70 -Iero

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n/a.: Sim, é um capítulo no POV do pai do Frank e, sim, STN está acabando :(




- Frank acabou de ligar, ele te contou as novidades? – perguntei, cautelosamente, guardando o celular no bolso da calça, enquanto escutava a voz de minha esposa vinda da cozinha, preocupada com o tempo que eu havia demorado ali.

- Não, ele não disse nada! – ela realmente gritou, ainda no outro cômodo, enquanto eu traçava aquele caminho mais do que bem conhecido, encontrando Linda ocupada com seus doces e receitas mirabolantes para o Natal. Não teríamos nossos filhos mais velhos por ali, mas Alice e Thomas comiam como um batalhão, então, não me espantei com a quantidade exorbitante de comida que ali havia sobre as bancadas e a enorme mesa. – Ultimamente vocês dois andam de segredinho por aí... Quando vai me contar o que aconteceu de verdade?

Permaneci calado, olhando qualquer ponto da cozinha que me fosse conveniente, apenas para não observar como Linda já parecia detectar todo o rastro de omissão que pairava por minha face. Não é como se eu não houvesse tentado contar todo o episódio de Donald para ela, as tentativas haviam sido extensas e eu já estava começando a dar os primeiros sinais de que havia algo errado e bem obscuro, quando minha esposa começou a ficar mais propensa a me perguntar diariamente se tudo estava bem.

Vez ou outra, eu conseguia fugir, me enfiar debaixo de algum livro muito interessante ou me aproveitar da tagarelice constante de meus filhos, mas pelo olhar que recebi, enquanto ela segurava o enorme facão em uma das mãos, e uma cenoura na outra, eu soube: era o momento de falar, antes que eu fosse o próximo a entrar em contato com aquela lâmina afiada. E, tratando-se de Linda, era algo que não iria demorar a ser executado.

Respirei fundo, suspirei, emiti ruídos estranhos, semelhantes a possíveis resmungos que deveriam querer dizer alguma coisa, em uma sequência deplorável de um nervosismo mais do que evidente. Eu sempre havia sido péssimo em omitir coisas de Linda e, com o passar dos anos, isso foi se enaltecendo. Era só me lançar um daqueles olhares, arquear as sobrancelhas e pigarrear delicadamente, que ela tinha tudo o que queria.

- Donald é pai de Gerard e vem azucrinando a vida do nosso filho por isso, ele acha que Frank está fazendo algum tipo de vingança pessoal... E... – comecei a gesticular, sentindo um pouco de tensão esvair de meus ombros, quando as feições doces de Linda voltaram ao meu campo de visão, menos receosa, mais preocupada em um tom... Okay... Linda não estava nem um pouco surpresa com aquilo. – Você não vai gritar comigo?

- Não. Eu vi Donald no casamento de Michael, eu não sou cega, sabe? Posso estar ficando com um problema leve de astigmatismo, mas eu o vi... E não comentei nada, pois vi como você ficou, sei o quanto aquele homem é um pesadelo em sua vida. Então achei necessário não tocar no assunto, fingir que nada aconteceu... Somei um mais um, fiz algumas anotações mentais e me deparei com toda a situação bem clara. Frank já havia me dito que o sogro implicava com ele e odiava o fato do filho ser gay, tudo passou a ficar ainda mais claro. – eu preciso dizer o quanto amo Linda e toda sua inteligência e perspicácia? Era sempre bom lembrar e diariamente eu me via apaixonado pelo quanto aquela mulher me surpreendia todos os dias. Pelo quanto ela me conhecia e sabia exatamente como lidar em determinadas situações, como com Donald e todo o receio desesperador que eu sentia apenas em lembrar de tudo o que passei, do que passamos, com ele. – Olha, Frank... Donald pode ter essa raiva absurda por você nunca ter correspondido ao que ele sente, mas não acredito que ele seja nocivo. Confie em mim, um homem repleto de ódio pode fazer tudo, mas nunca... Nunca mesmo iria estragar o próprio filho. E isso pode incluir Frank, não é como se aqueles dois não fizessem questão de mostrar que passariam por cima de tudo para serem felizes.

Surrender The Night || Frerard versionOnde histórias criam vida. Descubra agora