37 - Gerard

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- Bert acabou de ligar e disse que... Abre aspas... Você é uma puta que não conta as coisas pra ele, mas que te perdoa por ter finalmente voltado a dar a bunda e ter reatado comigo... Fecha aspas. – Anunciei, assim que o escutei descer as escadas, resmungando de dores como uma criancinha manhosa, enquanto estava muito longe disso durante toda a noite maravilhosamente mal dormida que tivemos. – Não sabia se podia falar, mas sabe como o Bert é... Ele precisa saber das coisas. – O encarei adentrar a cozinha ainda nu, assim como eu me encontrava, naquela naturalidade de sempre, como havia ocorrido ao longo de toda a noite onde nos atracamos por quase todos os cômodos possíveis de seu apartamento.

E quanto a este... Era exatamente como eu imaginava ser. Excêntrico, cheio de coisas, com aquela decoração peculiar e que gritava "Frank" a cada cômodo que eu entrava (menos o outro pequeno quarto do andar superior, onde eu havia sido proibido de entrar por ele, talvez era onde jogava toda a sua bagunça e eu não me atrevi a desobedece-lo) e eu sorri ao reconhecer que ele havia construído um espaço só seu. A saudade de tê-lo em meu apartamento era clara, mas o orgulho era ainda maior por vê-lo ali, com algo só dele, comprado com o dinheiro que havia ganhado com o que mais gostava de fazer.

Era ainda mais atordoante por tudo ter o cheiro dele, o quarto, além de Frank e de sua cama, me fazendo enlouquecer com aquele aroma. Se pudesse, por ali ficava, até sabe-se lá quando vivendo os frutos daquela noite. E que noite! O sorriso constante em meus lábios, desde que acordei, naquele fim de manhã (mesmo sentindo-me ligeiramente enjoado pela manhã - provavelmente por ter pouco comido no dia anterior), com Frank sobre mim e seu rosto colado ao meu pescoço, era a prova de que não havia homem mais satisfeito no mundo que não fosse eu. E ele, claro, pois ele simplesmente não me deu descanso algum.

Quando o deixei completamente sem ar no chão da sala, depois de todo aquele ato maravilhoso em seu sofá, Frank me fez leva-lo para seu quarto, emaranhado em meus braços e sendo promíscuo em falar mais algumas boas putarias para mim, antes de voltar a me atacar em sua cama, mal dando-me tempo de descansar. E como se não bastasse, quando propus que tomássemos um banho após a terceira vez com que Frank me ganhou com seu quadril, ele conseguiu a quarta, quase me fazendo cair com seu corpo no box de seu banheiro. E eu já estava mais do que satisfeito, na manhã vigente, o corpo cansado, quando acordei com sua mão inquieta percorrendo meu abdômen... E lá estávamos partindo para o quinto round em menos de um dia naquele apartamento.

Após outro banho, me desvencilhar dele e receber Sparkie pulando sobre a cama, o ocupando, consegui caminhar pelo apartamento com mais calma, descobrindo aquela caixa secreta onde guardava tudo aquilo que um dia havia lhe dado, a câmera em um ponto de seu quarto, no móvel ao lado da cama, e o quarto ao lado do banheiro, no andar inferior, onde, assim como eu, Frank havia feito um estúdio para si, simples, apenas com seus amplificadores, guitarras e violão. E antes que ele voltasse a grudar em mim, tratei de fazer aquela breve ligação para o restaurante no fim da rua, pedindo uma boa refeição para nós dois, até desligar o aparelho e precisar atende-lo novamente, quando Bert me ligou e iniciou aquele enorme discurso sobre como deveríamos ter contado tudo para ele antes de todo mundo.

Após bons minutos tentando convencê-lo de que não havia sido por querer, McCracken se deu conta de que eu precisava ficar com Frank e simplesmente desligou, sem mais nem menos, o que não me preocupou. Havia me livrado de Bert e estava ali, na cozinha, como se estivesse em meu próprio apartamento, cuidando de Sparkie, a cachorrinha que vivia faminta, pelo que me parecia, enquanto esperava que o porteiro anunciasse a chegada de nossa comida ou Frank descesse.

Surrender The Night || Frerard versionOnde histórias criam vida. Descubra agora