Cap 3 - Entre a ficção e o desejo

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Boa leitura

Paulo

Eu beijo o pescoço dela, sentindo seu perfume, e quase faço uma loucura. Minha vontade é puxá-la para um canto e finalmente fazer o que desejo há tanto tempo. Quero roubar sua boca para mim, sentir seu gosto de verdade, explorar cada centímetro dela. Mas, quando ela começa a ceder, somos interrompidos por colegas, e eu me afasto antes que cometa um erro irreversível.

Tudo aconteceu rápido demais, não sei exatamente quando comecei a olhar para Gloria de um jeito diferente. Sempre a achei uma mulher interessante, atraente e sensual, mas era só admiração. Agora, depois de Terra e Paixão, isso se transformou em desejo — um desejo real, urgente, que preciso manter oculto. Contracenar com ela como um casal, sentir seu gosto, mesmo que tecnicamente, só serviu para atiçar ainda mais essa fome dentro de mim.

Ela está me enlouquecendo os olhares, os sorrisos, as provocações... O corpo dela. A bunda grande, os seios fartos, aquela boca deliciosa e única, as covinhas que aparecem quando ela sorri. Fora sua gentileza com todos, sempre amável, de alma leve, generosa, cheirosa, educada. Tudo nela me encanta e esse jogo de sedução que temos, principalmente em cena, está me levando para um lugar perigoso. Estou imaginando demais, querendo demais.

Gloria já percebeu que eu não olho apenas para Irene, sua personagem, mas para ela e isso me fascina ainda mais. Depois da festa, não consigo parar de pensar nessa mulher sendo minha — nem que seja por uma noite. Ela é casada, eu também mas essa loucura parece me dominar, controlar meus pensamentos, me consumir dia após dia, por mais que eu tente lutar contra isso.

Depois do que aconteceu na festa, depois da proximidade, do cheiro dela, do arrepio na pele... eu precisei ir embora. Se ficasse mais um minuto, cometeria uma besteira e eu não podia.

Quando chego em casa, Juliana já está dormindo, José também. A casa está silenciosa, como sempre deveria ser, mas minha mente continua agitada. Vou direto para o banheiro, ligo o chuveiro e deixo a água fria cair sobre mim, tentando afastar os pensamentos que insistem em me perseguir.

Enquanto a água escorre pelo meu corpo, lembro da mensagem que Luiz mandou mais cedo: amanhã será a gravação da primeira cena da Irene e do Vinícius no motel. Já fizemos as fotos de divulgação, mas a cena em si ainda não foi gravada. Confesso que estou nervoso não deveria estar, já fiz cenas assim antes, mas com Gloria... é diferente. Não sei explicar, só sei que preciso manter o controle.

Saio do banho, me seco, deito na cama nu mesmo. Fecho os olhos, tentando afastar qualquer pensamento proibido mas o sono demora a chegar.

Gloria

No final da festa, Orlando insistiu em me buscar. Aceitei, e quando cheguei em casa, tomei um banho e fui direto para a cama. Durante a noite, sonho com ele, acordo suada, o corpo quente, sentindo meu íntimo pulsar. O cheiro dele ainda está impregnado em mim, e, para minha surpresa, não acho isso ruim muito pelo contrário.

O dia amanhece, e a mensagem do Luiz me vem à cabeça: hoje gravamos a cena do motel, a primeira vez de Irene e Vinícius. Respiro fundo, sentindo um nervosismo que há muito tempo não experimentava. Depois de tantos anos atuando, é raro eu me sentir assim antes de uma cena. Mas dessa vez é diferente, me arrumo e sigo para a Globo, tentando afastar o turbilhão de pensamentos.

No camarim, passo pelo longo processo de colocar a lace, e quando termino, me sento para a maquiagem. Tudo parece normal até que Luiz entra e me chama.

- Glória, sei que você não gosta de aparecer com pouca roupa nas câmeras, então, se quiser, pode usar um hobby para se sentir mais confortável.

Minha primeira reação seria aceitar sem pensar duas vezes, como sempre fiz. Mas então, flashes passam pela minha cabeça: a mensagem no celular do Orlando, as viagens constantes, o afastamento entre nós. E, do nada, algo dentro de mim muda.

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