Inércia

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Acordo— 
o peso da manhã me envolve. 
Alimento o gato, 
ele me olha como se soubesse 
que eu só existo por ele. 
Alimento o cachorro, 
ele abana o rabo, mas até sua alegria 
me cansa.

Volto pra cama, 
o colchão é o único que me entende, 
que aceita meu cansaço sem perguntas. 
Fico ali, esperando, 
esperando o dia se dissolver, 
esperando a noite chegar 
para me envolver no único descanso 
que não exige nada de mim.

Respiro— 
é um ato simples, dizem, 
mas em mim, 
cada respiração pesa, 
cada suspiro é um lembrete 
de que estou aqui, 
mas não realmente viva. 
Apenas aqui.

Não vivo, 
não realmente, 
só ocupo espaço, 
consumo oxigênio 
que talvez alguém mais mereça. 
Estou apenas… aqui, 
navegando na rotina, 
esperando o tempo passar 
até que dormir seja novamente uma opção. 

Talvez um dia 
eu faça mais do que isso, 
mas por enquanto, 
é só isso— 
acordar, levantar, 
alimentar, deitar. 

Esperar.

Minha Coleção de PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora