- Você não podia ter usado aquela calça justa, todo mundo olhou pras suas coxas, acho um absurdo ter que dividir isso tudo comigo. – Frank acertou um tapa em minha coxa, assim que todo mundo saiu do ônibus da Leathermouth e nós dois nos esparramamos naquele sofá confortável do andar inferior. Encarávamos a TV posta contra um dos cantos do ônibus, um pouco mais ao alto, firmada pelo suporte na parede, onde a nossa mais recente entrevista havia recém começado.
Certo, devo começar por partes. Aquela semana estava mais movimentada do que nunca, eu estava até com pouco tempo para vê-lo e o único momento, após aquele pedido público de namoro, aquele poço de coragem em que me afundei com o maior prazer do mundo, em que tive para vê-lo mais do que algumas horas (além daquele momento no ônibus da banda), havia sido naquela entrevista em questão. Bom, eu disse que iria por partes, então, vamos lá.
Após aquela coletiva, falar tão abertamente de algo que eu antes tinha medo, de me sentir revigorado e quase largar toda a coletiva para agarrar Frank na frente de todo mundo, nós dois precisávamos ir para sua casa. E foi o que fizemos, assim que eu finalizei uma longa sessão de fotos com o elenco, e até mesmo com ele, sabendo que não aguentaríamos muito sem a nossa euforia de sempre. Eu o queria grudado em mim, e vice e versa, na ânsia de nos amarmos e de mostrar isso apenas um para o outro. O mundo já sabia, iriam falar a cada canto do país durante dias... O que mais me preocuparia, não é mesmo?!
Aliás, eu só me preocupava em amá-lo no chão da sua sala diversas vezes seguidas, sorrisos nos lábios, mãos viajando por nossos corpos e nossos batimentos quase fazendo com que desfalecêssemos um em cima do outro, mortos e vivos de tanto amor. Eu podia ficar recluso ali, agarrado a ele, mas havia um mundo lá fora, aquele mundo que eu não mais temia e que sabia que eu não tinha mais nada a esconder. Assim, o começo da semana me fez cair na nova realidade onde nós estávamos de volta, mas ambos estavam sem tempo para curtir o nosso relacionamento de sempre... Grudados, para lá e para cá. Frank pendurado em mim e eu o olhando de perto, observando-o fazer sua música.
Eu queria isso tudo, queria ficar colado a ele, ao que ele ia para a gravadora e fechava os últimos detalhes do photoshoot do CD, capa, toda a parte gráfica, e ajudava Zacky a decidir detalhes da nova turnê, mas eu precisava divulgar o meu trabalho, assim como ele. Talvez, a distância não era de todo algo ruim. Talvez era o que havíamos precisado desde o começo tão dependente que tivemos. Ele, trabalhando, imerso em suas coisas e eu, igualmente ocupado, o encontrando apenas no fim do dia, para tomarmos uma cerveja no bar da esquina, como foi naquela segunda-feira, ou assistir a algum filme, agarrado a ele, como na terça.
Ou na quarta, quando eu quase o convenci de ir para meu apartamento por uma noite, quando havíamos recém terminado de gravar a entrevista para aquele famoso canal de música (a respeito de seu CD, de sua participação na trilha do filme, do meu filme e, claro, nosso relacionamento), e ele negou (Frank obviamente tinha péssimas memórias a respeito disso e eu não me importava de ficarmos em seu loft) e passarmos a noite no corredor do nosso andar, comendo doces e rindo (Até que eu reclamasse que aqueles cupcakes que havíamos comprado estavam me causando certo mal estar, aquela queimação desagradável me incomodando de forma temporariamente habitual)... E rindo, pois meu irmão nos havia convidado para sua despedida de solteiro na noite seguinte. Aliás, Mikey casaria no fim do mês, em algo que ele estava respirando mais do que nunca, organizando, ou melhor, fingindo que organizava toda a cerimônia, enquanto Alicia dava ordens vinte e quatro horas por dia, gritando com tudo e com todos, pois queria um casamento simples, porém impecável.
Ou na quinta, quando fomos a tal festa, em um bar mais ousado (aquilo definitivamente era fruto do Bert, que parecia um tanto quanto próximo de Mikey por claramente não ter Frank e eu para perturbar), nos sentindo um tanto quanto deslocados por ter que assistir aquela quantidade absurda de mulheres fazendo strip-tease, até Alicia ligar, aos berros, pedindo para que voltássemos para casa, pois ela sabia em que tipo de lugar estávamos. E todos nós, (Desde Ray, Bob, alguns amigos de Mikey, Frank, Bert, Quinn, alguns amigos de Bert... Até Adam, que sabia muito bem ficar quieto em um canto, sendo prontamente ignorado por mim e por Frank) tivemos de seguir para a casa de meu irmão e passarmos a noite ali, recebendo aquela bronca de Alicia, tão irritada como nunca, até mesmo brigando com Frank, que tentava controla-la.
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Surrender The Night || Frerard version
Fanfiction[Continuação de Burn Bright] " O amor nunca acaba. Não quando é real e nós dois sabemos o quanto foi. Nós vivemos, nós crescemos, nós morremos e ele continua ali, firme e forte. Vivo, incandescente e vibrando, mandando aquele incessante "É ele, é e...