Ainda Te Amo

113 16 22
                                    

Shawn Mendes

As três primeiras aulas acabaram bem rápido. Ultimamente tenho me esforçado para tirar notas boas até nas matérias que tenho dificuldade, até por que se eu for parar de estudar e agir como um idiota, vou virar um sem futuro.

E eu não quero virar um sem futuro como várias pessoas já falaram que eu serei:

— E aí, mano! — Austin Mahone chegou em mim, todo animado e eu não gostei. Não quero ser visto conversando com esse cara. — Era você que atormentava os veadinhos dessa escola, antes?

Merda! Se o Cameron me ver falando com esse cara, meu filme vai ficar ainda mais queimado:

— Não quero me envolver com essas merdas, mais não, mano!

Ele gargalhou como se eu estivesse falando uma bosta bem grande e isso me incomodou, tenho que admitir. Sei que minha imagem não é das melhores para as pessoas de fora e dentro da escola, mas daí me envolver com um racista de merda?

Preciso vazar da sala antes que mais alguém me veja papeando com esse cuzão.

Fecho minha cara para deixar claro que não estou com vontade de ficar conversando com ele, mas o retardado parece não notar:

— Qual é a graça, mano? — Perguntei cruzando meus braços e o encarando.

Austin é um pouco maior que eu, mas acho que consigo passar por cima caso ele resolva me enfrentar. É só mais um filho da puta!

— Só estou achando engraçado você pagando de bom, quando todo mundo sabe que em veado, você bate! — Ele falou puxando um baseado do bolso, verificando e então o colocou de volta no bolso, dando uma olhada para a porta da sala.

O cuzão é todo descuidado! Tira um baseado na sala de aula, que todos sabem ter câmera. Balancei a cabeça para os lados, ignorando o fato de eu poder me foder por estar aqui com ele. Evito o olhar diretamente e pergunto:

— O que você quer de mim, cara?

Ele acena positivamente, adquirindo um sorriso confiante, como se tivesse ganhado alguma coisa. Otário! Nem disse o que quer e já está agindo como se eu tivesse aceitado alguma coisa:

— Queria juntar um pessoal para dar um chá de realidade algumas espécies que estão se proliferando aqui nessa escola — ele olhou ao redor me dando raiva. — lembro quando essa escola só aceitava pessoas de bem, direitas...

Só de olhar na cara desse merda, senti nojo. Dei um sorriso, um sorriso que mostrou meu desprezo pela sua insinuação. Ele quer realmente que eu faça parte de um grupo intolerante dentro da escola? Até quando ele acha que essa ideia vai dar certo? O diretor pode acabar com isso rapidinho:

— Não quero fazer parte dessas coisas aí não, mano. Isso aí só vai dar é em merda, além de ser errado para caralho! Quando o diretor descobrir esse seu plano, você vai se foder! — Falei e já fui me afastando, quando ele me segurou pelo ombro e me puxou.

— Calma aí, Mendes! Fica despreocupado com isso, que não vai dar problema nenhum para a gente — ele se aproximou como se fosse me confidenciar um segredo muito importante. — Não sei se você sabe, mas meu pai é o diretor dessa escola.

Me livrei de seu aperto de uma forma brusca que o assustou um pouco:

— Caralho, seu merda! — gritei já dando um empurrão que o lançou em direção a umas mesas. — Você ainda não entendeu que não vou com tua cara? Se esqueceu que eu estava te dando uma surra junto ao Piper lá no refeitório?

— Lembro... E até agora não entendi por que você se doeu... Antes você batia em veado, queria matar essa raça e agora fica se doendo se alguém fala alguma coisa com eles?

Levantei minhas cabeça e pedi forças a Deus para não quebrar a cara daquele idiota naquela hora mesmo.

— Shawn... Você vem para o... Refeitório... — Camila surgiu na porta e ficou olhando para Austin.

O desgraçado olhou para Camila com um nojo no olhar que me deixou puto no mesmo instante. Quase vou para cima dele, se não fosse Camila balançar a cabeça para esquerda e para a direita, me persuadindo a não fazer nada.

Austin olhou para mim e depois para ele, então começou a sair da sala enquanto dizia:

— Agora entendi você, Shawn Mendes... — passou por Camila lançando para ele um olhar que e diria ser ameaçador. — O dia de vocês estão contados.

Camila entrou na sala e ficou me olhando buscando uma resposta:

— Quer mesmo conquistar o Cameron? Então pare de atrair pessoas como ele para a sua cola. — Ela diz e então se dá conta que de certa forma, ela agia como o Austin no passado.

Sentei em uma das mesas e fiquei encarando o vazio, buscando uma resposta para algo que eu nem sei a certo o quê. Apenas olhei para baixo e vi Camila de aproximar, sentar ao meu lado.

— Viu a declaração do Arón em frente a escola para ele? — Olhei para ele sentindo lágrimas brotarem em minha face.

Ela apenas acenou positivamente olhando para porta e segui o seu olhar, encontrando Cameron nos encarando um pouco sem graça:

— Perdão, não quero que pensem que eu estava ouvindo a conversa.

Ele começou a ir embora, mas eu o chamei. Camila aproveitou para sair da sala, enquanto Cameron voltava me olhando desconfiado:

— Não temos nada para falar, temos? — A indiferença em seu tom de voz me fez arder o peito.

— Se tivesse, teria ido embora só invés de ter ficado como eu pedi. — Lhe dei o meu melhor sorriso, sedutor o que não deu muito certo, pois Cameron parece armado de uma indiferença rígida.

Mesmo que eu sentisse a atração, ele estava alheio a qualquer sensação que existisse entre nós dois:

— Fala logo, Shawn. — Firme foi em sua ordem, me deixando um pouco incomodado.

— Eu só queria saber — me levantei e fui até ele, parando a poucos centímetros dele. — Você ainda me ama, Cameron?

— É sério?! Me chamou aqui para isso? — Tentou dar as costas, mas eu o puxei em minha direção e o abracei pela cintura.

Mesmo se debatendo, não teve forças para se livrar de mim:

— Se não me soltar, eu vou gritar. — A ameaça me pareceu bem séria, por isso, o soltei.

Ele deu alguns passos para trás, se desequilibrando mas recuperou o equilíbrio. Me olhando atônito, ele pareceu buscar em mim razões ocultas, buscou a verdade. Se ele soubesse a verdade: Eu o amo.

— Eu ainda te amo, Cameron. — Falei e comecei a chorar, sem nenhum tipo de constrangimento.

Vi nos olhos dele uma forma de pena, porém isso sumiu e sua feição de endureceu:

— Eu também te amo... — dei um sorriso, sentindo uma ponta de esperança. — mas acho que você não é merecedor do meu amor.

Ele então se virou e saiu da sala, me deixando diminuído em minha própria desgraça.

Apaixonado Pelo Valentão - ShameronOnde histórias criam vida. Descubra agora