Arrependimento

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Cameron Dallas

Aquela sensação ruim persistiu em meu peito. Não passou por nada, nem com as palhaçadas de Camila para me distrair ou a jeito galanteador do Shawn. Até mesmos as discussões e as brigas em casa conseguiram afastar minha mente daquele arrepio, do calafrio que percorreu minhas costas e subiu pelo pescoço.

Só de imaginar, passo uma das mãos na minha nuca, como se eu ainda pudesse senti-lo.

Amanheci em minha cama, com os olhos abertos e me levantei instintivamente para começar a minha rotina. Procurei por algum trabalho interessante antes de ir para escola, porém não encontrei nada de tão bom. Apenas alguns serviços para dar visualizações em um blog no Google.

Comecei me srrumar no automático, não consegui pensar em mais nada com foco total. Apenas me concentrei naquelas sensação ruim, no rosto de Arón e como eu podia ter ido apenas conversar com ele. Mas não fui, não fui por puro orgulho e me deixei levar por um rancor que digo não o ter. Eu tenho.

Não importa o quanto eu negue, ainda me sinto horrivelmente péssimo quando lembro da traição. A verdade é que o ego ferido, dói mais que um coração partido. O ego machucado de quem foi desvalorizado e tratado como nada, traído, tratado como inferior a outra pessoa.

A verdade inevitável é que estou no direito de me sentir assim com o Arón, mas por qual motivo me sinto tão me errado em guardar esse ódio todo dele? Me sinto amargo, falso... Falso por dizer a todos que o perdoei, quando o que eu sinto é definitivamente o contrário. Amargo por que esse ódio me consome.

E é aceitando meus sentimentos que finalmente me sinto capaz de perdoa-lo. Meus olhos esquentam e olho para um porta retrato com nossa foto. Nela, estou deitado e seu colo e ele tirou a foto de cima para baixo, pegando o rosto dele e a minha expressão distraída. Deixo um sorriso escapar, talvez o melhor seja lembrar dos momentos bons e seguir em frente.

Momentos memoráveis, melhores que aquele em que o flagrei me traindo.

Como no dia em que o conheci, quando uma bola de basquete acertou minha cabeça e quase me levou ao chão. Posso até não ter caído, mas o sangue escorreu no momento em que a bola acertou minha testa. Arón se ofereceu para me acompanhar até a enfermaria, mesmo eu o tratando grosseiramente por conta da dor.

Ou no dia do nosso primeiro beijo, quando houve uma pegadinha na escola, onde jogaram tinta em todos os garotos mais novos e depois confetes. Ele foi responsável por jogar e mim, no meio da folia ele me roubou um beijo. Foi um dos momentos mais divertidos da minha vida, pois depois disso começou uma perseguição onde tirei suja ele da tinta.

Ainda me pergunto como alguém consegue beijar outra toda suja de tinta, sem se sujar. Pois é, ele conseguiu essa façanha.

Até lembrar dos seus sorrisos, me faz sorrir. Realmente, não tenho mais o por que sentir raiva dele, muito menos nojo. E talvez, ele precise saber disso: que não o odeio, que já o perdoei e mesmo não estando mais com ele, o amo como uma pessoa importante que passou pela minha vida.

Nem tudo vem para ficar.

Desço as escadas a passos largos e encontro meu pai sentado no sofá, de cabeça baixa e Geoff no outro. Logo entendi que o clima entre eles está péssimo, e não é para menos. Os dois me olham e me sinto constrangido, de repente a vontade de comer passa subitamente. Vou em direção a porta e quando estou prestes a abria-la, ouço a voz do meu pai:

— Quer que eu o leve? — A sua voz sai rouca, quase embargada.

Não preciso virar em sua direção para lhe dar a resposta, apenas respondo:

— Jamais vou perdoar o Liam... Nem o senhor por estar passando mão na cabeça dele — só então me viro, ele está me encarando de forma séria, talvez desejando que eu me cale. — Mas eu não tenho direito de julgar ninguém por seus erros, e não vou fazer.

Apaixonado Pelo Valentão - ShameronOnde histórias criam vida. Descubra agora