Jogos

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Cameron Dallas

Shawn se arrumava para ir a escola. Ele desliza os pés no tênis e a calça fricciona na pele desnuda, ainda molhada pelo banho recém-tomado. Uma gota alva derrama pelo peito, ondula em direção ao cós da calça, e a visão da curva em "V" que desemboca no paraíso me hipnotiza. O corpo dele é como uma trilha que conduz a um mundo de prazer. Shawn exibe um corpo musculoso, tão viril quanto impecavelmente depilado. Mas isso pouco importa para mim. Pelos podem ser um tanto desagradáveis, sejamos sinceros. Prefiro sua pele lisinha, desprovida de qualquer distração, como uma tela a ser desenhada com suavidade.

Eu não percebo quando Shawn começa a me observar, mas minha atenção é atraída pelo sorriso malicioso que aparece em seus lábios. De repente, ele se inclina em minha direção, tendo o cuidado de não me machucar. Uma de suas pernas se interpõe entre as minhas, seus braços se estendem por ambos os lados do meu corpo, seu rosto perigosamente perto do meu e sua respiração quente provoca arrepios em meu corpo.

Ele sussurra com a voz grossa:

— Acho que eu deveria faltar a escola hoje. — ele atacou meu pescoço em uma sequência de beijos. — Tem uma coisa mais gostosa para fazer em casa.

Resisto as investidas tentadoras dele e o empurro com toda a minha força de vontade.

Céus, por que fui me apaixonar por um garoto tão gostoso?

— Nem pensar! Meu pai deixou bem claro que se fosse ficar aqui, tem que ir estudar, entendeu? — Shawn fez uma careta, se sentando na cama. — Nem vem com essa cara, Shawn. Você sabe muito bem que precisa concluir seus estudos com uma boa nota, para então ingressar numa boa faculdade.

— Me esqueci que não dependo mais do dinheiro do meu pai... — Mordeu a parte interna da bochecha, se sentando na cama.

— Deve ser foda para você... Você tinha uma vida "perfeita", todo o dinheiro para gastar como quisesse e agora está vivendo na casa do namorado pobre.

Shawn me olha surpreso, um sorriso brotando na face e ele se joga outra vez em cima de mim:

— Repete! — Ele manda.

O olho irritado:

— Não vou me repetir que sou pobre. Já é o suficiente me chamar de pobre uma vez.

— Não, amor... Quero que repita o que eu sou para você. — sorriu. — se você repetir, eu prometo que vou para a escola todo dia, sem reclamar.

Dou uma gargalhada incontida. Ele volta a beijar meu pescoço e eu digo:

— Tá bom, eu falo, eu falo! — me afasto dele. — Meu namorado.

Shawn sorri, levanta em um só pulo e veste uma camisa as pressas. O último detalhe é a sua mochila, que ele usa só uma alça. Só não está desgastada por que ele vive trocando de mochila, se não fosse isso, a alça dele estaria só o pó.

Antes de ir embora, Shawn me dá um beijo rápido na boca e então sai em disparada para escola, bufando por ter de ir a aula.

O tempo passa um pouco devagar, e quando Shawn vai embora, as coisas ruins voltam a me atormentar. Zayn, Hailee... Droga!!!

Me levanto e começo a andar pelo quarto, o nervoso começa a tomar conta de todos os membros de meu corpo. Esfrego meus braços, para tentar conter a vontade de me bater, de me arranhar, de gritar. Gritar a plenos pulmões.

Ouço uma batida a porta, mas ignoro. Mesmo não tendo ninguém em casa, ninguém para abrir a porta além de mim, não irei descer. Não quero descer. Minha mente está tão conturbada que descer as escadas seria um sacrifício para mim. Apenas quero meu irmão de volta, quero a minha família de volta. Agora que o Shawn foi para escola, vejo que foi uma besteira ter dito para ele ir. Será que se eu gritar, ele escuta?

Mais batidas a porta, dessa vez mais frenéticas e fortes.

Vou até a janela de má vontade e tento olhar. Infelizmente a minha janela não permite que eu tenha uma boa visão de quem está na porta. Bufo e desço as escadas correndo, tentando parecer o menos nervoso possível. Tento ver pelo olho mágico, mas não tem ninguém.

Abro a porta de uma vez e falo:

— Seja quem for que estiver fazendo essa brincadeira, não é... — Vejo um pacote de papel marrom jogado no segundo degrau que dá para a entrada de minha casa.

Olho para o pacote, penso ser alguma entrega, mas... O entregador sumiu assim tão rápido? Saio de casa, ando pelo gramado e chego bem perto da pista. Não vejo nenhuma van de entrega, ou sinal de algum entregador.

Pelo tempo que levou da última batida em minha porta, até eu olhar pelo olho mágico, eu devia ter visto pelo menos ele indo embora.

Balanço a cabeça em negativa e começo a andar em direção a minha casa. Pego amo tal pacote, que é bem leve na verdade, e entro. Vou em direção a cozinha e deixo o pacote em cima do balcão.

Pego um copo de água e tomo em um só gole, em seguida, pego uma faca e me dirijo para o pacote. Não tem remetente ou destinatário, nem um código de barras. Balanço para ver se faz algum barulho que indique exatamente o que é, mas nada. Leve e muito fino, aparentemente.

Rasgo o pacote lentamente, para não danificar o que tem dentro e começo a revirar o papel de fora. Quando abro, vejo um envelope amarelo. Um envelope dentro do pacote de papelão... Piada.

Abro o envelope e confiro que tem fotos... Não!

Fotos, não apenas fotos. São fotos do Zayn, dormindo e com sangue em sua cabeça. Sem nenhuma roupa no corpo.

Minhas mãos começam a tremer, Imediatamente as lágrimas brotam em minha face e eu solto um soluço. A imagem me acerta com um soco e noto quando um papel cai de minhas mãos. Me abaixo e pego o papel branco. Talvez  tenha caído de trás da foto, eu não sei...

Abro o papel braço e encontro uma carta, as letras não parecem ter sido escritas a mão. É semelhante a uma carta digitada pelo computador.

As palavras são as seguintes:

Querido Cameron, acredito que esteja nesse momento chorando e muito preocupado, botando a mão no peito, um costume seu quando está nervoso.

Mas peço que não se preocupe. Não machucarei o Zayn, na verdade, quero fazer um jogo com você. Além desta foto, irei encontrar maneiras de mandar mais três.

Se descobrir a localização do seu seu irmão antes de eu enviar a última foto, garanto que não irei fazer mal algum a ele. Caso, eu mande a última foto, nunca mais verá o seu irmão novamente.

Virei o verso da folha e encontrei mais palavras, aproveitei para tirar a mão do meu peito:

Deixo o aviso: Caso tente falar a alguém sobre a nossos jogos, garanto que a próxima foto que receberá, será a da cabeça do Zayn aberta. Estou sempre observando, tenho olhos em todos os cantos...

Que comecem os jogos.

Apaixonado Pelo Valentão - ShameronOnde histórias criam vida. Descubra agora