8 - Gerard

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 Há dois dias eu frequentava a casa de Mikey. Era algo que eu não fazia há um bom tempo, mas eu tinha os meus motivos. Aliás, era uma lista muito interessante deles e que me fazia sentir que eu estava indo para um bom caminho. Eu sei, muita informação e é melhor ir por partes, antes de chegar ao dia fatídico em que voltei a encontrar um pouco de esperança para minha vida, antes julgada tão medíocre.

Parte da minha boa vontade em visitar meu irmão vinha daquela degradável noite em que ele havia me encontrado completamente bêbado, me fazendo ficar extremamente envergonhado, assim que acordei na manhã seguinte, e me deparei com sua expressão nada feliz, ao que me empurrava uma enorme xícara de café forte e remédio para a minha maldita dor de cabeça causada pela ressaca. Eu sabia o que aquilo significava e Mikey não precisou me dar uma bronca completa, para que eu percebesse que eu havia feito a merda do século ao obrigá-lo a vivenciar toda aquela situação novamente. Então, eu decidi que visitá-lo ás vezes e mostrar que eu estava tentando ser um bom irmão, era uma forma de redimir do que fiz. Pois é, até que eu pensava ás vezes.

Assim que Mikey saiu de meu apartamento naquele dia, eu decidi colocar tudo em minha vida de pernas para o ar. Para começar, liberei a produção daquela continuação da minha saga sobre os Killjoys, o que eu estava procrastinando há certo tempo e tinha medo de dar continuidade. O primeiro volume estava pronto, era sobre Frank e eu não tinha a menor vergonha em exibir uma história onde o seu personagem, futuramente, se apaixonaria por uma versão minha de cabelos vermelhos, um personagem misterioso, cheio de frescuras e que quase perdia ele no final. Parte dessa trama viria apenas na segunda HQ, mas era uma coisa que eu estava construindo até mesmo quando ainda estávamos juntos e, bem... A história era minha e eu poderia fazer o que quiser, inclusive me incluir na mesma.

Deal with it.

Com a história em mãos, decidi que era uma boa oportunidade de fazer uma visita a Mikey e, casualmente, entregar a HQ para ele, para que caísse nas mãos de Frank o mais rápido possível. Eu fui direto na dedicatória que escrevi, fui o mais descarado possível, desde que eu precisava ser. Fazia parte do plano que eu havia desenvolvido para ter Frank de volta e era só o começo. O começo de muita coisa que permeava a minha cabeça... Planos, ideias e, até mesmo, loucuras. Mas que eu não me importava de fazer para tê-lo de volta. Nem um pouco.

Frank valia demais para eu bancar o covarde novamente.

Então, eu o avisei, lhe dei a certeza de que daria o meu jeito e que era melhor ele estar preparado, pois eu sabia que ele iria resistir. E que iria resistir muito, mas eu o conhecia bem o suficiente para saber exatamente como atacar. Não era complicado ler Frank, não quando eu era bom em fazê-lo ceder a mim... E com a cabecinha dura dele, com todo o drama que ele provavelmente iria fazer, eu não iria me deixar abater de forma alguma.

Por sorte ou azar do destino, Frank não estava naquele dia em que entreguei a HQ, aparentemente havia desaparecido e eu fiquei quieto, calado por um bom tempo, enquanto Alicia e Mikey começavam a reclamar do quanto ele sumia, das noites em que passava com estranhos e aquilo tudo começando a fazer meu sangue esquentar de tal forma, que precisei fingir que ia ao banheiro, apenas para ofuscar o fato de que eu estava a ponto de bradar a plenos pulmões que achava aquilo um absurdo. Que Frank não deveria sair sozinho toda noite, que achava o cúmulo que ele se encontrasse com estranhos e que já estava começando a imaginá-lo com outros caras por aqui, quando... Bem, eu percebi que também era fruto do que eu havia provocado.

Havia sido eu quem apareceu com outro cara primeiro e ainda por cima em frente a mídia. Eu deixei Frank enfurecido e eu tinha certeza de que o meu baixinho saía por aí, atrás de alguém, assim como eu, para suprir toda a saudade e para me provocar, mesmo que indiretamente. E, da mesma forma que eu não conseguia deixar de esquecê-lo, eu também sabia que Frank não o fazia por completo.

Surrender The Night || Frerard versionOnde histórias criam vida. Descubra agora