Uma vida sem você

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Cameron Dallas

A viagem de Nicholas ficou marcada para a semana seguinte e ele prometeu não usar nada até lá. Por incrível que pareça, todos caíram nessa promessa dele, mas eu não. Não é fácil desapegar de um vício e não é uma ameaça seguida de uma surra que vai parar isso.

Desde então só vemos a cara dele na hora do jantar e no almoço, depois ele sai para o trabalho junto a Zayn. Os dois não são amigos, mas amam conversar sobre algumas coisas, mesmo ninguém sabendo exatamente o teor dessa conversa.

Estranhamente eles mudam de assunto sempre que alguém se aproxima e isso começou a me irritar para falar a verdade, mas quem sou para ficar inquirindo os outros a respeito de suas conversas? Até o próprio Liam já questionou o Zayn sobre isso e o próprio disse: Conversa de homem, amor.

Isso gerou uma briga onde Liam sentiu que Zayn queria questionar a sexualidade dele por aparentemente ser o passivo e sensível da relação. Eu mesmo achei isso, mas também não vou me intrometer para ver mais briga.

Voltando ao Nick, nossa relação nunca foi linda e amigável, agora menos ainda. De alguma forma ele ficou sabendo do que falei ao pai dele: Que ele mereceu a surra que levou do pai.
Desde então ele mal me olha na cara e quando o faz, sempre carrega um olhar de raiva. Eu pouco me importei e retribui.
A única vez em que realmente trocamos algumas palavras, foi mais um monólogo da parte dele. Ele apenas começou a falar uma pá de coisas do nada, sem direcionar para mim exatamente.

Apenas uma coisa eu senti que foi direcionada a mim, pois ele me segurou pelo colarinho sem exercer força alguma de verdade, me senti uma boneca de pano nas mãos dele:

— Um dia você vai se decepcionar, seu mundo vai ruir e você vai ver que a única coisa que pode aliviar isso, também pode te matar.

As pessoas poderiam entende isso como uma espécie de ameaça da parte dele, mas não foi. Acho que foi mais uma espécie de aviso e eu procurei ignorar para não me preocupar. Deixar isso alugar um espaço na minha cabeça é exatamente do que eu não preciso.

Agora, Arón escuta tudo o que falei parecendo um pouco atônito:

— Nunca tive que lidar com nenhum viciado na minha família. — sorriu. — Na verdade as pessoas da minha família tem o costume de dizer que somos "corretos". Eu sou a ovelha negra... Na verdade, ovelha rosa da família.

Comecei gargalhar junto dele. Estou sentado, as minhas pernas cruzadas e a cabeça dele deitada em meu colo. Passo os dedos entre seus fios e ele de olhos fechados vai falando tudo o que é necessário:

— Ele está um pilha comigo! — Diz e Arón abre os olhos.

— Ele te machucou? — A voz dele me pareceu levemente mais grave, comum do Arón quando está com raiva.

Apenas neguei com a cabeça dei um sorriso tranquilizador. Ele tornou a fechar os olhos e ficamos em silêncio por quase dez minutos, apenas aproveitando a presença um do outro:

— Amor.

— Fale, Arón. — Falei um pouco distraído em meus pensamentos e sobre o que Nick me falou da última vez.

Embora inevitável, fiquei com medo de ser uma ameaça, mesmo que meu lado racional entenda que não:

— Do que você tem medo? E não falo desses medos comuns, tipo: Medo de barata ou morrer afogado, sabe?

Pensei um pouco e entendi exatamente do que ele quer falar:

— Quer falar sobre aqueles medos mais profundos e intrínsecos que todos nós temos e fingimos não ter, pois isso iria nos deixar exposto aos outros?

— Caramba, amor, é por isso que eu te amo! Você sabe exatamente do que eu estou falando, mesmo quando eu mesmo não sei explicar direito. — Ele sorriu alegre, os olhos brilhando o que me deixou um pouco emocionado.

— Você... Me ama? — Indagou um pouco descrente em como alguém pode amar a outra assim, em tão pouco tempo.

Arón se ergueu um pouco, aquele sorriso ainda nos lábios e segurou minha mão. Um beijo esquentou minha bochecha e seus olhos de prenderam aos meus e resisti a vontade de chorar:

— Não apenas amo, como adoro e quero viver até o último dia da minha vida com você. — ele me deixou um beijo rápido em meus lábios, mas ainda foi preenchido de carinho. — Sabe qual o meu maior medo?

— Qual?

— Não ter você. — arregalo meus olhos e me forço a não chorar. — Fico pensando, se existe uma vida onde eu nunca te conheci e fico imaginando o quão triste ela é. Parece que minha vida só começou de verdade quando eu te conheci.

Não soube o que falar e Arón pareceu não esperar uma resposta para a declaração dele. Apenas olhou para frente, ainda carregando aquele sorriso largo no rosto. Foi então que veio a pergunta:

— Mas então, Cam... Qual o maior medo do amor da minha vida?

O olhei, encostei minha cabeça em seu ombro de evitei de encara-lo diretamente:

— O meu maior medo é perder todas as pessoas que eu gosto... Inclusive você. — Falei e ele pareceu feliz, mesmo sem eu retribuir a declaração de amor dele.

Convenhamos, há um abismo enorme entre amar e gostar. Eu estou de um lado e Arón de outro, infelizmente.

Infelizmente...

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Espero mesmo que tenha gostado do Capítulo pois me deu alguns gatilhos. Kkkk

Mas agora fazendo da pergunta do Arón, minha: Qual o maior medo de vocês?

Apaixonado Pelo Valentão - ShameronOnde histórias criam vida. Descubra agora