- Gerard é louco. Eu nunca vou entender o que se passa na cabeça daquele gordo descontrolado, nunca. – Mikey largou a case com o baixo na cadeira ao lado da qual eu estava sentado, conforme eu encarava seu reflexo através do espelho enorme diante de mim, no apertado camarim que eu e meu melhor amigo magrelo havíamos dividido naquela noite.
Meu amigo parecia realmente incomodado com aquela roupa mais social e diferente (a ideia havia sido de Zacky, com o intuito de chamar atenção para um visual mais sombrio e, ao mesmo tempo, impecável), mas não tanto quanto eu, ao tirar a gravata de forma irritada e entreabrir os lábios para provavelmente reclamar do irmão desgraçado mais uma vez. E, antes que realmente o fizesse e provocasse a sua morte prematura, eu o interrompi em um tom bastante ríspido.
- Não fale o nome daquele crápula e me deixe sozinho. – Grunhi, apoiando meus cotovelos sobre a mesa amadeirada diante do espelho reluzente, respirando fundo e tentando colocar meus pensamentos em ordem, o que eu sabia ser impossível e ainda me sentia um idiota por teimar em fazê-lo depois de tantos dias imerso em um desespero que eu praticamente escondia até de mim mesmo. "Não seja grosso, Frank, mas eu vou respeitar o seu surto por causa daquele descompensado", Mikey resmungou rapidamente, enquanto eu ainda evitava fitá-lo. Há uma semana, eu buscava respostas para o que estava acontecendo, há uma semana eu tentava fingir que estava tudo muito bem comigo e que eu não sofria como um condenado... Há uma semana eu tentava entender o que Gerard Way queria de mim.
O delicado clique da porta sendo fechada denunciou que Mikey continuaria sendo um amigo exemplar e não iria me importunar enquanto eu estivesse naquele estado, ele tinha plena noção de que eu estava em um estado mental alarmante. Aquela compreensão de Mikey provinha do meu comportamento ao longo daquela semana, onde eu pouco havia saído de sua casa, em alguma espécie de medo de encontrar Gerard na esquina, na padaria, no mercado, no banco ou algo assim... Mesmo que ele morasse um tanto quanto longe daquele bairro residencial. Pois eu me sentia incapaz de adivinhar qual seria a minha posição diante dele de novo.
Eu achei que fosse enlouquecer, quando Gerard decidiu abandonar a casa de Mikey naquele dia, da mesma forma que chegou. Que eu fosse cheirar todo o pó do mundo assim que tivesse a primeira oportunidade, quando percebi que... Eu estava calmo. Eu estava ridiculamente calmo, assim que Gerard foi embora e levou consigo toda a confusão, toda a irritação que ele me fez passar naqueles reles minutos. Quando ele estava por perto, havia sido diferente, havia sido o caos completo. Eu havia enlouquecido dentro da minha cabeça e achei que fosse ter um colapso dos mais graves diante dele. Eu achei que eu fosse desmoronar e isso foi nada comparado aos dias em que passei em completa depressão. Havia sido pior, infinitas vezes pior.
Meu corpo queimava só de lembrar como eu me vi avançando sobre ele assim que vi Gerard largado naquele sofá, tão sexy... Tão... Tão... Ah, porra. Ele deveria ser proibido de utilizar aquela porra toda.
Ele vestia aquelas roupas de propósito, mexia nos cabelos sabendo que eu queria tocá-los, puxá-los e trazê-lo para mim através destes, para viajar em todo aquele corpo da forma mais pecaminosa possível. Fumava, levava o cigarro para entre os lábios finos e apetitosos com uma calma ridícula, que me fazia imaginar e relembrar momentos que eu lutava para esquecer diariamente. E estava lá, tudo sendo jogado sobre mim, como uma avalanche nostálgica de sentimentos que eu sofria arduamente para enterrar durante meses e que haviam ressurgido de uma só vez. Que estamparam na minha cara que eu era um fraco, que não sabia me segurar diante dele e agia como uma bichinha descontrolada. Que eu era aquele viadinho completamente apaixonado ontem, hoje e sempre.
Ora, Frank, era exatamente isso o que você se tornava diante de Gerard Way.
E o desgraçado sabia como ser um filho da puta de primeira e me desarmar, como eu nunca talvez fosse imaginar que seria capaz um dia, devido ao seu histórico de falta de coragem e inquietação com todas aquelas minhas investidas descaradas no passado.
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Surrender The Night || Frerard version
Fanfiction[Continuação de Burn Bright] " O amor nunca acaba. Não quando é real e nós dois sabemos o quanto foi. Nós vivemos, nós crescemos, nós morremos e ele continua ali, firme e forte. Vivo, incandescente e vibrando, mandando aquele incessante "É ele, é e...