — Gritou começando a me espancar com uma frigideira pesada.

Consegui me afastar um pouco, foi custoso. Quando consegui me afastar o suficiente, me levantei e corri em direção a sala:

— Para mãe, por favor, para! Eu te amo, mamãe! — Gritei vendo ela se aproximar com um olhar assassino.

Me jogue de joelhos e abracei suas pernas, mas o que eu recebi foram golpes. Tapas e puxões:

— Quando seu pai me abandonou para ficar com a bicha dele, eu jurei a mim mesma que faria de você um homem de verdade. Um homem melhor que ele, só que o sangue ruim dele corre em você. Você virou um transmissor de AIDS!

Quando ela ia me acertar novamente, me afastei e a empurrei. Seu corpo parou no chão, não se machucou, mss pereceu surpresa. Me encarou furiosa e falou aquelas palavras que todo garoto gay não wuer escutar:

— Para mim você morreu hoje! Vá embora da minha casa!

Meus olhos se arregalaram e pensei em uma forma de reverter isso, porém, em meu íntimo sei que não tem mais volta.

Apenas me levanto e subo minhas escadas, soco tudo o que posso dentro da minha mochila da escola.  Por sorte não é muita coisa, penduro ela em meus ombros. Por último, vou até um porta retrato onde minha mãe me segura bebê.
Dou um sorriso para o garotinho da foto, o garotinho que morreu em parte há muito tempo. Agora está morte de vez.

Desço as escadas e encontro minha mãe segurando a porta de casa aberta. Passo por ela ouvido diversas palavras feias, nomes que jamais irei pronunciar. Alguns vizinhos saem para olhar e eu só ignoro. Não irei correr, não fiz nada de errado para correr como um criminoso.

Ando, ando, ando, ando... Ando até meus pés começarem a doer. Me esqueci de como a casa de Zayn é longe quando se está a pé. Estou passando por uma parte mal cuidada do bairro, um lugar escuro e tomado por viciados em entorpecentes. Quando estou apertando o passo por causa do perigo, alguém me agarra e me joga para dentro de um beco.

Me debato, quando sinto dois pares de mãos me segurarem. Sinto minha calça ser arrancada, enquanto outra mão cobre minha boca.

Deus... Será que meu sofrimento nunca vai ter fim?

Apaixonado Pelo Valentão - ShameronOnde histórias criam vida. Descubra agora