No Morro da Gafieira 2

31

Vamos pra mais um capítulo, bombons ✨️ 🍬 🤎

Boa leitura!! ✨️ 🤍

Rebecca

Leblon, RJ, Brasil ✨️ 🇧🇷
Terça-feira ⏰️🌃

Tava tudo indo bem até o meu pai descobrir a minha gravidez, quando ele me perguntou quem era o genitor da criança, minha garganta deu um nó que parecia não ter fim, é claro que eu sei quem é mas, não sou louca de abrir a boca pra dizer quem é, primeiro que o meu pai ele é muito homofóbico e nunca aceitaria o fato de eu ter namorado com uma mulher intersexual e futura sub dona de um morro, ele não sabe do meu namoro com a Sienna porque foi nos meses que estava viajando e eu também não podia revelar porque a Karla me contou que a Sienna e a Victória estão namorando oficialmente, elas merecem ter toda paz e felicidade do mundo e não sou eu que vou estragar, eu estava de castigo até hoje, minha mãe desde o dia que descobriu me trata com todo desprezo do mundo, eu até tentei ficar com os meninos que conheço e tem uma boa condição financeira mas, não consegui, ninguém merece ser enganado, quem sou eu pra enganar alguém em relação a paternidade de um bebê né, eu estava torcendo pro meu pai não descobrir mas, eu fui muito burra em deixar a bolsa que o teste e o exame estava pendurada. Agora eu tô sem pra onde ir, o que eu vou fazer da minha vida e ainda mais com um bebê na barriga, eu sinceramente não esperava ter ouvido as coisas que o meu pai falou pra mim e principalmente na parte em que ele disse que eu estou morta pra ele, eu sei que ele se preocupa com o sobrenome da família, com o dinheiro e a fama mas, olha pra mim, ele nunca ligou pra mim, muito menos foi presente em minha vida, eu cresci sozinha, a minha mãe me fazia de uma boneca fantoche, me controlava em tudo, o jeito que ela falou comigo me deixou tão mal, ela fingiu não saber de nada só pra não perder o marido, ou seja, ela prefere o marido do que a própria filha, ela tá renegando a segunda filha, a diferença é que a Aurora foi renegada por ela quando era um bebê e eu estou sendo renegada aos dezoito anos por estar grávida e não querer fazer um aborto idiota que além de ser errado, é perigoso, eu posso morrer na sala de cirurgia da clínica por ser totalmente clandestina mas, eles não se importam com isso, eu sempre fui contra ao aborto e agora que estou gerando um bebê eu vou ter aborta-lo por causa dos caprichos dos meus pais ou melhor ex pais né. Eu nunca abortaria esse bebê, ele não tem culpa da minha irresponsabilidade de não tomar anticoncepcional e de ter aceitado transar sem preservativo, eu sou a única culpada dessa situação toda e eu vou arcar com as minhas consequências, meu pai me bateu muito, ele me chutou e cuspiu em mim, me senti um lixo quando ele fez isso, era como se eu fosse uma criminosa ou pior do que isso, ultimamente eu tô apanhando muito, apanhei da Sienna e agora do meu pai mas, enfim não posso reclamar né, são minhas consequências.
Eu ainda não sabia pra onde ia, mas eu precisava sair daqui antes deles acordarem, não quero ser enxotada daqui igual um bicho amanhã de manhã, eu sempre quis ser mãe, pra poder dar todo amor e atenção que não recebi mas, não queria que fosse assim, o meu bebê não merece passar por isso, eu sempre vou me culpar por isso, por não poder dar uma vida digna pra ele ou ela, apesar de toda dificuldade que vou passar não vou desistir do meu bebê, agora vai ser só eu e ele.
Comecei arrumar as malas, peguei só minhas coisas de uso, roupas, sapatos, algumas bolsas, óculos, joias, meu celular e o carregador, não posso pegar outra coisa porque é bem capaz de me chamarem de ladra e me colocarem na cadeia, pedi pro Fernando que é o motorista descer com as malas, muitas roupas, sapatos, bolsas e óculos são muito caras então dá pra fazer um bazar e juntar um dinheiro pra comprar as coisas do bebê futuramente, meu pai me deu seis mil porque disse que eu não sirvo nem como garota de programa, acredito que esse dinheiro dá pra alugar alguma casa de três ou quatro cômodo em alguma favela e tá tudo bem por enquanto, desci as escadas ainda chorando e a dona Lídia que é a governanta da casa e foi minha babá, na verdade ela é mais do que isso é uma mãe pra mim, ela é dois anos mais velha que a minha mãe, uma vez ela me disse que é estéril mas, que o seu maior sonho era ser mãe e eu sou a filha que Deus deu a ela, sem contar que sempre cuidou de mim e me deu o amor que não tive dos meus pais ia saindo da cozinha pra ir pra casa dela, me viu com as malas e veio correndo até mim e eu abracei desabando no choro.