...não posso pisar na linha,
não posso...
...se eu fizer isso algo ruim vai acontecer,
eu sei, eu sei, mas não posso evitar...repito... repito...
...repito até que esteja certo,
mas nunca está certo,
nunca está o bastante,
ainda não, mais uma vez,
de novo......eu preciso, preciso fazer de novo,
não está certo...
...se não fizer, tudo vai desmoronar,
tudo vai desabar, eu sei......mas por que, por quê...
...eu não sei por quê, mas eu tenho que fazer,
se não fizer, algo horrível vai acontecer,
e será minha culpa, toda minha culpa,
mais uma vez...as mãos tremem, a mente grita,
os olhos que olham, mas não enxergam,
presos...
...presos em um ciclo sem fim,
que nunca cessa, nunca para,
sempre, sempre girando......e se eu falhar?
...se eu deixar de cumprir o que criei?
...o que eu inventei,
mas que agora me controla,
que me sufoca,
que me mata lentamente......uma prisão invisível,
as correntes apertam...
...mas não há ninguém aqui,
só eu,
e essas regras que nunca terminam......manias, eu dizia...
...manias estranhas, mas agora...
...agora são correntes,
grilhões que eu mesma forjei,
e agora não posso quebrar...
não posso...
não posso sair......estou presa em mim mesma,
nas regras,
nas repetições,
no caos que eu criei,
no inferno que virou minha mente......e não há escape,
não há liberdade,
não há nada além dessa tortura,
que me devora,
que me consome......e mesmo assim,
eu continuo...
continuo repetindo,
tentando,
esperando...
...um alívio que nunca chega.