Camila Cabello
Fingir não notar os olhares apaixonados de Ross está ficando cada vez mais difícil, e ainda mais difícil, resistir s tentação ceder ao seu jeito inteligente e fofo de ser. Nunca me senti tão receosa e intimidada por sentir algo da espécie por alguém. É como se eu fosse novamente uma garotinha boba, toda apaixonada pelo primeiro garoto que não a trata apenas como uma pessoa para satisfazer as vontades deles. O primeiro garoto que vê além do meu corpo, enxerga algo bom dentro de mim.
O primeiro garoto além do meu próprio primo, que não me deixar sentir sozinha.
Mas a situação a minha frente é melhor que esses pensamentos desconexos, pois o que realmente atrai s minha atenção no momento é ver o diretor Mahone sendo levado pelo policial. Um pouco mais atrás, uma mulher negra de cabelos curtos, em um corte que a sociedade considera masculino, e trajando roupas sociais.
Conselho...
O homem gritava como um louco, xingando a mulher tudo o quanto é nome. Inclusive, fazendo algumas insinuações de cunho racista. Apenas cruzei meus braços e o observei ser levando em direção a saída da escola, gritando, dizendo aos berros que todos naquela escola são lixos. Pecados, nojentos, imorais... Apenas algumas das palavras usadas para descrever alunos que ele considera como inferiores.
A mulher usando o vestido caminhou até o centro do refeitório:
— Austin Mahone, quero que compareça a sala do diretor, imediatamente!
Austin que estava em pé olhando o pai ser expulso do colégio, olhou para a mulher do conselho e a seguiu pelo corredor. Encarei Ross, buscando alguma forma de passar a mensagem apenas com o olhar. Acho que ele me entendeu, pois começou andar primeiro que eu.
Que orgulho!
Fomos andando cautelosamente, um pouco atrás de Austin, sempre tomando cuidado para não sermos percebidos como bisbilhoteiros. Eles entraram na secretaria, e nós fomos até a porta e encostamos ao lado, ficando de frente para os armários atrás de nós. Dessa forma poderíamos ver se alguém nos notaria ouvindo a conversa dos outros. Eu fiquei na parede do lado direito a porta e Ross do lado esquerdo. Ele sinalizou que eu deveria seguir para um lado e eu para outro, caso a senhora do conselho estivesse saindo da sala.
Nos concentramos na conversa que estava baixa de mais, mas conseguimos pescar a voz de Austin, dizendo:
— Não, por que eu vou ser expulso? — a voz dele não tinha traços vitimismo ou alguma forma de se passar como coitadinho, na verdade, parecia que ele estava achando um absurdo ser expulso. — Esses garotos...
Outra parte que não ouvimos pois de repente ele falou baixo de mais, para então ouvirmos a mulher do conselho dizer em alto e bom som:
— Tem sorte de não ser preso por homofobia e racismo, senhor Mahone. Já é o suficiente seu pai ser preso por ser líder da comunidade escolar e ainda assim ser conivente com toda essa situação. — ela fez uma pausa e tornou a falar firmemente. — Na nossa escola, jamais incentivamos qualquer tipo de discriminação e preconceito. Pode acreditar que quaisquer atos como esse serão duramente reprimidos.
Austin deu uma gargalhada que me arrancou um arrepio e ali tive certeza de o quão perturbada é a mente daquele garoto. Quase recuei e fui embora, mas Ross me olhou como se pedisse para ficar.
Fechei os olhos e me concentrei na conversa:
— Não acredito nisso! Então quer dizer que zelar por uma América grande novamente, é errado? Ganho uma expulsão por querer destruir as pessoas que acabaram com a moral e costumes ocidentais? — ele riu de novo e notei deboche e escárnio em seu tom de voz, talvez até um pouco de nojo. — Mas é claro... Tinha que ser uma crioula como você para organizar essa palhaçada toda contra meu pai. Com esse seu cabelinho, só pode ser uma sapata.
De repente passos se aproximaram da porta e fizemos o combinado. Eu fui para um lado e Ross para outro. Demos uma volta pelos corredores e fomos nos encontrar em frente a sala de ciências. Ross tinha os olhos arregalados e acredito que eu não estou muito diferente. Aproveitei e mandei umas mensagem para Cameron, falando sobre a situação de forma superficial.
Me encostei em um armário e respirei fundo. Ross imitou meu gesto e me rodeou com o seu braços, gesto esse que me deixou mais calma. Vez o Ross agindo dessa maneira com as pessoas, me faz pensar sobre como eu era com todos. Como tratava todo mundo que eu pensava ser inferior a mim, apenas por que isso me causava uma sensação de superioridade em mim. Mas no fim, eu sempre fui inferior a todos eles. Sempre fui um lixo de pessoa, uma vadia, uma filha da puta. Puta...
Me desvencilhou dos braços de Ross e dei alguns passos para me afastar dele. Eu não entendo como ele conseguia me olhar, sabendo de tudo que eu fiz, da relação nojenta que eu tinha com meu próprio primo. Senti seu toque em meu cotovelo, mas me livrei bruscamente em virei. Seus olhos estavam focados em mim, sua boca levemente entreaberta com minha agressividade repentina.
Gaguejei, mas consegui me acalmar para fazer a pergunta que está entalada em minha garganta todo esse tempo em que estivemos próximos:
— Como consegue me suportar? — doeu para o meu ego, fazer essa pergunta, mas realmente foi sincera, do fundo da minha alma.
— Do que está falando?
A sua expressão foi pura confusão e me obriguei a explicar:
— Eu sou a garota mais nojenta que você conheceu nessa escola. Sabendo que eu trepava com meu primo e era uma escrota, você ainda assim, consegue me olhar sem me julgar, sem sentir nojo. Como? Eu sou uma vadia! Pessoas como eu não prestam. Eu não te mereço, Ross!
Meu corpo se encolheu, como se fosse insuportável para mim mesmo, falar aquilo sobre mim. Essa autocrítica agiu como facas em minha alma, facas que eu mesmo enfiei.
— Por que você é perfeita. — O seu sorriso foi o mais radiante e sincero que já vi, mas mesmo assim, custa acreditar.
— Conta outra! — soltei. — Todos os garotos que já se aproximaram de mim foi por interesse em minha beleza, sobre o quanto eu posso ser uma vadia com eles na cama, nunca foi por algo bom dentro de mim. As pessoas nunca olharam para a minha personalidade.
— Bem, eu olhei. — afirmou dando de ombros e um sorriso com as sobrancelhas erguidas. — Seu corpo para mim é apenas um mero detalhe. Nunca fui de olhar para isso, mas também não sou hipócrita para falar que seu corpo não me chama a atenção. Só que ele foi a última coisa que enxerguei quando te conheci. Seu jeitinho, me encantou muito mais.
Isso me calou, foi como um tapa na cara. Ainda assim não me dei por vencida, apenas neguei com a cabeça e afirmei:
— Ainda assim. Eu não te mereço.
Ross começou a se aproximar e eu não me movi. Suas mãos passaram por minha cintura, e seu corpo ficou próximo ao meu. Meu estômago se revirou como se eu fosse uma adolescente vivendo a primeira paixão da sua vida. Mas Ross não foi a única, só que foi a primeira a me causar uma sensação diferente. Uma sensação de proteção, conforto e de ser amada.
— Só quem pode decidir se você me mereceu, sou eu... — Sussurrou bem perto de meu rosto.
E esse sentimento único, me fez ficar nas pontas dos pés e selar nossos lábios. O beijo foi como uma explosão, fogos de artifícios explodindo por toda parte. Não passou de um selinho, mas ainda assim, me causou uma sensação tão boa que eu não quis me desvencilhar. E pelo que pude sentir, ele também não quis parar por um segundo sequer.
Porém...
A voz de Austin sendo arrastado pelos corredores por seguranças, nos chamou a atenção. Ele gritava e esperneava, se debatia e tentava de livrar do aperto. Os alunos saíram de suas salas e se amontoaram no corredor. O maldito foi levado até a saída junto com seus pertences e lançado para fora. Está bem, não foi jogado para fora, mas foi colocado na calçada de forma brusca.
Um sorriso surgiu em meu rosto. A felicidade de estar vivendo um amor, e euforia de ver a queda de uma pessoa ruim.
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Apaixonado Pelo Valentão - Shameron
FanficCameron Dallas é um jovem gay que sempre se apaixona por garotos que não correspondem às suas expectativas amorosas. Mas sua paixão atual é um pouco diferente: Shawn Mendes, um rapaz bonito e popular conhecido por seu jeito valentão. Entre segredos...