5 - Oito anos atrás

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A adolescência é a época da vida em que você começa a descobrir as coisas... As mudanças do corpo, a sua sexualidade e alguns comportamentos mais adultos se manifestam, porém, aquele instinto de responsabilidade ainda não é o dos mais fortes. Ainda faz com que você cometa erros e mais erros, que aja impulsivamente. Logo, quando um adolescente vai a uma festa, é perceptível que essa confusão de hormônios está à flor da pele, o que acaba por triplicar quando essas quase crianças consomem boa quantidade de álcool. E, principalmente, quando resolvem interagir de uma forma mais... Digamos, intensa.

E era assim que Frank se encontrava naquele momento, no meio de seu grupinho pequeno de conhecidos. Aqueles roqueiros que frequentavam com ele as mesmas praças e estabelecimentos de procedência duvidosa em NJ. Não poderiam ser considerados como amigos, mas eram pessoas que o protegiam quando os jogadores de futebol queriam espancá-lo por ser diferente (ainda mais com aquele cabelo quase laranja e o piercing no lábio inferior, que havia recém furado para dar àquele momento específico, aquela noite, todo um toque especial). O grupo deveria ser unido até mesmo fora do colégio. Eram as "regras" impostas superficialmente, mesmo que pouco conversassem e soubessem das vidas uns dos outros.

E, naquele local, estavam todos na mesma situação: juntando os trocados das mesadas para conseguir comprar uma bebida mais forte e que causasse aquela sensação que os faziam rir de maneira exagerada, que lhes dessem coragem. Embora, para Frank, não mais fosse preciso beber, fumar ou ficar em cima do muro... Ele era o mais corajoso dali, ele tinha certeza.

Aquilo era viver, para eles... Aquilo era ser alguém, fugir dos problemas. Fugir dos medos... Dos grandalhões que teriam que enfrentar na segunda-feira de manhã. Aquilo era uma válvula de escape.

A garrafa de vodka pertencente ao seu grupo já estava quase no fim e Frank ainda tinha uma boa quantidade em seu copo de plástico vermelho, os olhos já estavam embaçados e ele constantemente lambia os lábios, por senti-los secos e naquele leve incômodo da bebida, a qual nem mais sentia descer ardendo, como nos primeiros copos.

Seus olhos acabaram por esquadrinhar aquele local escuro e com aquela música ensurdecedora do Iron Maiden, que ele igualmente gostava, pois assim ele não precisava puxar assunto com ninguém daquele grupinho e poderia dar mais atenção ao seu plano.

Beijar alguém pela primeira vez.

Ele se sentia nervoso e inseguro, como qualquer adolescente, até mesmo por Frank ter ideia de que havia perdido uma boa quantidade de peso, parecia mais atrativo às pessoas e as suas camisetas não eram mais aquelas folgadas, podia usar um modelo de tamanho normal, e o fazia se sentir menos esquisito perante aquelas pessoas ainda mais esquisitas. Por mais que seu cabelo laranja fosse quase ponto de referência em meio àquela massa de vultos negros.

Os dedos pequenos, ainda livres de tatuagens, levaram o cigarro sobre os lábios e, mais uma vez, o pequeno examinou o local, tentando localizar naquela pequena multidão alguém que estivesse olhando pra ele. E, de fato, ele o encontrou, alguns segundos depois.

Aquela noite marcaria a sua vida, aliás, um episódio bem curioso desta.

Frank recostou-se contra a bancada do bar, onde ele e seus conhecidos estavam, e passou a tomar um tanto mais daquela vodka, para que aquele momento pudesse ocorrer com a maior "naturalidade" possível. Ele não fazia a menor ideia de como "paquerar", de como agir, ainda mais diante de outro cara.

Porque, afinal, ele tinha absoluta certeza de qual era a sua sexualidade, desde que havia percebido que passava muito tempo encarando as bundas e pênis dos rapazes no chuveiro da educação física, do que dava atenção para as meninas que pareciam andar com saias cada vez mais curtas pelos corredores do colégio.

Surrender The Night || Frerard versionOnde histórias criam vida. Descubra agora