O menor sorria.
Os lábios avermelhados ligeiramente entreabertos, em um misto de surpresa e prazer recente, ao ver o homem diante de si, o cigarro pairando entre seus lábios, em um tragar que sempre iria deixar Frank irremediavelmente apaixonado. A fumaça fazia desenhos no ar, desenhos irreconhecíveis, mas que arrancavam o olhar do menor para a espessa fumaça esbranquiçada que saía dentre os lábios do mais velho, que evidentemente sorriu com a distração do rapaz de cabelo bagunçado que tinha entre os braços.
A cama espaçosa era do loft de Gerard, onde ainda viviam depois de um passado não tão sombrio. Um passado cheio de boas memórias e sorrisos como aqueles, como os que trocaram em meio a tanto amor implícito e explícito. Sorrisos que nunca haviam conhecido a mágoa de machucar um ao outro. Sorrisos criados pelo destino perfeito que os envolvera. Cheios de sonhos desde o início, que prontamente se realizavam. Gerard era sempre agradecido por Frank ter aparecido em sua vida. E ele nunca deixaria de demonstrar isso.
Conheceram-se por intermédio do irmão de Gerard. Mikey e Frank se tornaram amigos e companheiros de banda ao ingressarem na faculdade de música juntos e o Way mais novo não precisou de mais do que dois dias para sentenciar: Frank precisava conhecer Gerard. Mikey tinha plena noção das escolhas sexuais do irmão e Gerard precisava de alguém como Frank: cheio de vida, sorridente, sempre com alguma tirada muito boa na ponta da língua e com um senso de caridade que Mikey invejava. Frank não era só bom para o irmão. Ele era um rapaz generoso e de coração puro. E Mikey tinha absoluta certeza de que era difícil achar caras do gênero e, por mais que não soubesse muito de romance homossexual, não demorou mais do que uma semana para agendar um encontro entre os dois.
Frank desconfiava do amigo, por se sentir tão empurrado para cima do irmão do outro, mas resolveu dar uma chance ao tal desenhista de sucesso. Há anos não tinha um relacionamento e a cidade nova pedia por ares interessantes como aquele intrigante rapaz, minuciosamente descrito pelo próprio irmão. E ele poderia começar por aquilo. Por amor. Algo que ele não fazia a menor noção de que poderia encontrar tão subitamente e ser arrebatado com tamanha força.
Gerard também. Sempre foi uma espécie de lobo solitário que preferia passar dias trancado em seu apartamento a sair por aí encontrando pessoas estranhas. Ainda sim, acabou cedendo à vontade do irmão e havia ido àquela cafeteria, no fim de mais um dia exaustivo de trabalho. Segundo Mikey, o tal Frank era novo na cidade, era assumidamente homossexual e possivelmente o ajudaria a enfrentar seus medos e assumir-se de verdade. Então Gerard pensou: por que não?
O encontro quase não aconteceu. Sempre atrasado e cheio de trabalho, Gerard fez Frank esperar mais do que meia hora, mas, se Frank soubesse que encontrá-lo iria lhe trazer tanta felicidade, ele teria esperado Gerard por milhares de anos, se possível. O pequeno rapaz já estava a ponto de ir embora, tendo comprado seu café caramelado favorito, quando o destino o encontrou. Ou melhor, Gerard... Gerard Way esbarrou em Frank Iero para nunca mais deixá-lo.
Frank estava prestes a xingar pelo café derramado em sua camisa recém comprada, mas, ao que ergueu os olhos e encontrou aquele verde-oliva, as palavras sumiram dentre seus lábios. Ele estagnou, ofegou e sorriu, sorriu tão encantado, que Gerard sentiu seu coração vacilar por uma fração de segundos e encontrar no olhar amendoado do rapaz uma razão para bater ainda mais forte. Ainda mais intenso, exatamente como foram desde o início.
A partir dali, não só o amor apareceu, mas tudo ao mesmo tempo. O companheirismo, quando os dois se uniram para mais um café e Gerard se apresentou devidamente, deixando de ser somente "o irmão de Mikey". O carinho, ao que Gerard fez questão de ir a uma loja, após o café, e comprar para Frank uma nova camisa, preta e simples, como o menor pediu, até mesmo ajudando-o a vestir e elogiando as tatuagens. O desejo imediato ao que Way viu a pele desenhada de Iero e Frank sentiu-se estremecer por cada olhar lançado pelo outro, pelas mãos grandes e a pele tão pálida, que contrastava com os olhos esverdeados e os cabelos tão escuros. O entendimento, por passarem horas em meio a uma conversa mais do que animada a respeito de tudo... Gostos, coisas que repudiavam, música, filmes... Não tinham tudo extremamente em comum, mas era suportável, era adorável como gostavam de cada parte que era mostrada um para o outro.
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Surrender The Night || Frerard version
Fanfiction[Continuação de Burn Bright] " O amor nunca acaba. Não quando é real e nós dois sabemos o quanto foi. Nós vivemos, nós crescemos, nós morremos e ele continua ali, firme e forte. Vivo, incandescente e vibrando, mandando aquele incessante "É ele, é e...