Capítulo 79.

586 81 36
                                    

Nos últimos três dias, tenho rondado o armazém onde vi William entregar um envelope para um sujeito

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Nos últimos três dias, tenho rondado o armazém onde vi William entregar um envelope para um sujeito. Não era como se eu tivesse muita coisa para fazer, já que Angel ainda estava emburrada comigo. E, embora eu adore vê-la brava, ameaçando minha vida, até eu sei quando é hora de dar espaço...

Gosto de pensar que ela é como eu: viciada na porra da sensação de perigo. Aquela excitação crua que te faz lembrar que está vivo de verdade, porque a morte está logo ali, te encarando. É nesse limite, nesse flerte com o abismo, que a gente encontra o verdadeiro significado de existir. Ela só precisa admitir isso, deixar de lutar contra o que já está no sangue. Pode chamar de "adrenalina" se quiser, mas nós dois sabemos que é algo muito mais visceral que isso.

Ainda assim, em vez de invadir o quartinho dela pela janela e me jogar naquela cama macia e cheirosa — tanto quanto ela —, decidi gastar minha energia tentando descobrir o que diabos acontece naquele armazém. Porque, na minha cabeça, ele era só mais um prédio abandonado. Mas, nos últimos três dias, vi muito movimento por lá durante a madrugada.

Pra ser mais exato: quatro homens. Sempre os mesmos, com roupas casuais, surradas, e suor escorrendo enquanto carregam caixas para um caminhão. Tráfico de drogas? Armas? Nada fazia muito sentido.

As drogas, até onde sei, são controladas por algum familiar do Pietro, uma gangue de motoqueiros ou algo assim. Ele não fala muito sobre isso, mas eu sei que é de lá que vem o que ele vende. Quanto às armas, Fallhearts não é exatamente uma cidade violenta. Não temos tiroteios, nem máfias rondando as ruas. Se estão usando o armazém, provavelmente é pra ficar fora do radar de cidades maiores.

Mas mesmo assim, algo não batia. Quem confiaria uma operação como essa a apenas quatro capangas de meia-idade? E que tipo de conexão William teria com algo assim?

Eu estava escondido nas sombras, o capuz puxado sobre a cabeça, observando pela mesma brecha na lateral do prédio onde sempre me posicionava. O silêncio era quase absoluto — por enquanto. A rua deserta parecia morta, exceto pelo fraco brilho das lâmpadas de mercúrio que mal iluminavam o asfalto.

Então, o som suave de um motor ao longe quebrou a calmaria. Um carro preto e reluzente desacelerou até parar na entrada do armazém. Fiquei tenso, ajustando minha posição para ter uma visão melhor. O motorista desceu primeiro, ágil, e abriu a porta traseira. De dentro, William saiu.

Ele vestia um terno preto impecável, gritando o ar de superioridade que ele carregava como uma segunda pele. Estreitei os olhos e respirei fundo, tentando manter minha calma e focar nos detalhes. Ele rodeou o carro com passos firmes, parando em frente ao portão do armazém. Poucos segundos depois, um dos capangas saiu de dentro, secando a testa suada com a manga da camisa.

— Como vai o andamento? — William perguntou, a voz controlada, o tom de autoridade inconfundível.

— Os arquivos estão sendo encaixotados e levados para o local de exterminação. — Respondeu o capanga, visivelmente tenso.

MIDNIGHT CLUB - #1 Onde histórias criam vida. Descubra agora