O tempo, implacável, marca o rosto
Com linhas que se aprofundam a cada dia,
E a juventude, tão distante,
Se perde nas brumas de uma memória vaga.Parece que foi ontem
Que eu corria pelos campos,
Sem medo, sem pressa,
Acreditando que o futuro era infinito.Hoje, o espelho reflete uma estranha,
Cansada, desgastada,
Com olhos que já não brilham,
Com um corpo que já não dança.As mãos, antes tão firmes,
Agora tremem, hesitantes,
E o coração, antes tão cheio de sonhos,
Agora bate em um ritmo lento, cansado.O que fiz com todo esse tempo?
Onde ficaram os planos, os amores,
As aventuras que nunca vivi,
As palavras que nunca disse?A vida passou por mim,
Como um rio que corre sem parar,
E eu fiquei na margem,
Apenas observando, sem mergulhar.Velha, cansada,
Carrego o peso dos anos,
Mas o fardo maior é saber
Que nunca fui realmente jovem.