Cameron Dallas pouco sabia, mas na mesma escolha há um garoto chamado Liam, que passa por problemas parecidos.
Os dias em casa podem ser infernais ou apenas um purgatório calmo. Tudo depende de quantas garrafas de bebidas vão estar em cima da mesa da cozinha e o cheiro de álcool no ar. Se eu chegar na beira da cozinha e encontrar pratos quebrados, a única opção que tenho é uma correr para o meu quarto e me tranca, rezando para ela desistir de me bater.
Geralmente ela não desistia nunca, batia na porta até eu abrir. Se eu não abrir é pior, ela sempre bota mais força no cinto quando eu a irrito de mais. Por isso, rezo para não chegar em casa hoje e encontrar ela bêbada. Já é doloroso vê-la jogada no sofá, com ressaca e fedendo a tudo de ruim.
Pego o saco de lixo, minha tentativa de amenizar as surras fazendo as tarefas domésticas. Hoje lavei os pratos, limpei a casa e fiz o café. No processo acabei sujando minha farda de café, minha única farda. Na escola todos podem escolher usar a farda ou roupas comuns, mas não quero gastar minhas roupas com a escola. Já tenho poucas...
Saio de casa o mais rápido que posso, jogo o lixo na lata e meto a mão no bolso da minha cala. Procuro meu dinheiro para o lanche, puxo minha mão e tem apenas três dólares e algumas moedas. Deve dar para alguma coisa.
Sento no ponto de ônibus da esquina e abraço minha mochila. Olho as horas em meu celular com a tela rachada, um modelo bem antigo e lento, mas me serve muito bem. Não tenho dinheiro para ter um celular novo, mal tenho para comida. Estou tão concentrado em mexer em um bottom velho do One Direction em minha bolsa que não noto a aproximação de um carro. Só percebo, quando um assobio chama minha atenção, quando olho... Ah não! Shawn Mendes aqui não!
Me encolho no banco, esperando pelo que pode vir acontecer. Uma surra ou uma sessão de ofensas. Se fosse apenas uma ameaça, seria bom. Ele chama atenção dos seus amigos e aponta para mim, entre eles Camila Cabello, sua namorada:
— Ei frutinha, sujou sua camisa de merda?
Se referiu a mancha marrom em minha camisa branca da escola, as pessoas me olham com nojo e se afastam. Procuro tentar explicar, mas é inútil:
— Ele ficou tristonho, amor... — Camilla debochou rindo com os amigos de Shawn, inclusive o próprio.
— Responde a minha pergunta, bicha! — bradou já ameaçando sair do carro. — tô achando que esses veados do colégio ficaram surdos, só pode ser isso.
Ele ameaçou sair do carro e u me sobressalto. Não, ele vai me bater!
— Isso é café. — ele me olhou, analisando a mancha. — Eu me molhei com café...
Shawn ficou sério, ele conhece a minha história. Embora ninguém vá acreditar, Shawn e eu já fomos colegas por um tempo. Ele sabe da minha mãe e das coisas que eu passo:
— "Own", a mãe pobretona bota você para cozinhar? — Camilla soltou me arrancando lágrimas.
E por incrível que pareça, Shawn se intromete:
— Cala essa boca!
Camilla olhou para ele como se tivesse cometido o maior pecado da vida dele. Shawn me encarava em um misto de pena e raiva, parecia um combate interno entre ódio e empatia. Eu queriam correr, sumir e sair dessa humilhação.
Os amigos de Shawn ficaram olhando para de mim psra Camilla, ela agora reclamava sobre ele estar me defendendo e sua grosseria "gratuita" nas palavras dela. Ele ignorou suas reclamações e deu partida no carro, me deixando diminuído na minha própria desgraça.
••••
Chego na escola. Tento ocultar a mancha de café cruzando meus braços na frente do meu peito. Sinto alguns olhares sobre mim, mais especificamente nas minhas roupas desgastadas. Meu tênis tem um rasgão na lateral, posso sentir a sola tão desgastada que sinto como se ela fosse feita de papel. Corro para dentro, quanto antes eu chegar na sala, mais rápido posso me esconder de qualquer valentão. Estou andando rápido de mais, sei que isso perigooosoo...
O chão machuca minha bunda e faço uma careta. As risadas ecoam ao meu redor, isso só pode ser um inferno, o pior Inferno. Levanto com os resto de dignidade presente em.meu corpo e continuo o meu caminho.
Já sofri com perguntas como:
"Por que você não revida?"
Mas a verdade é que quando se é minoria, é difícil revidar sabendo que você será o errado sempre. Como momentos atrás, eu caí e todos se reuniram contra mim. Nenhum deles deixou de rir da minha cara ou das minhas roupas.
Nenhum ser humano presta na verdade.
Esrou quase entrando na minha sala, ali eu teria um pouco mais de paz. Quando estou a um passo, alguém sai e esbarra em mim. Tremo na base, me encolho e digo prontamente:
— Des-Desculp-pa eu não v-vi você. — Não olho a pessoa na face, não quero correr o risco de apanhar.
— Tudo bem. — A pessoa falou e só ali tive coragem de levantar meu olhar para ele.
Sempre fui péssimo em disfarçar minhas emoções ou mentir. A beleza do garoto me deixou nervoso, dei um passo para trás me perdendo em sua pele bronzeada, claros traços árabes. Seu cabelo em um topete, tinha uma mecha branca e usava brinco nas orelhas. Ele tem um sorriso, mas então seu olhar assume nojo:
— Que porra é essa na sua camisa?
Meu sorriso some rapidamente, passo por ele e não olho para trás. No primeiro sinal de humanidade, ela morre tão rapidamente quanto um bife em meio a uma alcatéia de lobos.
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Apaixonado Pelo Valentão - Shameron
FanficCameron Dallas é um jovem gay que sempre se apaixona por garotos que não correspondem às suas expectativas amorosas. Mas sua paixão atual é um pouco diferente: Shawn Mendes, um rapaz bonito e popular conhecido por seu jeito valentão. Entre segredos...