16 - Frank

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- Você não pode matar o... Fun Ghoul. Não é isso o que a revistinha diz! – Sam apontou, mostrando claramente o quão inteligente e óbvia ela poderia ser, assim que eu terminei de ler a HQ que tinha em mãos, a fechando com um tanto de força. E, acredite, ter que ler uma simples história em quadrinhos, entoando e modificando a voz de acordo com as falas, a pedido da pequena menina, era a coisa mais exaustiva do mundo. E o pior? Aquela merda era a HQ de Gerard.

- Eu posso, posso sim... É legal ser criativo e inventar finais diferentes... Essa tática se chama final alternativo e eu acabei de criar o meu, pois não gostei do fim da história. – Gesticulei, pacientemente, com a revistinha em uma das mãos, logo a apoiando em meu colo, conforme observava Sam se espreguiçar no sofá/minha cama na casa de Mikey.

Eu podia ter simplesmente dito que o personagem, completamente baseado em mim, havia se perdido, como realmente acontecia, mas eu estava tão irritado com tudo (Tudo = Gerard), que eu precisava descontar em alguma coisa, então que fosse o personagem. Sam e eu estávamos nos dando muito bem para que eu fosse grosso com ela e eu poderia dizer que estava me saindo um tanto quanto suportável naquele lance de ser babá forçadamente, se não fosse por Sam parecer aquele pequeno ser que havia sido mandado pelo inferno para me azucrinar.

Parte daquilo vinha de Mikey, que, naquele instante, estava trancado em seu quarto com Alicia, ajeitando algumas coisas que haviam comprado para o bebê. Meu amigo havia feito Sam passar aquele bom tempo (duas semanas, no total) em minha companhia e eu me via obrigado a passar fins de semana em casa (Só saíamos quando havia algum show da LM ou entrevista a ser feita) e os dias de semana também, cuidando da pequena garota de seis anos de idade que parecia o ser humano mais hiperativo que eu havia conhecido até então. Porque, bom, digamos que Bert sempre seria o primeiro.

Se não formos contar o quanto eu não parava quieto ás vezes, mas isso não é conversa pra agora.

- Mas o Tio Gerard... – E lá vamos nós de novo. – Disse que o Fun mata os draculoids e consegue encontrar o esconderijo do Party Poison. – Eu não resisti em indagar um "Quem diabos é Party Poison?" para a pequena menina ao meu lado, que colocou-se ajoelhada no sofá, em um salto, batendo palmas animadamente. Ótimo, eu sabia que Sam fazia aquilo toda santa vez que queria falar algo que o "Tio Gerard" havia lhe contato de importante. Ou seja, me fazer cortar meus pulsos mentalmente e sangrar até a morte. – Tio Gerard disse que ele não aparece agora, mas que ele é... Namorado do Fun Ghoul!

- Como é que é?! – Minha voz saiu esganiçada e se eu tivesse o mesmo pique que Sam, eu teria em levantado em um salto também, mas me dirigido até a cozinha, em busca da faca mais afiada da casa, pois eu não era obrigado. Não era mesmo. Era ótimo cuidar de Sam, eu estava começando a realmente a gostar da coisa (veja só, eu estava me tornando um adorador de crianças) e o único grande problema era aquele: escutá-la falando do quanto o Tio Gerard era legal e sobre as visitas que ele fazia, das quais eu escapava propositalmente, pagando o papel ridículo de adolescente fugitivo toda vez que eu via o carro de Way parar diante da casa de Mikey.

Já havia fugido pela porta dos fundos, até mesmo pela janela da sala, do quarto de Mikey... Já havia tentado de tudo para não encontrá-lo e, até então, havia surtido efeito. Desde a noite em que detonei seu carro e descobri, da maneira mais ridícula possível, que Gerard distribuía anéis de compromisso por aí para caras que ele nem ao menos conhecida o suficiente e assumia algo sério, eu havia me afastado de tudo. Enquanto eu tinha aquela coisinha de plástico em meu dedo e que... Okay, eu não conseguia esquecer as palavras dele, a significância de tudo, como ele tinha aquele poder de me colocar em uma dúvida mortal a respeito de como agir diante dele e toda a sua ousadia repentina.

Surrender The Night || Frerard versionOnde histórias criam vida. Descubra agora