- Você esqueceu de comprar café, Gee... – Senti aquele corpo macio se ondular sobre o meu e, ainda de olhos fechados, o envolvi com ambos os braços, os dedos tateando a cintura do rapaz, conforme eu imaginava aquela pele ligeiramente amorenada sob a ponta dos mesmos, eriçando-se a cada sutil toque.Tracejei as tatuagens de sua lombar, sem nem ao menos abrir meus olhos... Eu conhecia cada linha tão bem, que eu podia sentir meus dedos serem como pincéis sobre aquela pele. Delicadamente delineando cada desenho que eu sabia de cor... Cada traço escuro e colorido, tomando um rumo até sua nuca, onde eu sabia que ali havia uma abóbora desenhada, até voltar a descer e roçar as unhas por onde ele tinha aquelas duas armas tatuadas e que tantas vezes já mordi, lambi e marquei sobre os traços definitivos.
Frank sempre seria um sonho... O meu sonho bom, o meu menino sempre grudado em mim, como naquela manhã que tinha tudo para ser fria e tediosa (e, no fundo, era). O meu raio de sol, a minha luz e o único que irradiaria sempre aquela onda de felicidade, quando um novo dia se iniciava. Tomado por aquele breve ânimo, eu guiei meus lábios sobre o corpo bem encaixado ao meu. Seminu, quente e que se roçava contra minha pele... Uma tentação ambulante, eu diria.
Firmei meus lábios em beijos sobre o seu pescoço, afundando meu rosto ali e, sem nem sequer abrir meus olhos, podendo acreditar fielmente que sugava a tatuagem de escorpião que eu tanto apreciava. Deslizei a língua pelo contorno, escutando aquele gemido mais fino, que logo me fez parar. Aquele tom não era de Frank, aquela voz mais infantil não era dele, embora ele fosse muito bom ao fazer uma imitação ridícula de alguma criança pidona quando queria alguma coisa. Aliás, ele era muito bom.
Era.
Aos poucos, entreabri meus olhos e me deparei com aquela pele pálida quase desconhecida e lisa, sem nenhum traço escuro a adornando. Meu rosto estava rente aos fios loiros claríssimos e inalando sua colônia cítrica que me fez despertar e reparar o quanto eu me enjoava com aquele cheiro tão perto e não consegui acreditar como não havia reparado antes.
Aquele não era Frank. Nem em um milhão de anos seria. O corpo não era tão esguio e sinuoso como o dele, meus dedos não se moldavam à sua cintura e o corpo não era tão quente e delicioso, não era bom de apertar, não fazia meu corpo perder o juízo quando eu afundava meus dedos em sua pele e arrastava minhas unhas. A voz era mais fina que a dele, não tinha toda aquela sexualidade tão explícita e o sorriso... Ah merda, eu não aguentava mais comparar e não iria, ou eu acabaria sumindo daquele apartamento e indo atrás de Frank, onde quer que ele esteja. O rapaz era comum, tão pálido quanto eu e a ausência de desenhos na pele do meu parceiro era aterrorizante. Fazia-me perceber que o buraco que eu estava tentando tapar, nunca seria perfeitamente preenchido.
Contrariado, tentei me conter, retirando uma das mãos de sua lombar, enquanto a outra ainda o segurava ali, já que o garoto parecia bastante entretido em me beijar o pescoço e ofegar ali, tentando me arrancar alguma reação. Mas eu não conseguiria, já havia tido minha cota na noite anterior. Sem falar que, acordar e não me deparar com o meu sonho real era um balde de água fria para mim. Tentei deixar minha imaginação tomar asas, mas era impossível... Eu já havia caído naquela realidade que acabava comigo pouco a pouco. A minha vida sem Frank Anthony Thomas Iero Jr.
O meu pesadelo.
Os meus dias obscuros e sem o menor sentido. Dias em que eu me arrastava e tentava ser alguém melhor, embora eu estivesse me tornando, claramente, alguém ainda mais perdido e desorientado como antes. Certo... Não tão desenfreado assim, mas, talvez meus atos tivessem um fundo de verdade, um motivo em especial, e todos eles levariam a uma só pessoa. Àquele pequeno garoto que saiu de meu apartamento e me arrebatou de todas as formas possíveis. Agora, eu era um nada... Alguém que se arrastava por aí, talvez ainda pior do que um dia eu já fui. Longe do certinho, longe das manias... Mas imerso em saudade, em necessidade... Em vontades que eu talvez eu não pudesse suprir tão cedo.
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Surrender The Night || Frerard version
Fanfic[Continuação de Burn Bright] " O amor nunca acaba. Não quando é real e nós dois sabemos o quanto foi. Nós vivemos, nós crescemos, nós morremos e ele continua ali, firme e forte. Vivo, incandescente e vibrando, mandando aquele incessante "É ele, é e...