19 - Gerard

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 Desnorteado, voltei a tocar a campainha do apartamento em frente ao meu.

Apartamento que, agora, pertencia a Frank. Bom, até que me provassem o contrário, eu iria ficar ali agoniado e atônico, tentando colocar em minha cabeça que aquilo só poderia ser miragem. Que eu estava começando a alucinar a respeito de Frank ser meu mais novo vizinho, o que não acontecia a um ano, tamanha era a minha necessidade de tê-lo por perto. Sem falar que era Frank quem permeava minha vida por completo, desde que todas as revistas, jornais e canais de entretenimento mais alarmados com toda a situação, me ligavam noite e dia para saber do meu possível caso com Frank Iero.

Em um resumo rápido daqueles sete dias: Justin queria me matar pela foto que postei, queria comprar briga com Frank, o que não liguei, e havia me ligado algumas boas vezes durante aquela semana, o que antes ele raramente fazia. Os telefonemas, a não ser de Mikey, Bert, Ray e Bob, que eu recebia ao longo daqueles dias, eram prontamente ignorados, até que a poeira baixasse. Eu não andava com a cabeça muito boa e bem ajustada para lidar com tal problema de uma só vez, então decidi mergulhar por inteiro no que dizia a respeito do meu filme e em como as últimas gravações, com aquelas cenas adicionais que eu iria fazer, se iniciariam dali a um mês. A viagem havia sido de volta ao Canadá, me fazendo relaxar (até me lembrar da última vez que estive ali e ter alguns surtos momentâneos) e "esquecer" que eu tinha que voltar para NY e enfrentar tudo o que eu havia construído e desconstruído ao longo das semanas anteriores.

Era muita coisa e... Agora... Agora eu tinha que lidar com aquilo.

Com a ideia surreal de tê-lo bem ali, na minha cara, um corredor estúpido e dez passos, pelo que contei, nos separando. Além da porta amadeirada escura fechada bem diante de mim, enquanto eu ainda estava ali, parado, esperando que ela se abrisse magicamente e pudéssemos conversar. Não que eu fosse o mestre da conversa, mas ele não poderia esperar que eu fosse simplesmente engolir tal cena, voltar para o meu apartamento como se estivesse realmente tudo normal e que eu não estivesse a ponto de enlouquecer com todas... Todas as possibilidades que haviam passado por minha cabeça.

Cada uma delas favorecendo a mim ou a ele, naquela clara probabilidade de que aquilo era mais do que uma boa ideia... Era das melhores e ele tinha todos os créditos e os pontos que quisesse por ter feito aquela jogada. Eu nunca esperaria aquela ousadia, eu nunca iria imaginar que Frank fosse lembrar daquele apartamento vazio, bem ali... No lugar perfeito para nós dois. E eu tinha certeza de que Frank lembrar disso me cheirava a Bert ou a Mikey, mas eu não iria me atentar tanto àquilo.

Havia outra coisa a se fazer.

Eu não poderia ficar ali, estático, encarando uma porta e esperando que ela se abrisse e Frank e seu cachorrinho viessem em receber. Por sinal, o animal era bastante estranho, o que me fez sorrir com a memória de nossos dias em NJ, em como Frank era fascinado por seus animais de estimação e como ele também não havia se limitado a ter um por conta própria. Eu via um pouco do menino que morava comigo, que cuidava de tudo e de todos e senti algo em mim ser remoído, mas não de forma ruim... Pelo contrário... Era um dos primeiros sinais de que a amargura dele estava dando ar para aquele sentimento bonito e puro que o movia, o que fazia ainda tão mais especial quanto as outras pessoas.

E, com a ideia de ter aquele Frank de volta o tanto quanto antes, percebi que havia esquecido algo crucial. Algo que havia sido ofuscado pela minha viagem, pelo nascimento da filha de Mikey e por toda aquela onda de confusão que me fez esquecer que eu havia algo bastante impactante e... Eu diria amoroso? Talvez, talvez fosse um dos meus atos gentis.

Surrender The Night || Frerard versionOnde histórias criam vida. Descubra agora