A Puta

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Camila Cabello

Poucos se perguntam como o segredo me afetou depois de ser vazado, nem o próprio Shawn parece ter se importado com meu bem estar, quem mais se iria fazer isso?

Esse é o mal de não ter amigos reais, aqueles que você consegue dar um salto no escuro pois sabe que eles estarão ali a sua espera, apenas para amortecer a sua queda.

Enquanto Cameron tenho o Liam, eu não tenho ninguém. Nem aquela pessoas que tenho uma ligação parece se importar, quando eu passos pelos corredores e as meninas me olham: Algumas com nojo, outras com deboche.

A palavra que mais me dó é aquela com quarto letras: Puta.

Eu sou uma puta por fazer sexo consensual com me próprio primo? Talvez sim, se a sociedade assim enxerga é por que a verdade, pura e simples, só posse ser essa. Uma puta, vadia, vagabunda, atirada e até prostituta. O quê mais? Tantas formas de humilhar alguém, as pessoas só conseguem pensar nessas palavras?

Vejo o olhar de pena vindo de Hailee sobre mim, enquanto atravesso o corredor rumo a saída da escola. Hailee... A primeira garota por quem me apaixonei, com quem descobri esse sentimento por garotas que eu reprimi todos esses anos e que nunca serei capaz de revelar.

Sinto algo acertar minha cabeça e vejo ser um caderno assim que o objeto cai no chão. Não sei quem o jou e acho que não quero saber, apenas vou fugir desses olhares de julgamento.

Aperto meu passo e encontro um carro em frente a escola: O carro dos pais do Shawn, meus tios e pela forma como o senhor Mendes me encara, sei que devo apenas entrar no carro.

Não vejo Shawn.

— Entre nesse carro! — Ele diz sem me olhar diretamente agora, apenas apertando o volante com força, os olhos apertados e a boca em uma linha fina

É como se ele tentasse manter a raiva sob controle, apertando partes do corpo. Não parece adiantar muito, por isso entrei no carro para aliviar um pouco sua irritação... Também não parece adiantar muito.

Um forte aperto cobre meu braço, os dedos dele estão marcando minha pele e solto apenas um gemido de dor:

— Uma vadia como você não merece ficar na minha casa ou na casa dos seus pais — ele apertou ainda mais. — Lembra quem cuida de todos os seus bens? Vamos ver se vai sobrar alguma coisa para você depois disso.

— Não pode... — Minha tentativa de protestar é calada com um tapa no meu rosto.

— Melhor ficar calada! Quer que eu te mande para o outro lado do país?

Apenas rejeito a ideia com minha cabeça e vejo ele começar a dirigir. Olho pela janela e vejo o garoto de olhos puxados nos encarando de forma assutada, a boca entreaberta em surpresa. Dei um sorriso e acenei discretamente para ele que retribuiu um pouco sem graça.

Talvez eu nunca volte a ver aqueles olhinhos engraçados outra vez. Por que sou uma puta!

Me encolho no banco do passageiro e fujo de seu olhar. Minhas palpebras começam a esquentar gradativamente, apenas aguardo chegarmos em casa.

Os minutos se passaram como segundos, então saí do carro e entre na casa vendo Shawn sentado no sofá de cabeça baixa, senhora Mendes em pé alisando sua cabeça e logo o senhor Mendes se colocou ao lado dela. Os dois me olharam enojados e Shawn um pouco assustados, porem identifiquei um sentimento lá no fundo.

Ele está feliz... Por algum motivo mesmo em meio essa situação desgraçada, ele está feliz e seus olhos brilhando evidencia isso.

A senhora Mendes puxou o ar e soltou de uma vez:

— Sempre soube que você não prestava. O sangue dos seus pais corre em suas veias... — negou me analisando como um caso perdido, algo a ser encarado com pena. — Você levou nosso filho para o mal caminho, sua vagabunda!

Ela viro até mim e subitamente me direcionou um tapa. Meu rosto se inclinou para o lado, a ardência não foi pior que ser acusada de corromper a essência de alguém. Estão colocando toda a culpa pelo que nós fizemos, em cima de mim e isso é tão injusto...

— Mãe... Ela não... — Shawn tentou se mover, me apoiar, mas seu pai o impediu forcando-o a se sentar outra vez.

— Shawn, não tente defender essa puta! Ela te seduziu, o próprio primo, para poder ter uma foda fácil. Sua suja, vagabunda! — outro tapa marcou meu lado direito, meus cabelos foram puxados e cai no chão. — Você não é mais bem vinda na minha casa, sua sem futuro!

Comecei a ser puxada a base de tapas e pontapés. O sapato fino dela me machucou entre as costelas e em meus seios. Tento me soltar, esperneio, mas de nada adianta pois as unhas da minha própria tia ferem meu couro cabeludo.

A porta de entrada se abre, sou jogada na calçada e no mesmo instante as gotas de chuva começam a cair. A senhora Mendes cospe em cima de mim, me chama outra vez de Puta.

A porta se fecha quando ela passa,  sozinha estou. Lembro do dia em que ajudei a espancar o Cameron e talvez eu esteja pagando pelo que fiz... Feri uma pessoa inocente, apenas para me sentir melhor.



Apaixonado Pelo Valentão - ShameronOnde histórias criam vida. Descubra agora