Jamais

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Num quarto escuro e deserto, 
Onde minha alma jaz incerta, 
Sentada em vigília, perplexa, 
Lembro de um tempo já ido. 
Enquanto a noite devorava, 
Implacável, sem tréguas ou aviso, 
E eu, sem alento, 
Sussurro a palavra "Jamais".

O vento uiva ferozmente, 
Como um lamento eterno, 
E meu coração, ressoando, 
Sabe que o fim se anuncia. 
As estrelas, em silêncio, 
Desaparecem no firmamento vasto, 
E eu, sem um destino, 
Repito "Jamais".

Os sonhos desfeitos, 
Que a vida esfarela, 
Num futuro sem rima ou razão, 
Se dissolvem na noite sem fim. 
O amanhã é só um reflexo, 
Vazio, frio, sem revelação, 
E as sombras murmuram, 
Comigo "Jamais".

Cada dia que amanhece, 
Sem que a dor se dissipe, 
Minha alma se retrai, 
Num ciclo de eterno sofrer. 
As promessas quebradas, 
Desfeitas, sem mais acreditar, 
E minha voz, fraca, 
Repete "Jamais".

Na janela, a chuva persiste, 
Como um triste hino, 
De um futuro que nunca parte, 
Que insiste em me envolver. 
Sem direção, sem esperança, 
Perdida na dor sem fim, 
E meu coração, 
Lamenta "Jamais".

O relógio, implacável, 
O tempo, inevitável, 
Com o peso inabalável, 
Marca cada passo do meu destino. 
E enquanto a escuridão avança, 
Sem trégua, num triste deslizar, 
Sei que amanhã, 
Será sempre "Jamais".

Assim, me vejo cativa, 
Ao destino inelutável, 
Num mar de desespero, 
Onde a luz nunca há de brilhar. 
E na solidão do meu lamento, 
Em tormento, a verdade a consumir, 
Encontro consolo, 
Na palavra "Jamais".

Minha Coleção de PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora