50 - Bert

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- Eu deveria pegar a história de vocês dois, escrever um Best Seller e sentar em uma pilha de dinheiro às custas de tanto drama. – Talvez eu tenha assustado Gerard um tanto, quando então surgi, me jogando na cadeira em frente a dele, naquela mesa da cafeteria do hospital. Não havia sido difícil encontrá-lo, quando adentrei aquele local à céu aberto, no fim da tarde daquele dia conturbado, avistando de imediato seus cabelos vermelhos e seu ar gótico alternativo ao longe, beirando a melancolia. Algo em meu sensor de melhor amigo de toda a galáxia me fez correr até ali e abordá-lo de forma despretensiosa, a fim de ver o que a conversa com Frank havia resultado. – Como foi a coisa toda? Achei que vocês fossem fazer um barraco daqueles, tipo a Civil War, sabe? Mas... Você me parece bem. – O que era verdade, Gerard parecia... Okay.

Estava com aquela enorme xícara de café diante de si, já no final, um humor que exalava ainda um pouco de tristeza, mas havia uma calma em suas feições, que me dizia que as coisas haviam se saído melhor do que eu havia julgado. Então ele e Frank eram capazes de ter uma conversa civilizada a respeito daquilo? É, e eu julgando os dois por aí, cogitando que teríamos que passar por todo o drama de uma nova separação novamente.

Mas Gerard estava ali, mexendo no celular, erguendo o olhar em minha direção, em algo que parecia semelhante a um início de conversa. Parte de mim acreditava que ele continuaria mudo e irritado comigo e com os outros, continuamente desviando o olhar e fingindo que o ar londrino era mais importante do que a minha ilustre presença, quando Gerard guardou o celular no bolso interno da jaqueta e finalmente falou. Resumidamente, claro, mas como se não tivesse quase me matado em Paris, quando descobriu todo o dramalhão mexicano que girava ao redor de Frank e seu vício.

- Eu disse algumas coisas a ele, o suficiente para fazê-lo pensar, então acho que estamos bem. Acredito que Frank não vá cometer os mesmos erros que eu... Ele está tendo a oportunidade que eu não tive... Todo o apoio que eu neguei. Se eu tivesse um Frank comigo, quando era mais novo, definitivamente não passaria pelo o quê eu passei. – O acompanhei levar a xícara para boca e o encarei com ainda total expectativa para que continuasse a falar, o que não demorou muito. Assim que meu amigo gordo deixou a xícara vazia sobre a mesa, ele não hesitou em continuar a relatar o que haviam debatido. – Achei que eu fosse precisar sacudi-lo ou algo assim, acreditei que Frank fosse como eu, mas... Ainda que ele tenha escondido tudo e não busque ajuda direta, ele... Foi duro vê-lo chorar e tão arrependido. Nunca tinha visto Frank chorar tanto... Parecia que eu tinha morrido na frente dele... Ele estava com tanto medo, sabe? Eu conseguia ver nos olhos dele, parecia tão indefeso... – Eu não me importei em cortá-lo, acertando um breve tapa sobre a mesa, para ganhar sua atenção e interromper um pouco aquele discurso sobre o quão fofo e inocente Frank era quando abria o berreiro. Até eu caía naqueles olhos chorões, por mais que ele fosse culpado... Era impossível não sentir pena de Frank por simplesmente saber que ele não fazia absolutamente nada de propósito e bastava só olhar para ele para lê-lo e querer amparar aquele anão idiota.

- Bom, se eu tivesse me chapado e escondido do meu namorado por meses, eu com certeza iria abrir o berreiro e meu cu ia trincar muito sério. – Meus comentários não eram os melhores e eu tinha cada vez mais certeza do quão idiotas eles poderiam ser, quando Gerard semicerrava seus olhos e quase avançava sobre mim, quando eu o interrompia daquela forma. – Frank não fez de propósito, é fácil de ver isso... Só sei que é mesmo difícil que você compreenda e amorteça esse baque de uma só vez. O tempo vai ajudar, Gerard... O nosso Frank só vai precisar de todo o apoio do mundo, como você disse... Principalmente o seu. De resto, nós sabemos que ele vai superar isso. Ele se faz de donzela da Disney, mas ele aguenta mais a barra do que nós dois juntos. – Gerard concordou com a cabeça, postando-se de pé e eu o imitei, mesmo que minha vontade fosse ficar ali, sentado e pedir uma boa dose de café. Afinal, eu havia passado dias dormindo inapropriadamente, mal conseguindo pregar os olhos, morrendo de medo de receber alguma ligação no meio da noite que iria me dar pesadelos sobre meu melhor amigo morrendo ou algo do gênero. – Nós vamos aonde?

Surrender The Night || Frerard versionOnde histórias criam vida. Descubra agora