Minha primeira reação ao acordar foi de saltar da cama e recolher todas as minhas roupas em um desespero fora do comum. Vesti a boxer e a camisa na velocidade da luz, notando as peças escuras mais largas em meu corpo (eu estava emagrecendo ainda mais) e encarei a cama diante de mim com certo desespero no olhar.
Eu não estava na casa de Mikey e aquele era um dos motéis mais baratos que eu já vi na vida. A parede azul estava descascando em alguns pontos; não havia cortinas no quarto e a luz solar queimava um tanto os meus olhos, ainda sensíveis por recém acordar; o piso era de uma madeira quase em decomposição e eu tinha que tomar cuidado ao caminhar ou me mover, pois alguns pedaços do piso moviam sob meus pés... E, por fim, o quarto era extremamente quente, provavelmente pelo ventilador que pendia do teto, quase despencando sobre a minha cabeça, me deixando ainda mais assustado com tal cena tenebrosa.
Como eu havia parado ali?
Bom, a resposta estava sobre a cama, completamente nu e com o corpo bem definido brilhando sob a luminosidade do quarto, que, por sinal, tinha cheiro de mofo também. Talvez o cara fosse bonito, talvez não... Eu nem queria saber... Só queria sair dali o quanto antes, caso a criatura se levantasse e começasse a falar demais, eu não sabia lidar com aquele lance de "after sex", então era melhor vazar o mais rápido possível. E eu, sempre tão tagarela, não estava nem um pouco interessado em escutar e me deparar com o que eu havia arranjado para aquela noite.
A jeans não era mais justa em meu corpo e eu precisava do meu cinto cor de rosa, mais velho do que os tênis que usava, para sustentá-la em meu quadril... Então, passei a procurá-lo, ainda mais incomodado com o ranger do piso, até encontrá-lo largado quase em baixo da cama, o que me fez encaixá-lo na calça rapidamente, assim que o peguei.
Devidamente vestido, procurei minha carteira no bolso frontal da calça e, dali, retirei algumas notas, deixando o suficiente para pagar um táxi para o rapaz, tendo quase certeza de que deixei o quarto pago antes de adentrá-lo, com uma quantidade exorbitante de dólares, já que boa parte da minha carteira estava vazia. Era bom ter dinheiro, era bom poder gastá-lo, mas não daquela forma inconsequente. Bom, no fundo, longe da casca de "Eu não ligo, sou Frank Iero da Leathermouth", eu sempre seria o Frank bobinho e preocupado com todos. Até com um indivíduo desconhecido que eu havia fodido na noite anterior.
Eu também estava me tornando aquele outro cara: o que fazia sexo só por prazer e por uma pseudo-necessidade de me afirmar sexualmente ativo, enquanto eu estava completamente desesperado para saciar a minha vontade de... Bem, levar na bunda. O que era total verdade, até porque eu não havia me atrevido a ser passivo com qualquer outra pessoa. Para mim, não fazia sentido e eu poderia morrer frígido e sozinho em uma casa gigante e cheio de cachorros, mas a minha bunda sabia muito bem quem era o seu dono.
Que seja. Bancar o ativo não era lá a melhor coisa do mundo para mim desde então, o que me fazia viver com aquela cara amarrada a cada noite recheada de um sexo que não era nem um pouco agradável. E foi assim, irritado, que eu saí daquele quarto e me deparei com a vida que eu tinha que enfrentar.
Alicia deveria estar desesperada atrás de mim, desde que Mikey já não mais se importava com os meus sumiços. Chequei meu celular e... Dito e feito. Mensagens e ligações da minha grávida favorita pipocaram na tela do aparelho, antes de eu deixá-lo de lado e levá-lo ao bolso da calça novamente. Eu sei, completamente errado sair no meio da noite só para ir para um bar, cheirar um pouco e levar um cara para cama, mas, entenda... Eu precisava me drogar. Ou eu enlouqueceria com aquelas lembranças novamente. Por mais que fosse em vão. Por mais que elas me azucrinassem cada vez mais.
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Surrender The Night || Frerard version
Fanfiction[Continuação de Burn Bright] " O amor nunca acaba. Não quando é real e nós dois sabemos o quanto foi. Nós vivemos, nós crescemos, nós morremos e ele continua ali, firme e forte. Vivo, incandescente e vibrando, mandando aquele incessante "É ele, é e...