Mikey encarava o rapaz de cabelo estranho diante de si. Os fios vermelhos eram claramente mal pintados e mal tratados, arrepiados de qualquer forma. Porém, bem no fundo, parecia funcionar com o rosto jovial de Frank. E o Way mais novo o observava com a minúcia de um detetive, tentando entender como haviam se tornado amigos tão próximos em apenas uma semana de convívio.
Em todo o mundo, existem vários tipos de amigos... É o que a gente aprende ao longo da vida e é o que faz com que classifiquemos alguns deles, mesmo que subconscientemente. Existem aqueles que estão sempre ao seu lado, ou os mais irritados, preguiçosos e mais verdadeiros... E existia Frank.
Para Mikey, ele era aquela pessoa que encaixava em todos os seus pré-requisitos estranho de melhor amigo e que, desde 1997 (quando Mikey criou a lista mentalmente), ninguém nunca havia se encaixado. Mas Frank era o cara perfeito para o "cargo" e agora Mikey estava achando que o mais novo amigo parecia igualmente se encaixar em outro papel. No momento, isso era assunto para depois.
Frank era complicado e isso se encaixava com a "normalidade" de Mikey, que sempre foi o cara que gostava de dar soluções aos problemas. E cheio deles, Frank se tornou um prato cheio para os monólogos do rapaz magrelo sobre como a vida poderia ser diferente. Iero não se importava muito, ele até gostava. Por mais que Frank falasse muito, ele havia recém descoberto que gostava de ouvir o mais novo melhor amigo falar por horas sobre bandas desconhecidas ou sobre como os cabelos vermelhos dele precisavam ser hidratados com urgência, caso quisesse ser alguém decente na faculdade.
No fundo, nenhum dos dois queria "ser alguém". Só queriam ser Frank e Mikey e isso bastava. E perceberam isso no primeiro minuto em que se esbarraram no primeiro dia de aula no instituto de artes e música.
Frank havia recém arranjado um emprego em uma locadora próxima de onde morava com o primo e, movido por seu sonho, finalmente percebeu que tinha uma oportunidade de começar a faculdade que tanto queria. Não era só o desejo de ter uma banda, mas ele amava música em si, viajava em letras e acordes e tinha plena certeza de que seu destino estava escrito em uma tablatura, entoando um hino rock'n roll super emocionante.
Frank estava certo.
Não entrou na faculdade acreditando que seria a oportunidade de ser extremamente popular e conhecer um bando de gente. Talvez, por isso, tenha encontrado Mikey em uma rápida ida à biblioteca do prédio, onde queria se refugiar par descansar a mente e fugir de um grupinho de músicos que pagavam de indies interessantes.
O destino se encarregou de fazê-lo esbarrar no rapaz alto e estranho, que havia se atrasado para a primeira aula e zanzava os corredores, perdido, até lhe informarem que havia um mapa das salas no corredor da biblioteca. Foi quando virou algumas esquinas aqui e ali e colidiu com alguém pequeno o suficiente para ser seu irmão caçula. O que, nas atuais circunstâncias, não seria tão legal. Mikey definitivamente não queria que Frank e Gerard tivesse algum vínculo que não fosse... Enfim.
Mikey não tinha muita noção do que estava prestes a acontecer, mas parte de si sorriu para o futuro amigo, resmungando um pedido de desculpas, antes de começarem a surtar sobre a camisa de Frank, uma das clássicas do Misfits, e descobrirem gostos musicais favoritos. E tantas outras coisas que repartiam juntos, criando aquela empatia instantânea e que fez com que ambos se sentissem compreendidos.
Mikey nunca tivera aquilo na vida... O irmão foi ausente por um bom tempo, os meninos do colégio caçoavam dele e de seus óculos estranhos e, desde então, Mikey se tornou aquele rapaz solitário. E Frank... Frank falava sozinho, como há minutos antes de esbarrar em Mikey, e a cada dia naquela cidade nova, percebia que não mais precisava manter aqueles hábitos. Ele tinha para quem falar suas besteiras, arrancar risadas e desabafar. Agora, ele não tinha só Bert, o amigo estranho que havia esbarrado naquela noite do bar, mas também tinha Mikey, um cara que era cheio da grana, mas que pouco se fodia para o dinheiro e o nome de sua família. Alguém simples, que havia enfrentado o pai para fazer música. E Frank imediatamente sentiu que queria ser amigo de alguém assim.
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Surrender The Night || Frerard version
Fanfiction[Continuação de Burn Bright] " O amor nunca acaba. Não quando é real e nós dois sabemos o quanto foi. Nós vivemos, nós crescemos, nós morremos e ele continua ali, firme e forte. Vivo, incandescente e vibrando, mandando aquele incessante "É ele, é e...