1 - Frank

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Filho da puta.

Desgraçado.

Puto.

Maldito.

Infeliz.

Baleia gorda e idiota.

Viado fodedor de corações indefesos.

Bicha arrombada.

Tá, certo, não exatamente arrombado, mas... Porra!

Mil vezes desgraçado... Aliás, um milhão.

Puta merda, eu não acreditava no que havia acabado de ver.

Gerard Way, eu te odeio com todas as minhas forças. E eu não tinha mais dúvidas disso.

Não sabia como reagir. Ele é um puto, desgraçado, viadinho de merda e... Argh! Eu não tinha mais palavras para conseguir xingar aquele filho da puta... Aquele mal fodido! Como ele pode ter feito uma coisa dessas?! Eu olhava para aquela revista e simplesmente não acreditava no que estava vendo. Aliás, não acreditava em como eu havia me prestado a comprar aquela porra assim que saí para comprar um maço de cigarros necessário para passar mais um dia vazio naquele quarto. Eu não andava acreditando em muita coisa, ultimamente. E, para começar, eu não acreditava que aquele infeliz seria capaz de uma coisa daquelas, não depois de tudo o que eu passei naqueles meses, do inferno que ele sabia exatamente o que eu estava vivenciando... De tudo o que eu enfrentei ao seu lado, de tudo o que eu fiz por ele.

Apesar de Gerard estar fodidamente gostoso na imagem da capa (Insira um grunhido mais do que revoltado aqui, o infeliz sempre iria me despertar essas coisas), ele estava me dando um tapa na cara. Um tapa certeiro, daqueles bem estalados. E esse tapa doía mais do que qualquer coisa que eu já tenha passado em toda a minha vida. Porque esse tapa era uma clara resposta ao que eu havia feito naquele dia no auditório.

Onde eu havia me atrevido a invadir uma de suas coletivas e beijá-lo. Ah, merda, aqueles lábios... A mão por minha cintura, o gosto dele... Eu nunca iria esquecer, nunca deixaria as sensações, os sabores, as lembranças se esvaírem de minha cabeça. Era inútil. Ele sempre seria parte de mim, mesmo com toda a dor... Com tudo o que eu sofri ao longo daqueles meses. E eu posso garantir, não sabia se Gerard estava sofrendo da mesma forma, mas eu pude sentir... Pude notar a sua sede, eu não iria me enganar. Eu não iria fingir que ele havia terminado tudo por querer. Havia alguma coisa nele que me puxava... Que me lembrava de toda a esperança que ele havia me dado. A mesma velha esperança que eu queria apagar de vez de dentro de mim, mas não conseguia.

Sempre seria ele. Acima de qualquer um.

Ele.

O dono de todos os meus pensamentos. Mesmo que eu não mais pertencesse aos seus braços, aos seus toques e todo o seu amor. Por mais que eu sentisse este ainda percorrendo em minhas veias. E doía... Mas não da forma boa, como doía no começo... Era uma dor sufocante, como se eu sempre estivesse com um saco plástico ao redor de minha cabeça, me sufocando. A cada dia, o ar ficava escasso, o corpo fraquejava e a mente se comportava de forma duvidosa. Mas aquele preço, eu precisava pagar... Eu não tinha dúvidas de todo o sonho que eu vivi ao seu lado, mas eu não podia mais me enganar. Gerard não estava preparado para mim.

E nem eu para ele. E sabe-se lá se, algum dia, estaríamos de verdade?

Enquanto isso, eu vivia com a dor. Com os dias vazios e o sofrimento que parecia não ter fim. E não era drama... Eu só... Eu era acostumado com ele, com os hábitos, com os sorrisos... Com o nosso dia a dia sempre cheio de surpresas. Longe de como eu o conheci, longe de como eu me entediava com a minha própria vida. E, mesmo com todas as novidades que haviam ocorrido ao longo daqueles meses de demasiada solidão, eu me sentia um pouco do Frank pré-Gerard, por assim dizer. E eu tentava, diariamente, me livrar daquele meu lado.

Surrender The Night || Frerard versionOnde histórias criam vida. Descubra agora